Você já parou para pensar na quantidade de espaços públicos que existem no Centro de Joinville? São quatro praças com diferentes usos, além de dois pontos turísticos que podem ser utilizados como espaço de lazer pela população. Mesmo assim, a região acaba sendo mais conhecida pelos joinvilenses por causa do comércio de rua – para onde as pessoas se deslocam para fazer compras ou a trabalho – e por ser um local onde os usuários do transporte coletivo fazem a integração no Terminal com destino à outras regiões.
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Cada um dos espaços atualmente tem uma característica diferente: a praça Nereu Ramos é ocupada pelos jogadores de dominó e cartas; a praça Lauro Müller costuma ser usada pelos frequentadores da Biblioteca Municipal e por famílias que utilizam os brinquedos disponíveis para as crianças; a Praça da Bandeira é ponto de passagem de pedestres no acesso e saída do Terminal; e a Dario Salles hoje está sem uma utilidade por ter um canteiro de obras da macrodrenagem do rio Mathias instalado em parte do espaço.
A rua das Palmeiras é um espaço turístico e de descanso, por trazer tranquilidade às pessoas em meio ao movimento intenso de veículos e pedestres nas ruas principais. Enquanto o Mercado Municipal tem reunido o público no horário do almoço e nos eventos com música ao vivo, tanto nos dias de semana durante a noite, quanto nos sábados durante o dia.
Mesmo que cada um dos locais já tenha uma espécie de vocação, comerciantes e pedestres entrevistados afirmaram que seria possível potencializar essas características ou até mesmo encontrar novas finalidades para os espaços. Isso porque um dos motivos apontados por essas pessoas para a falta de ocupação pela população, é a ausência de atrativos e a constante sensação de insegurança, principalmente no período da noite.
Segundo os entrevistados, há um grave problema de tráfico de drogas na região central, em que os envolvidos no comércio de substâncias ilícitas usam estes lugares para fazer as vendas. Isso faz com que a população não se sinta segura em visitar ou permanecer nos espaços, sobretudo à noite, quando ficam praticamente desertos.
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A Guarda Municipal realiza rondas na região para garantir a segurança. Os agentes ainda fazem vistorias nas praças e espaços públicos para tentar conter as ações de vandalismo, apesar de nem sempre conseguirem flagrar os atos. Em casos de flagrante, a população pode ajudar com denúncias no telefone 153.
Comerciantes ouvidos pela reportagem destacaram a importância da instalação de uma base da Polícia Militar na área central para garantir a segurança e contribuir para melhor ocupação dos espaços.
Em nota, o município informou sobre o trabalho de conservação desses locais. Segundo a prefeitura, por meio da Unidade de Praças e Jardins, são realizadas “constantemente ações de manutenção das praças, canteiros e estruturas do mobiliário urbano na região central”. Também são feitas limpezas com apoio da subprefeitura da região.
Praça da Bandeira
A praça da Bandeira é usada, principalmente, para a passagem dos pedestres e usuários do transporte coletivo que precisam entrar ou sair do terminal central. A exceção são algumas pessoas que param para sentar nos bancos, comprar pipoca e adquirir algum produto nas barracas de produtos coloniais – em alguns dias da semana. Além disso, é o principal ponto da cidade usado para manifestações e protestos.
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Segundo o comerciante Orivonil Antônio Pereira Pinto, de 73 anos, a praça vem se tornando ao longo dos últimos anos um ponto de tráfico de drogas e onde pessoas pedem dinheiro para os pedestres. Para ele, outro problema é a falta de cuidados com as árvores. Isso porque, eventualmente, há pedaços das copas que caem e podem levar risco de segurança para quem passa pelo local.
Durante a visita à praça da Bandeira, a reportagem encontrou problemas com o Monumento ao Imigrante. Ele está com pedaços quebrados, sem limpeza e a parte do piso está quebrado em vários lugares. As grades instaladas no chão ao redor das luzes que iluminam o monumento estão cobertas de mato. A vegetação também é visível entre os pavers da calçada.
Entre os pontos positivos, estão os bicicletários em boas condições ao lado do terminal e a presença de lixeiras espalhadas pela praça. Os bancos também estão em bom estado, apesar de precisarem de nova pintura. Outro ponto de melhoria é a necessidade de plantação de grama ou flores em alguns canteiros, onde é possível ver apenas a terra.
