Di-á-fa-na… Danila gosta de saborear o som da palavra recém-descoberta. Mas a menina não se contenta apenas em acrescentar o achado à sua coleção de verbetes. Quer saber quem era Milena Diáfana, a mulher que aparece nas fotos no álbum de sua mãe, da infância ao nascimento de Danila, até, de repente, sumir de vez.
Continua depois da publicidade
É essa busca pelo prazer das palavras e das descobertas da vida que norteia o inventivo Diáfana (editora Scipione), o primeiro livro infantil a ser eleito Livro do Ano, de 2011, no Prêmio Açorianos, concedido pela Secretaria Municipal de Cultura. Feito de Celso Sisto, 50 anos, um “cariúcho” que desde 1994 dedica-se a fazer crianças deleitarem-se com histórias de linguagem cuidadosa e diferentes temas e propostas narrativas.
– Fiquei feliz com o prêmio. Independentemente de ser meu, é de suma importância o espaço que a literatura infantojuvenil vem conquistando – avalia Celso. – E é uma aceitação: meus colegas vão prestar mais atenção ao meu trabalho.
A trajetória de Celso já soma 59 livros e outros prêmios, como de autor e ilustrador revelação pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, onde atuou como crítico literário. Mas o gosto por contar e ouvir causos vem de longe: a infância no Rio, sua cidade natal, foi povoada pelas passagens que o pai narrava sobre a II Guerra Mundial e a história do Brasil. Anos depois, Celso uniria sua formação em Letras e Artes Cênicas para fazer daquele prazer em família um ofício no grupo de contação de histórias Morandubetá. Em sala de aula, como professor, ou diante de ouvintes em eventos, ele foi ganhando confiança para inventar suas narrativas, observando in loco as reações do público.
Continua depois da publicidade
Assim, o contador de histórias, pesquisador e professor traçou um percurso da teoria à prática: depois de estudar e ensinar literatura tornou-se autor e ilustrador bissexto (ilustra oito de seus 59 livros).
– Essa formação me dá um leque de conhecimentos e me torna mais exigente como escritor – diz Celso, que, nesta quarta, defende sua tese de doutorado na PUCRS, mapeando livros que narram contos populares africanos para crianças (ele próprio tem títulos com este tema, como Raio de Sol, Raio de Lua). – Se não tivesse trilhado esse caminho, talvez não escrevesse como escrevo hoje.
Há 13 anos, o caminho de Celso desembocou no Rio Grande do Sul, quando se mudou para Gramado:
– Achava o lugar ideal para um escritor de histórias infantis, porque parece cenário de contos de fadas.
Continua depois da publicidade
Celso mudou-se para Santa Catarina, onde concluiu seu mestrado em literatura e, em 2005, retornou ao Estado, dividindo-se entre Cidreira, no Litoral Norte, e Porto Alegre. Assim como Danila, de Diáfana, foi a vez de Celso saborear uma palavra e um fenômeno recém-descobertos: veraneio.
– É algo que me impressiona. No Rio, é veraneio o ano inteiro. Mas, aqui, é período produtivo para mim, quando me dedico a escrever.
Novos títulos
Além das oficinas de contação de histórias e produção textual que ministra, Celso Sisto já tem novidades para este ano: Continua depois da publicidade
O Rei das Pequenas Coisas, recém-lançado pela Planeta, é o primeiro livro de Celso ambientado no Rio Grande do Sul.
A Horta da Ethel, seu primeiro livro em braile, será distribuído pela Fundação Dorina Nowill para 5 mil bibliotecas.
Histórias de Cantigas será lançado até o meio do ano pela Cortez. A coletânea reúne contos baseados em cantigas de roda, com organização de Celso, que participa com a adaptação de O Cravo Brigou com a Rosa. O segundo volume terá como mote brinquedos populares.
Continua depois da publicidade