Conheça cinco companhias que simbolizam o espírito desta nova era no Estado:
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Softplan
O conceito de inovação não muda, o que se transforma é o jeito de inovar. A máxima “inove primeiro e depois tente vender” virou passado, dando lugar a provocação “comece pelo problema e depois foque na solução”. A fórmula serve de ideal tanto para os novos empreendedores quanto para quem está no mundo dos negócios há décadas. Um pensamento diferenciado capaz de entrelaçar empresas de diferentes gerações quando há um mesmo propósito: “que problema eu vou resolver?”.
É essa filosofia diferente de pensar a inovação que expressa a cultura de uma das mais tradicionais companhias de tecnologia do Estado, desde a sua criação há 27 anos. A Softplan, destaque no País no desenvolvimento de Softwares de gestão empresarial e gestão pública, mudou sua sede em Florianópolis para o Sapiens Parque, em 2016. O intuito da mudança para dentro do parque de inovação foi o de compartilhar experiências e unir-se a negócios promissores. Na prática, as grandes vem para somar.
De acordo com Moacir Marafon, um dos fundadores e diretor-executivo da companhia, a estratégia abriu uma oportunidade para que os cerca de 1,6 mil colaboradores se façam presentes e respirem o ecossistema local. A ideia rendeu frutos e atualmente a empresa mantém cerca de 25 iniciativas de inovação dentro da sede, incluindo as startups, representando ganho bilateral.
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— Hoje nós vivemos um contexto muito prazeroso, de sinergia entre as empresas estabelecidas e de segunda geração com as startups. É um verdadeiro ganha-ganha, porque enquanto as empresas tradicionais precisam de agilidade, que é típica das startups, ela também tem mais condições de investir e de levar essas iniciativas ao mercado. Já as startups trazem essa atitude da inovação, é o empreendedor que está com sangue nos olhos. Isso é uma soma dos DNAs positivos que se bem combinados vai resultar num ser que vai longe, que é o negócio que está sendo criado — considera Marafon.
Datasul e Neogrid
Sediadas em Joinville, as duas têm em comum o fato de terem sido fundadas pelo visionário Miguel Abuhab, considerado o pioneiro na fundação de companhias inovadoras e na inserção de tecnologias disruptivas na realidade das empresas catarinenses. Criada há quatro décadas, a Datasul é precursora no desenvolvimento de softwares de gestão empresarial e, em 2008, foi incorporada à TOTVS, dando origem a uma das maiores desenvolvedoras de sistemas de gestão integrada do mundo. Já a Neogrid, especialista em soluções de ponta-a-ponta para a cadeia de suprimentos, foi fundada em 1999 e tem cerca de 700 colaboradores, possuindo escritórios em São Paulo, Porto Alegre, Chicago, Amsterdam, Londres e Tóquio. Suas soluções operam, via internet, em mais de 140 países.
– De quando comecei para agora a diferença é que a tecnologia estava apenas despontando e não atraia os interesses dos investidores, os investimentos eram muito em estrutura física e na máquina e menos na inteligência e no software, como hoje. Neste ano faz 40 anos desde a fundação da Datasul e isso nos dá experiência e um orgulho muito grande de poder ter sido o pioneiro na nossa cidade, então como conselho eu digo aos novos empresários e aos jovens que acreditem na sua ideia e de fato empreendam. Porque se a ideia for boa e ele tiver energia e resiliência para vencer desafios, certamente terá um apoio muito grande para torná-la possível – aconselha Abuhab.
Pollux
Primeira brasileira a integrar o Consórcio de Internet Industrial (IIC) e líder na Associação Brasileira de Internet Industrial (ABII), a empresa de tecnologia joinvilense data de 1996 e é uma das pioneiras na implantação da indústria 4.0 no País. Com atuação no ramo das soluções de manufatura avançada, robótica colaborativa e internet industrial, a Pollux implantou os primeiros sistemas de visão industriais e o negócio de robô como serviço, atualmente com 100 instalados no Brasil. Hoje trabalha na implantação dos primeiros robôs móveis.