Praça Dario Salles
A praça Dario Salles já foi um espaço com maior movimentação de pessoas, principalmente quando ainda havia um espelho d'água em funcionamento. Em junho de 2014, a prefeitura interditou totalmente o local para a instalação do canteiro de obras da macrodrenagem do rio Mathias. Uma parte da praça já foi liberada, mas não houve uma revitalização geral porque o canteiro permanece no espaço onde antes estava o espelho d'água.
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— A infraestrutura está horrível e as pessoas não vem aqui para a praça porque não tem atrativo nenhum. Ela poderia ser melhor utilizada se tirassem esse canteiro (de obras) e colocassem mais bancos — avalia a comerciante Daniela Brito.
Segundo a comerciante, já houve problemas graves com tráfico e consumo de drogas no local, quando havia tapumes ao redor do canteiro de obras. Eles foram retirados após a reivindicação dos comerciantes, mas o problema com a falta de segurança ainda continua, apesar de ter reduzido. Para resolver o problema, ela defende a instalação de um posto policial na região.
Além disso, a praça tem o problema com a falta de quatro lixeiras que foram alvo de vandalismo, canteiros de concreto com pedaços quebrados e ainda a necessidade de limpeza do chão, dos bancos e das mesas. O monumento "A Nave dos Pioneiros" está enferrujado e também precisa de manutenção.
Praça Lauro Müller
A praça da Biblioteca Pública, como é mais conhecida, tem sido usada pelos frequentadores do prédio público ou pelos pedestres que passam por ali para chegar a outros pontos do Centro. Quando há alguma criança junto, é comum a parada para brincar no espaço de recreação ao lado da biblioteca, que conta com escorregador e balanço.
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A dona de casa Taís Luana de Almeida, 23 anos, mora há uma semana na cidade após sair de Guaratuba (PR) com o marido Brian e a filha Lavínia, de três anos. Nesta semana, ela esteve pela primeira vez na praça e aprovou o espaço, mas achou que a área de recreação para as crianças poderia ser maior e melhor cuidada. Uma das estruturas está sem os balanços originais e conta com apenas um que foi amarrado no local, por exemplo.
— Provavelmente seria um lugar que eu frequentaria se tivesse mais brinquedos. Quando se tem criança qualquer canto com brinquedo a gente já para e deixa ela brincar — explica.
O artesão José Afonso Moura, 68 anos, está todos os dias com uma barraca na praça para vender artesanatos. Ele aponta que a área de recreação para as crianças é a única opção existente hoje no local. Segundo ele, a Lauro Müller não tem um visual atrativo e nem algo que chame a atenção dos turistas.
José também aponta alguns problemas de infraestrutura e manutenção no espaço público. Além da falta de segurança com a presença do tráfico de drogas, ele reclama da falta de flores nos canteiros e o descaso com a limpeza das bocas de lobo.
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— Quando chove, elas não funcionam. Se forma uma piscina de água aqui perto do monumento (instalado próximo da rua Nove de Março) durante dias até baixar tudo. Está até nascendo mato da boca de lobo — conta.
O mato crescendo entre os pavers da calçada e a vegetação alta nos canteiros também chamam a atenção. As plantas ao redor do monumento estão altas, tapando a placa informativa sobre o Marco Zero do município. Por outro lado, alguns canteiros estão sem flores, plantas ou gramado.
Praça Nereu Ramos
A praça Nereu Ramos fica ao lado da rua do Príncipe, uma das mais movimentadas do Centro de Joinville. Ela é uma das mais ocupadas pela população na região, com a presença diária de pessoas jogando dominó e cartas, além dos frequentadores de uma lanchonete instalada no espaço.
Ao mesmo tempo, a praça é uma das que mais apresentam problemas de infraestrutura e falta de manutenção, começando pela placa de identificação do local que está caída em um dos canteiros. Em um dos lados da praça, existe um palco para eventos que está sem manutenção. A estrutura está com piso quebrado em algumas partes e o telhado amassado. Outro problema é o mato crescendo entre os pavers da calçada e nos canteiros.
