Tem cinco anos que Feia fez o posto da PRF de Barra Velha a casa dela. Ninguém sabe ao certo o dia em que ela apareceu. Veio sorrateira. Foi ficando. Fez de quintal o lugar onde veículos são parados para abordagem policial. Seja nas apreensões de drogas ou nas averiguações de irregularidades de trânsito, ela sempre está por perto. Mete medo, impõe respeito, mesmo sem latir muito. Quem gostava mesmo ladrar, era o companheiro dela, o Feio, que morreu em um quintal através do qual se pode ultrapassar, não sem risco de multa, os 100km/h.
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Os policiais garantem que o nome de batismo é Feia, “de tão linda” que é a mascote. A pelagem lembra a de um boxer: curta, dura, mesclando tons de dourado, mais escuros na linha da coluna que vão clareando até a barriga. Mas o resto, o tamanho e o porte, são de labradores. Até o focinho mais escuro e o contorno dos olhos fazem feia timidamente labradora.
Pouco se sabe sobre ela. Cada um tem um pedaço da história para contar. Edilson Mário da Costa, inspetor que tem dez anos de PRF, lembra que ela veio intransitiva.
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– Chegou – disse ele sobre Feia, que surgiu sem complementos, sem se saber de onde, quando ou como apareceu.
O que eles sabem é que Feia não é de incomodar.
– Fica sempre tranquila – descreve Costa.
Cada um traz o que pode para alimentar a paz de Feia. Às vezes ração ou mesmo comida. Em dias de sorte, pode até sobrar um osso suculento de algum churrasco. O passo lento e a estrutura roliça denunciam a qualidade – e quem sabe até as quantidade – das refeições. Os pelos brancos espalhados pela fuça não contam precisamente os anos, mas atestam uma certa idade.
Feia é uma senhora que rolava pela PRF com seu par igualmente lindo, que criou os filhotes de baixo dos pés dos policiais e de alguns detidos nas celas, onde o assoalho faz um vão com a terra. Hoje ela vive de deitar e pode escolher entre a sombra e o sol. Se você chegar de mansinho, ela aceita o carinho, mas logo sai rumo a outro canto em que possa descansar a solidão.
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