Estudar não é apenas ler, escrever ou calcular. É contar histórias, plantar, caminhar, observar, tocar e cheirar. E são esses verbos que inspiram cinco ações criativas de educação em Santa Catarina reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC) no ano passado entre 682 participantes. Realizados por escolas e organizações de cinco cidades do Estado, os projetos permanecem em ação para incentivar a busca por qualidade de ensino e engajamento dos estudantes.
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A avaliação foi feita a partir de inscrições voluntárias e considerou cinco critérios. No aspecto de “gestão”, foram considerados os processos de pedagogia e gestão do espaço de forma compartilhada com os alunos. O “currículo” observou se as ações tem desenvolvimento integral, produção cultural e sustentabilidade. Também foram avaliados os pontos “ambiente da escola”, “métodos que incentivem o protagonismo dos estudantes” e a “articulação com outros parceiros educacionais”. Em todo o Brasil, foram 178 organizações foram reconhecidas pelo MEC.
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— O interesse dos alunos geralmente está no lado de fora da escola. Trabalhos criativos despertam o interesse pelos estudos como um todo. Na sala é tudo muito cognitivo e intelectual, mas fora da sala é tudo real e concreto — avalia a professora da UFSC e doutora em educação Soraya Franzoni Conde.
A especialista defende que práticas de ensino que oferecem experiências diferentes tiram o ensino do aspecto abstrato e exploram os recursos sensoriais como cheiro, temperatura e tato, ampliando o conhecimento e estimulando a criatividade.
Diversificar os métodos de ensino também reflete na maior inclusão e acessibilidade ao conhecimento à medida que explora diferentes habilidades para assimilar os conteúdos. Alunos que têm mais dificuldades no exercício da teoria podem compreender com agilidade nas atividades práticas.
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1 – Escola Básica Municipal Visconde de Taunay – Blumenau
A escola aproveita o terreno de 42 mil metros quadrados para atividades ao ar livre e para integrar disciplinas com foco na ecoformação dos alunos. Durante o ano letivo, os estudantes plantam vegetais em hortas orgânicas, estudam sua propriedades e os produtos que não são aproveitados na merenda escolar são levados pelas crianças para casa. Também foram criados projetos de sustentabilidade como uma sala com isolamento térmico feita com caixas de leite e um espaço de leitura construído com garrafas pet. Ao todo 850 alunos exercem a interdisciplinidade por meio de projetos sugeridos por eles mesmos ou pelos professores, que recebem treinamento para trabalhar com o conceito de ecoformação.
2 – Escola Municipal Professor Aluizius Sehnem – Joinville
Desde 2013, os 360 alunos da escola que fica próxima à Baía da Babitonga, no Norte do Estado, passaram a ter um ensino diferenciado. A primeira ação foi aproximar os alunos da comunidade, convidando os pais para participarem das atividades da escola e colocar os estudantes em contato com a rua e o meio-ambiente. Pescadores locais foram convidados para contar histórias, o que ajudou a compreender mais sobre o lugar onde moram, e uma parceria com o Instituto Menino Caranguejo incentivou a contação de histórias focadas na educação sustentável.
— Percebemos o resultado dessas ações quando os pais nos contam que os estudantes cobraram limpeza ou pediram ação diferentes dentro de suas próprias casas — diz a diretora Simone Lemos da Silva.
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3 – Associação Comunitária Amigos do Meio Ambiente para ecologia, desenvolvimento e turismo sustentáveis (ama) – Garopaba
A AMA tem diversos projetos relacionados ao meio-ambiente na região de Garopaba, no Sul do Estado, mas é por meio do projeto Monitoramento Mirim Costeiro que 14 escolas têm um atividade de educação diferenciada. Há quatro anos, estudantes do 5o ano realizam atividades à beira do mar para aprender sobre a fauna e flora, marés, ondulações, condições climática, qualidade da água do mar e dos córregos que desembocam nas praias. Sempre munidos de GPS, bússola, lupas, pás, peneiras, réguas, baldes, bandejas, barbantes, trenas, estacas, mangueira de nível e termômetro, os alunos trabalham em grupo compilando dados que serão depois analisados em sala de aula. Ao todo já foram realizadas 161 aulas práticas com 830 alunos em todas as praias da cidade de Garopaba e o projeto deve ser ampliado para Imbituba em 2016.
4 – Centro de Educação de Jovens e Adultos Vereadora Rita Quadros – São João do Sul
Criado em 2007, os estudantes são reunidos em turmas conforme seus interesses de aprendizados e são incentivados a participar das decisões sobre a gestão do espaço e dinâmicas das aulas. Em 2015, o colégio recebeu 20 tabletes que foram adaptados ao ensino e propiciaram novas experiências. Neste ano, a escola mudou de prédio e ganhou um laboratórios de ciências e informática.
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— Foi interessante perceber os estudantes perdendo o receio de trabalhar com o equipamento e ganhando intimidade com a tecnologia, Acreditamos que esse processo se intensificará neste ano — avalia a a diretora Simoni Pereira Lummertz.
5 – Trilha do Saber – Pinhalzinho
O projeto na cidade do Oeste catarinense atende cerca de 720 crianças semanalmente de nove escolas do município e outras mil pessoas visitaram a área de preservação em 2015. São 16 mil metros quadrados com diversidade de fauna e flora que serve de espaço para caminhadas e campo para pesquisas e estudos dos alunos das escolas públicas municipais. Em 2014, a iniciativa de educação ambiental foi integrada ao currículo das instituições de ensino da cidade, o que deu mais credibilidade ao trabalho.
— Essa área não era usada pela comunidade e foi toda revitalizada. A criação do projeto mudou um espaço e inseriu a educação ambiental nele — explica o biólogo Robelei Pieter.
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