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Para o taxista Sérgio Fernandes, 46 anos, que trabalha em um ponto ao lado da Nereu Ramos, o local tem problemas de infraestrutura e falta de segurança. Segundo ele, muitos andarilhos e vendedores de drogas ficam no local, dando uma sensação de insegurança para os pedestres e frequentadores da praça.
— O pessoal caminha e é abordado o tempo inteiro por gente pedindo dinheiro. Eles ficam aqui durante a noite também e todos os dias precisamos limpar o ponto de táxi porque tem sujeira e comida deles aqui — conta.
Ele diz que nem os taxistas ficam no local durante a noite porque se torna perigoso. A população também acaba não ocupando o espaço após o fim do horário comercial e fechamento das lojas de rua. Uma das soluções apontadas por Sérgio seria a instalação de uma guarita da Polícia Militar para garantir a segurança.
Rua das Palmeiras
Com mais de cem anos de história, a rua das Palmeiras é um dos principais pontos turísticos de Joinville. Além de ser um ótimo cenário para fazer fotos, o espaço é um dos refúgios para os joinvilenses que circulam pela região e querem descansar em um local um pouco mais tranquilo.
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A operadora de caixa Cristiane Gozdeki, 37 anos, começou a trabalhar recentemente em uma loja próxima da rua das Palmeiras. Nesta semana, ela foi pela primeira vez até o local para sentar e aproveitar o horário de intervalo. Segundo ela, a tranquilidade é o principal motivo para ter gostado do espaço.
— É um lugar bonito e bem calmo que eu vou frequentar mais. Vou até trazer um livro para ficar aqui lendo — conta.
A rua das Palmeiras foi revitalizada em 2012, quando recebeu novo calçamento e foi aberto espaço para pedestres no centro da rua. Desde então, ela tem sido mantida com manutenção da infraestrutura. O único problema recente foi a falta de cuidados com as palmeiras, resultando na morte de quatro delas.
Com isso, a Unidade de Desenvolvimento Rural da Prefeitura passou a realizar uma ação de preservação das palmeiras, com monitoramento de pragas e revitalização do solo do local. Hoje, tem apenas alguns problemas pontuais, como a calçada estragada em um trecho e um suporte sem lixeira.
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Apesar disso, o advogado Diogo Alexandre, 36 anos, acredita que ainda há melhorias para serem feitas no local. Ele passa frequentemente pela alameda e defende alternativas para aumentar a segurança e atrair mais pessoas para o ponto turístico.
— É uma área histórica e muito bonita, mas poderia ser melhor porque não me sinto seguro à noite para vir aqui. Deveria ter mais opções para trazer o público para cá, como restaurantes, por exemplo — sugere.
Mercado Público
O Mercado Público tem conseguido atrair um bom público ao longo dos últimos anos no Centro de Joinville. Aberto para almoço e eventos com música ao vivo durante a noite, de terça-feira à sábado, o espaço recebe frequentadores ecléticos, desde turistas à famílias joinvilenses.
O comerciante Marlon Sagaz, 50 anos, explica que o mercado é bem visitado, mas ainda é carente de eventos e atrativos para melhorar ainda mais o espaço público. Há uma reivindicação dos boxistas junto à Secretaria de Cultura e Turismo para aumentar o calendário de eventos.
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— A Prefeitura deveria estudar os modelos de mercado público que dão certo em outras cidades e trazer um novo formato para o nosso. Também precisa ver a estrutura do nosso palco para eventos porque da última vez foi preciso cobri-lo com lona para não molhar tudo em caso de chuva — explica.
O palco está com os pilares pichados, os azulejos quebrados e a cobertura com muitos buracos. Ele tem servido como espaço para os moradores de rua e pedintes dormirem. No entanto, Marlon diz que a presença deles diminuiu ao longo dos últimos meses.
Segundo ele, isso aconteceu a partir de uma parceria realizada com a Guarda Municipal e a Polícia Militar. Eles começaram a passar diariamente no local, o que deu reduziu a sensação de insegurança para o público.
Além disso, também há problemas com o mato crescendo entre os pavers da calçada e a vegetação alta nos canteiros. A pintura do prédio começou a descascar, algumas calçadas estão irregulares por causa das raízes das árvores e o gradil ao redor da área de recreação para crianças está enferrujado. Ainda tem espelho quebrado e falta de torneiras na parte interna dos banheiros e a falta de limpeza em um monumento instalado na praça.
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