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– Quando você reúne boas pessoas e a tecnologia certa você cria um diferencial competitivo muito grande. Na época em que nós começamos, nada disso estava disponível no Brasil e tínhamos que importar tecnologias de fora e eu entendi que ali havia uma oportunidade e precisava fazer esse trabalho no Brasil. Foi assim que a Pollux se inseriu nessa transformação digital, que na verdade ela faz a conversão da fábrica com TI, e esse é o desafio que está na mesa hoje e é o que a gente faz há 20 anos – define José Rizzo Hahn Filho, CEO da Pollux.
ContaAzul
É talvez o grande exemplo das novas empresas de tecnologia criadas nesta década, depois de inserir no mercado uma plataforma de gestão de negócio em nuvem dedicada a pequenas e médias empresas. Com o propósito de gerar resultados para além da companhia, a ContaAzul teve crescimento exponencial e passou de três para 400 funcionários em apenas seis anos, sendo reconhecida internacionalmente. Somente neste ano a companhia recebeu aporte de pelo menos R$ 100 milhões de um fundo de investimentos americano.
A trajetória de sucesso, segundo Vinicius Roveda, CEO da ContaAzul, passa por características comuns ao meio das startups, como redução de hierarquia, ambientes diferenciados e sonhos em comum na organização que possibilitam o crescimento mútuo dos funcionários e da empresa. “O segredo da ContaAzul são as pessoas e as pessoas a gente consegue com um propósito muito nobre, que é impulsionar o sucesso das pequenas empresas, que geram a maior parte dos empregos e tem uma grande participação no PIB. Ajudar esse segmento significa ajudar o nosso país e com isso a gente consegue atrair muita gente boa com esse mesmo propósito. E num mercado muito grande como o nosso, no qual existem mais de 20 milhões de empresas, a ContaAzul tem potencial de ser a maior empresa no mundo no segmento em que ela atua”, aspira Roveda.
Senior
Acreditar nas pessoas e nas boas ideias também é o motivador da Senior Sistemas S.A, uma das maiores empresas de tecnologia de Santa Catarina. A blumenauense de 30 anos nasceu como startup ao aproveitar uma oportunidade de mercado, quando criou um sistema de folha de pagamentos para empresas. De lá para cá novas soluções vieram, mas o “core” foi mantido no setor de RH, a tornando responsável pelo processamento de seis milhões de folhas de pagamento (cerca de 15% de toda a folha do país).
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No entanto, apesar da solidez a empresa sabe que para seguir competitiva precisa manter o ritmo da inovação constante e para isso, passou a investir fortemente em cinco frentes tecnológicas, afirma o diretor de Novos Negócios, Alencar Berwanger. São elas: nuvem, big data, IOT, comunicação cognitiva e inteligência artificial – sempre visando “brechas de mercado”.
Em paralelo, a cia criou o programa “Corporate Ventures” com a meta de investir em dez startups até 2022, além de já ter acelerado outras 16 nos últimos quatro anos e adquirido ao menos uma dezena de outras empresas presentes no mercado. O retorno esperado dos investimentos é alto, crescer em três anos o que a companhia cresceu nos seus primeiros 30, passando a ter faturamento anual de R$ 1 bilhão.
— Não é possível alcançar essa meta só com crescimento interno e é aí que nos conectamos com as startups, isso já é uma inovação e nos coloca numa posição de destaque. O grande risco das empresas é se acomodar e não perceber que a mudança está vindo, porque ocorre tão rápido que quando surge você não tem tempo de reação. Por isso a Senior investe nas startups, por entender que se a gente não estiver inserido nisso e não cuidar, tem startups comendo a nossa base de clientes e elas vão nos engolir. Não uma, mas várias que estão criando sistemas especialistas para resolver problemas pontuais — considera Berwanger.