Camboriú se despede nesta segunda-feira do 33º Congresso Internacional das Missões, o Gideões. Durante 12 dias, a cidade de 56 mil habitantes se transformou para o evento religioso. As ruas centrais foram tomadas por hordas de fiéis, por barraquinhas vendendo uma infinidade de produtos, mil aromas vindos dos carrinhos de comida e por sons cantados em alto volume por artistas gospel. A seguir, cinco pessoas contam suas histórias e a relação que vivem todos os anos com o evento religioso.
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O trabalhador
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Foto: Marcos Porto / Agência RBS
Mesmo com o coração apertado por estar longe da família, o comerciante Edmilson Ferreira Silva, 44 anos, enfrenta um ritmo de trabalho exaustivo desde o dia 24 de abril. Ele saiu de Uberlândia (MG), onde mora com a mulher e quatro filhos, para expor pela terceira vez as mercadorias de sua loja no Gideões.
– Dá saudade. Deixei a minha “pequenininha” lá que está enferma – conta, ao se referir a filha Priscila Vitória, 10 anos, que luta contra uma leucemia.
Para Edmilson, o evento é uma chance de fazer dinheiro extra para ajudar as duas filhas de 19 e 23 que estão na faculdade e dar mais conforto à sua família.
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– Quero dar o melhor para eles não precisarem passar pelos sacrifícios que estou passando- disse.
Neste Gideões, trabalhou das 9h às 23h em uma barraca na Rua Gustavo Richard, uma das principais da cidade. Vende ternos, gravatas, camisas e sapatos sociais.
– É cansativo porque a gente trabalha o tempo todo com atendimento ao público e isso gera um cansaço mental muito grande – desabafa.
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As cantoras
Foto: Marcos Porto / Agência RBS
Onze músicas que compõem o disco “Ao som do milagre” são a esperança das gêmeas Ellen e Suellen de Jesus, 19 anos, de alcançar o estrelato na música gospel. Moradoras de Itajaí, as jovens contam que o pai vendeu o carro da família para bancar o álbum. No Gideões, subiram ao palco na manhã do dia 30 e nos demais dias fizeram plantão em frente à uma loja.
As meninas se apresentam desde os seis anos. Pela música, deixaram a faculdade e se dedicam à uma rotina de ensaios, shows por alguns estados e na igreja que frequentam em Itajaí.
A fé é cantada sem perder o estilo. Fãs de moda, Ellen e Suellen estilizam as produções com peças de cortes fortes e modernas e mostram seus looks em um blog e no perfil que abastecem no Instagram.
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– A gente cria o nosso próprio estilo. Não gostamos de andar igual os outros cantores da música evangélica. Não usamos nada sensual, mas gostamos de ser joviais – conta Suellen.
Passando o Gideões, as jovens começam os preparativos para lançar seu segundo álbum, “Quebrando a Rotina”.
A moradora
Foto: Marcos Porto / Agência RBS
Há 20 anos a aposentada Ceia Coppi, 83 anos, usa o fato de morar em uma das ruas que formam o chamado “Corredor da Multidão” para incrementar o orçamento. Em época de Gideões, o quintal de casa vira comércio.
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Neste ano, dona Ceia alugou o espaço para cinco comerciantes na expectativa de faturar R$ 7 mil com o congresso religioso. Ela explica que fixa o preço do aluguel de acordo com os dias e com a área ocupada. A maior barraca vai pagar R$ 1,5 mil pela locação.
– Ah, com esse dinheiro pretendo pagar o meu imposto de renda – disse, rindo.
Dona Ceia conta que está feliz porque nesta edição não está ouvindo música muito alta. Nos outros anos, ela lembra que, de vez em quando, era necessário chamar a atenção dos inquilinos por conta do barulho em excesso.
– A gente “corta” eles se precisar – disse.
O pastor
Foto: Marcos Porto / Agência RBS
Dois mil oitocentos e noventa e cinco quilômetros. É a distância que o pastor Clebison Bandeira percorreu entre a cidade onde vive, Imperatriz (MA) e Camboriú. Um dia inteiro fazendo conexões em aeroportos para participar, pela décima vez, do encontro religioso.
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De família evangélica, ele conta que não imaginava se tornar pastor quando jovem. Queria mesmo era fazer medicina.
– Mas Deus mandou eu renunciar à medicina. O médico cura as pessoas com o bisturi de metal, o pastor cura com o bisturi da fé – disse ele, que conta já ter convertido mais de 50 mil pessoas em 18 anos de pregação.
Ele lembra que quando virou pastor, aos 20 anos, pregava para públicos pequenos, “salvando as almas das drogas e da depressão”. Formado em teologia e pós-graduado em ciências da religião, Clebison hoje é bastante assediado pelos fiéis, que pedem fotos, abraços e bênçãos.
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Para ele, o evento tem um grande poder de difundir a mensagem de Deus.
– Aqui você pode enviar a sua mensagem para todo planeta com a TV e a rádio do Gideões. É a renovação espiritual. Estar aqui é um momento muito alto – conta ele, que pregou por uma hora no Pavilhão dos Gideões na última quarta.
A fiel
Foto: Patrick Rodrigues / Agência RBS
O comprimento do cabelo de Maria do Livramento Lima Luciano, 68 anos, revela o tempo que a evangélica tem de conversão: 40 anos. Em uma caravana de 60 pessoas, ela deixou Brasília, onde vive, na última segunda-feira na companhia de amigas para vir pela terceira vez ao Gideões.
No caminho, uma pausa para lazer. O grupo parou em Foz do Iguaçu (PR) para conhecer as Cataratas e também para fazer compras no Paraguai antes de chegar em Camboriú na madrugada de sexta-feira.
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– Mas é bom demais, porque aqui a gente ajuda os missionários e ganha conhecimento – disse, ainda na expectativa de ver o pastor e deputado federal Marco Feliciano.
Além das orações, Maria do Livramento é fã dos petiscos vendidos nas ruas.
– O churros, o crepe e a banana frita estão ótimos neste ano – disse. Ela também pretende aproveitar a estadia para comprar DVDs com as pregações dos seus pastores favoritos.
Maria considera o evento bem organizado, o que facilita bastante, segundo ela, para quem vem de longe.
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– Acho importante vir aqui para combater as coisas erradas, como o pecado, a corrupção e promover a palavra de Deus para ajudar as pessoas – avalia.