O homem que ficou conhecido como “Jihadista John” parecia ser um rapaz londrino normal até o dia em que se transformou no carrasco oficial do Estado Islâmico, executor sem piedade de reféns estrangeiros.
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Mohammed Emwazi nasceu no Kuwait em 17 de agosto de 1988 – tem apenas 27 anos, segundo documento obtido pela Sky News – e cresceu no oeste de Londres, em North Kensington, um bairro próximo a Notting Hill e que não tem nada a ver com os guetos marcados pela radicalização de muitos jovens muçulmanos.
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Emwazi obteve licenciatura em Informática pela Universidade de Westminster e se tornou torcedor do clube de futebol Manchester United. Quem conheceu o rapaz diz que ele era um muito amável e simpático.
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Em compensação, hoje quem cruza com Emwazi na Síria o descreve como “frio, sádico e impiedoso”, nas palavras de um refém do Estado Islâmico.
Emwazi vem de um lar de classe média, tem duas irmãs e um irmão. Seu pai tem uma empresa de táxi, e sua mãe é dona de casa.
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Ele foi para a Síria em 2012, onde ganhou o apelido de “Jihadista John” em alusão a John Lennon e a um grupo de jihadistas britânicos conhecidos como The Beatles.
Com seu característico sotaque inglês, faca na mão e túnica negra que só mostrava seus olhos, o homem lançava suas proclamações antes de cortar a cabeça dos reféns nos vídeos postados pelo EI. Ele foi o executor dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff, dos voluntários britânicos David Haines e Allan Henning e do americano Abdul Rahman Kassig.
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Também apareceu em vídeos com os reféns japoneses Haruna Yukawa e Kenji Goto antes de serem assassinados.
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Jogador de futebol
Em uma ficha escolar encontrada pelo jornal The Sun, ele afirmava: “quero ser o maior jogador de futebol do mundo”.
Um de seus professores na escola secundária Quintin Kynaston o descreveu, falando ao Channel 4, como “um menino inteligente, trabalhador, responsável e tranquilo”.
– Era alguém que sempre buscava a maneira correta de abordar as coisas. Nunca deu indícios de violência – acrescentou.
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Em 2006, quando fez 18 anos, entrou para a Universidade Westminster, onde é lembrado como um jovem educado, que se vestia como ocidental, mas já mostrava os primeiros sinais de religiosidade e ia com frequência à mesquita.
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Assim Qureshi, da CAGE, uma organização que defende os muçulmanos que consideram perseguidos pelas autoridades britânicas, começou a tratar Emwazi depois de uma viagem que ele fez à Tanzânia com dois amigos de infância, em 2009.
A viagem para um safári durou um dia, segundo eles. Assim que chegaram, a polícia os prendeu e foram devolvidos para a Europa, mais precisamente Amsterdã.
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Lá, segundo Emwazi explicou ao CAGE, foi recebido por um agente dos serviços de inteligência britânicos que o acusou de viajar para a Tanzânia para ir de lá para a Somália, onde se somaria ao grupo islamita Al Shabab.
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Depois, as autoridades britânicas continuaram vigiando e perseguindo Emwazi, nas palavras da CAGE, que culpou os serviços de segurança por sua radicalização.
Qureshi afirmou que Emwazi, que descreveu como um rapaz bonito e amável, era muito diferente do Jihadista John.
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– É muito difícil imaginar a trajetória entre um e outro, mas é algo que nos é familiar – concluiu.
Os Estados Unidos realizaram um ataque aéreo na Síria na quinta-feira contra “Jihadi John”. O porta-voz Peter Cook não informou se Mohamed Emwazi morreu, afirmando apenas que “os resultados da operação realizada durante a madrugada estão sendo avaliados e informações adicionais serão dadas quando for apropriado”, segundo comunicado.
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* AFP