Hábitos saudáveis e consumo consciente podem ajudar a diminuir o impacto da ação do homem no planeta: aquecimento global, escassez de recursos naturais, acúmulo de resíduos, entre muitos outros passivos que ficarão para as próximas gerações. Embora algumas mudanças sejam complexas e dependam de acordos internacionais, outras estão ao alcance do cidadão e refletem o estilo de vida de cada um.
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Quanto cada indivíduo exige da natureza para ter conforto em casa, na vestimenta ou no transporte?
O site da organização não governamental WWF oferece uma forma de calcular a quantidade de recursos naturais renováveis necessária para manter o estilo de vida, a chamada Pegada Ecológica. É um bom começo para analisar como andam os hábitos, que passam despercebidos na correria do dia a dia.
A boa notícia é que o consumo consciente e um estilo de vida saudável são tendências visíveis nas prateleiras dos supermercados, nas decisões de grandes empresas e até permeiam novos negócios. Confira alguns exemplos de iniciativas que fazem bem ao planeta na região Norte do Estado.
Lixo zero em casa
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O empresário Arthur Rancatti, de 26 anos, prova que falta de espaço não é desculpa. Há dois anos, ele montou uma composteira na estreita área de serviço do apartamento no bairro América para transformar resíduo orgânico em adubo. Isto significa que restos de frutas, verduras, grãos, casca de ovos, por exemplo, não vão mais para o aterro, um lugar onde nada é reutilizado e que exige cada vez mais espaço para receber todo o descarte da população.
Em Joinville, 420 toneladas de lixo são despejados no aterro todos os dias, segundo Arthur, um dos organizadores da Semana Lixo Zero (de 23 a 30 de outubro), e a capacidade deve se esgotar dentro de uma década, aproximadamente, informa. O empresário está fazendo a parte dele. Além de cuidar do destino adequado de cada resíduo, também transformou a preocupação ambiental em negócio. É co-fundador de uma empresa de soluções sustentáveis e ensina empresas e condomínios a fazerem o mesmo.
No apartamento, a composteira passaria despercebida por um leigo. Ela se parece com um conjunto de marmitas gigante: três baldes com tampa, um em cima do outro, e nenhum odor no ambiente. O balde de cima recebe duas camadas: a primeira de minhocas e húmus, adquirida uma única vez no comércio, e outra de material orgânico gerado na rotina do apartamento.
Os furos na parte inferior do balde permitem que todo o líquido escorra para o balde de baixo, que foi munido de uma torneira. O terceiro balde fica vazio, para colocar mais material orgânico quando necessário. Dentro de um intervalo de dois meses, todo o processo de transformação está concluído.
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Para regar as plantas, basta misturar um litro do líquido biofertilizante que se formou no processo com 10 litros de água. Já o composto sólido pode ser colocado direto na natureza. Parte do adubo nutre as folhagens do empresário, o restante vai para horta comunitária que ajuda a manter na residência de um amigo.
Quem não tem sequer um vasinho em casa para regar, basta olhar pela janela e se dirigir à árvore mais próxima, diz Arthur. Ou seja, o que um dia alimentou o ser humano agora vai dar mais vida a outro morador do planeta.
Indústria usa água da chuva para reuso
A Whirlpool conseguiu um grande feito em 2015: reduziu em 25% o volume de água consumido na unidade de Joinville, na comparação com o ano anterior. A companhia reaproveitou internamente 75 mil m³ de água, o que equivale ao consumo diário de 430 mil habitantes, informa a empresa.
Uma série de iniciativas influenciaram o resultado, como contar com um sistema de captação de água das chuvas por meio de cisternas. O sistema permite uma economia de até 3 mil m³ de água por mês. Além disso, a unidade abriga uma das primeiras estações de tratamento de efluentes de Santa Catarina, que possibilita o reuso da água no processo industrial.
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Atualmente, cerca de 19% do total tratado nessa estação é reutilizado, o que representa uma redução mensal de 3,8 mil m³ de água.
Beleza e sustentabilidade
Ana Gern já é bem conhecida entre os amantes do artesanato, mas a beleza das peças que ela e a equipe desenvolvem no ateliê é apenas uma parte da marca deste trabalho. Quando pequena, Ana aprendeu com os pais a separar o lixo reciclável e a transformar material orgânico em adubo. Ela cresceu com o gosto pela educação ambiental.
Mais tarde, formou-se em psicologia, só que o coração de Ana estava mesmo no artesanato.
Com o incentivo da mãe, que era ceramista, migrou para essa área. Fez pós-graduação em moda e se tornou designer artesanal. O passo seguinte foi unir a paixão à sustentabilidade. A matéria-prima principal de suas peças é fruto de descarte da indústria, ou seja, seria transformada em lixo.
Ana tem parceria com duas empresas têxteis, de Joinville e de Brusque, que doam mensalmente 80 Kg de tiras das bordas das malhas. O material vira novelos coloridos, para depois serem transformados em peças de crochê que vão de cortinas, bolsa para tablet, colar, pufes, tapetes a vários outros itens de decoração.
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A atividade gera emprego para cinco pessoas e os produtos são vendidos para lojas e pela internet. Ana já conquistou cliente em São Paulo, Rio de Janeiro, Estados Unidos e França.
– Procuro dar uma cara mais contemporânea a técnicas tradicionais e pouco valorizadas e utilidade para algo que seria descartado – sintetiza.
Quem fez minhas roupas?
Monitorar as condições de trabalho da cadeia produtiva faz parte da estratégia de negócio da Malwee, de Jaraguá do Sul. Em 2015, 100% dos prestadores de serviço no processo produtivo foram auditados e 76% deles também receberam certificação da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), relativa às boas práticas de responsabilidade social e relações do trabalho.
Neste domingo, a Malwee também participa do Global Fashion Revolution, movimento que combate práticas de trabalho ilegais e condições análogas ao trabalho escravo na cadeia produtiva da moda. O movimento estimula que, no dia 24, o consumidor pergunte às marcas quem produz a roupa que ele veste. A Malwee é uma das empresas que topa informar. O procedimento é simples. O consumidor pode postar uma foto da roupa e da etiqueta nas redes sociais e não esquecer da referência: #quemfezminhasroupas. A empresa tem 48 horas para responder ao questionamento.
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Para começar a mudar os hábitos:
Teste a sua pegada ecológica (WWF Brasil) – http://www.pegadaecologica.org.br/2015/pegada.php
Confira o mapa de feiras orgânicas na sua cidade (IDEC: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) – http://feirasorganicas.idec.org.br/
Aprenda a fazer a composteira doméstica –
http://www.moradadafloresta.org.br/minhocarios-domesticos/433-manual-da-composteira-domestica
Carta da Terra
Em 2000, a Terra ganhou uma declaração de princípios éticos, a Carta da Terra, documento concluído após uma década de diálogos entre vários países. Seus princípios são: respeitar e cuidar da comunidade de vida, integridade ecológica, justiça social e econômica, democracia, não-violência e paz. Confira o compromisso que todos devem ter com a Terra: http://www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/-arquivos/folder-carta-da-terra.pdf