Das lembranças mais marcantes da infância, a enfermeira Cristiane Castro lembra de estar na companhia do pai, Reny Castro, ouvindo as músicas de Roberto Carlos. Ele possuía todos os vinis do cantor e dividia com a filha a paixão pelas músicas. O momento compartilhado estreitava a ligação entre os dois e, apesar de ser fã de todas as canções, Reny cantava diariamente Detalhes para a filha.
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— Foi uma das músicas que mais marcaram para mim, era a nossa música. Ele cantava as partes que ele sabia, os nossos “detalhes”, que eram as coisas só nossas — relembra Cristiane.
Enquanto cantava, o pai esforçava-se para manter o ritmo e o tom. De uma maneira desajeitada, o pai dedicava a ela somente as partes da letra que sabia cantar. Para ela, era engraçado observar o esforço do senhor em acertar a canção e, assim, demonstrar o afeto e a cumplicidade entre pai e filha.
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A melodia acompanhou a infância da mulher, atravessando a adolescência até chegar à vida adulta. Em todos os momentos – felizes e outros nem tanto –, o pai esteve ao seu lado cantarolando, como forma de demonstrar o amor por meio das letras do Rei. Dos dias ao lado de Reny, a música aos poucos se tornou trilha da amizade entre os dois. A rotina de cantoria se manteve até o dia em que ele foi internado no hospital devido a uma fratura do fêmur, há cerca de dois anos.
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Por causa da correria do trabalho, ela não conseguiu chegar a tempo para cuidar e nem se despedir formalmente do pai. Entretanto, quando o coração de Reny parou de bater, ele já havia deixado uma mensagem para a filha. Ao irmão de Cristiane, cantou pela última vez a música e pediu que, assim que ela entrasse na unidade, o recado fosse repassado.
Para a fã, assim como diz nos versos, os ‘detalhes tão pequenos de nós dois são coisas muito grandes pra esquecer…’
— Na cama do hospital, ele cantou e pediu para o meu irmão que cantasse pra mim. Que ele tinha se lembrado da música para eu nunca esquecer que, quando quisesse lembrar dele, era para cantar essa música — diz.
Laço musical entre mãe e filha
Após semanas de ensaio, Fernanda Busarello subiu ao palco para cantar uma música em homenagem à mãe, Gabriela. À época, ela era apenas uma garotinha, mas já tinha a percepção de que o amor maternal era difícil de explicar somente com palavras. Com a canção, queria surpreender e demonstrar o quão grande era o sentimento que mantinha.
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A cantoria, planejada para o Dia das Mães, aconteceu em uma escola de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Mais de 30 anos depois, Fernanda ainda recorda da emoção nos olhos da mãe quando ela começou a cantar os primeiros versos.
— Eu tinha uns seis ou sete anos quando cantei uma música, na apresentação da escola. Como foi de surpresa, a minha mãe ficou muito emocionada ao me ver cantando — relembra Fernanda, 39 anos, que homenageou a mãe com a canção Como é Grande o meu Amor por Você.
A trilha sonora reproduzida pela menina representava o laço que une as histórias entre as duas. Fã do Rei, a mãe de Fernanda sempre ouvia os vinis na companhia dela e dos dois irmãos. Em alguns dias, a música adentrava a madrugada e os pequenos adormeciam escutando as melodias.
As cenas da família reunida escutando Roberto Carlos e apreciando um chimarrão são lembranças que ela guarda com apreço. Mesmo com o passar dos anos, a mãe ainda mantém a admiração pelo Rei, acompanhando a carreira e as novas músicas lançadas.
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— Ela é muito fã até hoje, escuta as músicas e foi no show duas vezes já. Inclusive, chegou de viagem nesta terça-feira (13) para tentarmos ir ao espetáculo juntas — diz.
Ciúmes do cantor
A aposentada Sheila Palhano, 63 anos, compareceu a tantos shows do Roberto Carlos que já perdeu a conta. Inicialmente, ela não era a maior fã. Há cerca de 30 anos, trabalhava em uma emissora de televisão em Apucarana, no Paraná. O canal organizou uma festa com a presença do Rei, e no dia do evento ele permaneceu na mesma sala em que a aposentada estava. Na ocasião, Sheila não o “tietou” porque ainda não era admiradora do Rei.
Com o passar dos anos, começou a escutar as músicas do cantor e, aos poucos, se apaixonou pelo artista. Segundo ela, a paixão aflorou quando Roberto Carlos começou a criar ‘músicas de pé de travesseiro’ – se referindo ao estilo romântico das canções.
— Anos depois, em outro show, na empresa do meu marido, eu consegui chegar pertinho dele. Foi uma grande emoção — diz.
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Na tentativa de se sentir mais próxima do ídolo, Sheila começou a marcar presença em várias apresentações em outras cidades e Estados. Além disso, expõe uma pequena coleção de CDs e discos adquiridos ao longo destes 30 anos. Atualmente, as músicas do artista são a trilha sonora que embala os passeios e viagens de carro.
No entanto, à medida que a paixão cresceu, o marido, também Roberto, começou a sentir ciúmes do cantor. A aposentada lembra que o artista representava o único homem pelo qual ela nutria este sentimento. Brincalhona, aproveitava a situação para debochar do marido:
— Eu dizia: se ele passar aqui no portão e piscar, você dança.
