Apesar de morar há 57 anos no Brasil, Fumio Honda inicia a conversa dizendo que não sabe falar português corretamente. Exageros à parte, o descendente de japoneses, de 77 anos, foi um dos pioneiros a colonizar Frei Rogério, no Meio-Oeste catarinense.
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Fumio faz de tudo para manter as tradições e cultura do país de origem. Teve sete filhas, porém quatro moram no Japão. Dos 12 netos, nove estão no país asiático.
Ele acredita que fica cada vez mais difícil manter as tradições, porém reforça o papel essencial de espaços como a sede social da Associação Cultural Brasil-Japão, inaugurada em 12 de setembro de 1970, em estilo oriental. No local há aulas de japonês, além de apresentações de peças teatrais, danças e músicas típicas.
Todos os moradores da Colônia Núcleo Celso Ramos cooperaram na construção da sede, localizada no Parque Sakura Matsuri. É lá que Fumio pratica Iaidô, arte marcial japonesa que consiste em sacar a espada, de duas a três vezes por semana.
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A Colônia Japonesa de Núcleo Celso Ramos em Frei Rogério, município de 2,4 mil habitantes, foi a primeira do tipo em Santa Catarina. Atualmente, cerca de 22 famílias fazem parte da comunidade.
Fumio ainda lembra da época que chegou ao Brasil e morava em São Paulo. Em busca do frio para cultivar frutas de clima temperado, desembarcou em Curitibanos, em 1961:
– Quando cheguei, tinha meia dúzia de japoneses. Já tinha visto nectarina e queria fazer uma experiência – conta.
A experiência deu certo e Fumio plantou a fruta entre 1964 e 1974, só parou em função do clima que dificultou o cultivo. Atualmente, planta alho, pêra e outras frutas.
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Experiência reforça a agricultura na região
Osny Alberton, prefeito de Frei Rogério, reforça a importância dos imigrantes japoneses, que foram os que introduziram o cultivo do alho e nectarina em Santa Catarina. Porém, Fumio ressalta que muitos deles estão desistindo da agricultura:
– São 22 famílias descendentes em Frei Rogério, mas apenas 15 trabalham com agricultura. Junto a Curitibanos são cerca de 30 famílias no campo – diz.