Difícil encontrar alguém que nunca desejou poder voltar no tempo e ser criança outra vez. A diversão de brincar de pega-pega, subir em árvores, pedir colo de mãe e curtir a vida sem (muitas) responsabilidades ganha um novo sentido depois que se cresce. Para algumas pessoas, no entanto, reviver a infância significaria uma segunda chance para absorver nos primeiros anos de vida aprendizados que fariam toda a diferença na formação adulta.
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É justamente para garantir que os filhos tenham essa bagagem que atualmente muitos pais têm apostado em atividades extracurriculares. Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia, justificam eles, a interação com o mundo real vale ouro. O resultado é o que se vê: judô, futebol, aulas de violão, balé, teatro e grupos de escotismo nunca foram tão populares entre os pequenos.
Especialistas dizem que essas ocupações podem ajudar no desenvolvimento físico e mental dos pequenos, mas alertam: é preciso tomar cuidado para não sobrecarregar a rotina da criança. Psicóloga e professora da Furb, Catarina Gewehr aponta que no início da vida conseguimos captar melhor os ensinamentos que serão importantes para a vida adulta:
– Se as atividades forem bem conduzidas a criança pode desenvolver habilidades psicossociais importantes para a saúde dela. As práticas também ajudam a ensinar que erro não é fracasso, que precisamos ter disciplina, limites e regras. É um aprendizado para a vida toda.
Para a psicopedagoga Rosana Espezim ter contato com modalidades esportivas, lúdicas e artísticas na primeira infância – que vai desde a concepção do bebê até o momento em que a criança ingressa na educação formal – é essencial para formar um adulto saudável, sensível e disposto a conhecer o mundo.
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Mais perto da natureza e da família
Em Blumenau, a Crescer Espaço Educacional Infantil é uma das escolas que oferecem atividades alternativas para as crianças de um a seis anos. Além de inglês, balé, judô, musicalização infantil, educação física, artes e as brincadeiras que fazem parte do dia a dia, toda semana os alunos têm contato com a natureza nas aulas de educação ambiental. Recheada com pés de alface, couve, rúcula, cenoura, beterraba, tomate-cereja e temperos, a hortinha cultivada e mantida pelos pequenos provém diariamente a salada que eles comem no almoço.
Segundo Ilse Adriane Junsek, coordenadora pedagógica do espaço, o projeto criado em 2011 vai muito além de colocar a criança em contato com a terra:
– É pra que ela saiba que não é do mercado que vem a comida. Nossa filosofia é de que fazermos parte da natureza, e a criança precisa saber que faz parte disso e como tudo se transforma. Acreditamos que a primeira infância é a mais importante para a formação – diz.