O ciúme era tanto que, em todos os especiais de fim de ano, o marido encontrava alguma atividade para a família fazer, impedindo-a de assistir. Ele até a presenteava com ingressos e discos, mas foi a apenas um show porque tinha bastante ciúme. As duas filhas e o filho do casal entendiam a angústia do pai porque, além das provocações, Sheila suspirava ao ver o Rei.
— Os meus filhos diziam: Mãe, se você visse a sua cara de boba assistindo televisão, a senhora iria entender por que o papai odeia — lembra.
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Sheila recorda dessa época com bastante saudosismo. Lembrar-se das histórias que incluem Roberto Carlos é revisitar a vida ao lado do companheiro, que já é falecido.
Casal musicado
Ao som de uma das músicas mais reconhecidas de Roberto Carlos, Dirce Frigeri Bertoncello entrou na igreja para o seu casamento. Do outro lado do salão, a canção era reproduzida pelo marido, Marco Antonio Godinho Bertoncello, 50 anos. A cada passo da noiva, uma estrofe de Como é Grande o meu amor por Você era cantarolada. A cerimônia reforçou o amor do casal em dezembro de 1990, com lotação máxima no recinto.
— As pessoas sempre fazem o casamento à parte, exclusivo. Nós não queríamos isso, aceitamos o nosso casamento em uma missa normal — diz.
Além dos convidados, toda a comunidade da igreja acompanhou a declaração de Marco para a noiva. Dirce já sabia que o marido iria cantar a música quando ela entrasse na igreja. Mesmo assim, a música marcou o casamento, se transformando em trilha sonora do romance dos dois. Além do casal, todas as pessoas que estavam presentes lembram-se da emoção durante o matrimônio.
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— Foi um momento muito marcante. Agora, toda vez que toca essa música em shows, em propagandas, ela sabe que é a nossa — afirma.
Para reafirmar a importância da canção, a cena do casamento se repetiu 25 anos depois. Quando os dois comemoraram as bodas de prata, o marido cantou novamente. Desta vez, a confirmação teve como testemunhas o casal de filhos.
Calmante do útero para a vida
Em 2012, a segurança Neide Calixto da Silva, 39 anos, engravidou de uma menina. Durante a gestação, escutava diariamente as músicas de Roberto Carlos. As melodias ajudavam a acalmá-la nos dias difíceis da gravidez. O que ela não imaginava era que, anos depois, o hábito também se tornaria usual da filha, tornando-a uma minifã do cantor.
— Eu engravidei da Bia em 2012, depois de 15 anos da minha primeira gestação. Com a gravidez tardia, eu passei o período inteiro ouvindo as músicas do Rei. Na época, a canção que estava em alta era Esse Cara Sou eu — diz.
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A pequena Beatriz Calixto da Silva nasceu e, quando completou dois meses, a família precisou viajar a Foz do Iguaçu para apresentá-la ao avô, que estava doente. Mesmo com a distância até a cidade, a viagem transcorreu tranquilamente – exceto pela irritabilidade do bebê. Em várias partes do caminho, Beatriz chorou incessantemente.
A mãe tentou várias alternativas para acalmá-la, mas nenhuma surtiu efeito. Por causa da situação, Neide também acabou ficando nervosa, porque queria que a menina estivesse tranquila para conhecer o avô.
– Eu disse para o meu marido: ‘Jean, por favor, coloca o CD do Roberto porque eu preciso me acalmar, estou nervosa’ – conta.
Assim que a música começou a tocar no rádio, Bia foi se tranquilizando aos poucos e parou de chorar. A mãe acredita que, como utilizava as canções para se acalmar durante o período gestacional, a menina também parece ter nas músicas uma espécie de calmante.
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— A gente foi e voltou. Quando ela chorava, colocávamos a música Esse Cara sou eu e ela se acalmava e dormia — garante.
A menina está com cinco anos e ainda mantém a afeição pelo artista. Escuta as músicas junto de Neide. Ao ser questionada pela mãe sobre o cantor, a pequena não consegue conter a empolgação.
— Eu adoro ele… De paixão.
Repertório do show de Joinville
1 – Emoções
2 – Como Vai Você
3 – Além do Horizonte
4 -Ilegal, Imoral ou Engorda
5 – Detalhes
6 – Desabafo
7 – Outra Vez
8 – Lady Laura
9 – Nossa Senhora
10 – O Calhambeque
11 – Quero que Vá Tudo pro Inferno
12 – Sereia
13 – Olha
14 – Sua Estupidez
15 – Mulher Pequena
16 – Chegaste
17 – Se Você Pensa
18 – Esse Cara Sou Eu
19 – Como É Grande o meu Amor por Você
20 – Jesus Cristo
SERVIÇO
O QUÊ: Show de Roberto Carlos
QUANDO: hoje, às 21 horas
ONDE: Centreventos Cau Hansen (avenida José Vieira, 315, América, Joinville)
QUANTO:
– Plateia Azul – R$ 600
– Plateia Amarela – R$ 360
– Arquibancada Inferior – R$ 240
À venda no site oficial do cantor e no segundo piso do Shopping Mueller. Não há mais ingressos disponíveis para meia-entrada.