O Anexo marcou presença no penúltimo ensaio geral do espetáculo Paixão e Morte de Um Homem Livre, em Guabiruba, no domingo. Lá foram descobertas várias histórias sobre pessoas da comunidade que estão envolvidas com a peça desde a primeira edição ou pela primeira vez. Confira:
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Entre tecidos e histórias
É no galpão anexo ao pátio da igreja que Rita Erthal, 47 anos, se dedica à produção dos figurinos do espetáculo. Juntos a ela, outros cinco escudeiros dedicam seus domingos à costura e customização de roupas, sapatos e acessórios que os personagens vão usar ao longo da peça. São mais de mil trajes, alguns confeccionados em Guabiruba e outros trazidos de São Paulo.
– Acho que o grande desafio é encontrar tecidos da época. Poliéster, por exemplo, não posso usar muito. O algodão hoje é muito colorido. Então temos de ter esses cuidados para que as roupas sejam bem fiéis à época – explica Rita, que no dia a dia trabalha em uma confecção.
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Nos bastidores da montagem há 10 anos, ela começou a se interessar pela produção quando o marido entrou para o elenco em 2003. Já Daniel Goulart, de 21 anos, decidiu participar do espetáculo inspirado na faculdade de Design de Moda:
– É meu primeiro ano e acho legal ver como a roupa vai ficar no personagem. É uma ajuda a mais para o meu estudo – reflete.
Rita conta que vários imprevistos já aconteceram em cena:
– Já aconteceu de arrebentar sandália e eu ter que remendar com fita isolante, por exemplo. São coisas do teatro e a gente está preparado para isso – finaliza.
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Jesus em dose tripla
Dar vida ao homem mais famoso de todos os tempos não é para qualquer um. Que o digam Edson Carminati, 33 anos, Fábio Luis Kormann (46) e Carlos Woitexen (45), que nesta edição do espetáculo vão dividir a importante tarefa. Os três amigos de olhos claros e barbas escuras se revezam no papel de Jesus Cristo em cima do palco e garantem: interpretar o filho de Deus é uma grande responsabilidade.
– Quando veio o convite da direção pela primeira vez foi aquele susto inicial, o medo. Quando comecei, fiz papéis menores, nunca imaginava que um dia faria Jesus – conta Carlos, que vive a experiência pela oitava vez.
Os atores dizem que ir até o pátio da Igreja de São Cristóvão todo domingo já virou rotina:
– Eu tive um almoço de família hoje em casa e deixei todo mundo lá pra estar aqui. Depois que a gente começa o ensaio e cria esse senso de família, pega gosto pelo teatro – garante Edson.
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Desde a primeira edição
Quando tinha 12 anos, Fabiano Siegel, hoje com 39, encontrou no teatro um bom motivo para se envolver com a cultura da cidade. Ele pode dizer que participa de Paixão e Morte de Um Homem Livre desde a primeira edição:
– Era aquela coisa: o pai mandava a gente sair de casa, arranjar algo útil pra fazer e a gente ia (risos). Foi assim que eu me envolvi com a peça. Da primeira participação pra cá já fiz vários personagens, desde sacerdotes até Jesus Cristo – recorda Fabiano.
Além do espetáculo, ele também atua como um dos assustadores monstros no Pelznickel, tradição natalina de Guabiruba. Para ele, fazer parte do cenário cultural da região é um orgulho:
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– Vira tradição participar, a gente não para mais. Hoje é algo tão natural pra mim que não consigo imaginar minha vida de outro jeito – explica Fabiano.
Sérgio Valle, coordenador geral da montagem, diz que a tradição cultivada desde cedo é um reflexo da união guabirubense:
– Essa peça é uma expressão cultural que brota da comunidade, que mostra a veia artística dela. A Associação Artístico Cultural São Pedro consegue fomentar ações artístico-culturais em Guabiruba como pouco se vê em outras cidades – avalia.
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