Itajaí, localizada no litoral centro norte de Santa Catarina, possui o segundo maior Produto Interno Bruto do estado e é considerada a Capital Nacional da Pesca. Parte desse bom resultado econômico da cidade é herança da história do município, que recebeu diversos povos colonizadores, responsáveis por desenvolver diferentes atividades econômicas.

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A história de Itajaí se inicia a partir de uma formação étnica diversificada. À cultura indígena, somaram-se as contribuições de imigrantes de diversas etnias. Segundo Francisco Braun Neto, professor e historiador da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), Itajaí recebeu imigrantes de todas as partes na sua colonização.

— Itajaí não entrou diretamente na imigração açoriana de 1750, ela recebeu esses açorianos também, mas não é uma cidade de imigração essencialmente açoriana — explica.

A colonização

O início do processo colonizatório acontece na segunda década do século 19 em função dos interesses da coroa portuguesa de ocupar o território sul da colônia e assim garantir a posse da mesma. Foi por essa razão que foi enviado Vasconcelos Drumond com a missão de destruir torres e promover a ocupação e torná-las produtivas. Logo em seguida, com a chegada de Agostinho Alves Ramos no papel administrador local, iniciou-se a instalação de um povoado que vivia de origem à cidade.

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A fim de dar início ao processo, o administrador designou a um de seus escravos, Simeão, para a tarefa de construir uma Igreja, hoje conhecida como Igrejinha de Imaculada Conceição ou Igrejinha Velha. Pronta a igreja, precisava-se de um cura: um padre para batizar os recém nascidos e casar os adultos, lembrando sempre que vivíamos sob a condição jurídica de união Estado x Igreja e só o cidadão que fosse batizado (a certidão de batismo era o equivalente a certidão de nascimento).

Se o cura não tinha batizado, não havia itajaienses; Itajaí era território de Porto Belo e a paróquia também era de Porto Belo. Daí a importância de elevação do povoado à condição de curato.

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Na primeira metade do século 19 aconteceu o advento de açorianos e portugueses. Não são migrantes que vieram dos Açores e de Portugal, mas são da segunda migração de grupos já estabelecidos no litoral de SC, principalmente nas áreas próximas à Florianópolis. Vieram atrás da pesca e da agricultura. O mar e os rios os atraíram. Na agricultura, o cultivo da mandioca para abastecer os engenhos de fabricação de farinha, o arroz e o milho foram introduzidos por eles, principalmente ao longo do rio Itajaí Mirim.

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Chegada dos alemães e italianos

Em meados do século 19, começaram a chegar os imigrantes alemães e italianos, também ligados à agricultura, mas muitos com experiência na indústria em função do processo de industrialização em curso no velho continente. Muitas famílias de imigrantes já vêm com forte relação com o comércio, razão pela qual se estabeleceram às margens do Itajaí Açu, ideal para a prática de sua atividade. Daí nasce o porto e Itajaí se torna o entreposto comercial com a Europa, América do Sul e outras regiões do país.

É essa variedade de atividades ligadas diretamente à presença de diferentes etnias e culturas, que promove essa miscigenação não só de raças e culturas, mas também de uma diversidade de atividades econômicas que garantem uma variedade de produtos e produções.

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Não podemos esquecer também que, devido ao regime de escravidão, muitas pessoas escravizadas eram compradas e revendidas para o exercício de diferentes atividades, principalmente como mão de obra portuária. Muitas pessoas que foram alforriadas ou fugiram do regime também aportavam em Itajaí. 

Itajaí é produto dessa mistura e do trabalho de toda essa gente que se instalou. Em 1860, finalmente Itajaí se torna município. Com a instalação da Câmara de Vereadores , em 15 de junho de 1860, nasce oficialmente o município de Itajaí, emancipado de Porto Belo.

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Comércio portuário ganha impulso no século XIX

O comércio portuário ganhou impulso na segunda metade do século XIX, principalmente com as áreas coloniais.

— Nesse momento, a cidade de Itajaí vai ser o porto onde os produtos coloniais vão ser exportados para outras regiões de Santa Catarina, principalmente na faixa litorânea e para outras regiões do Brasil e mesmo no cone sul (Montevidéu e Buenos Aires) — conta o historiador.

Atividade portuária foi importante desde cedo para Itajaí

Detentora da maior renda per capita do Estado, a cidade de Itajaí possui também o segundo porto brasileiro em movimentação de cargas em contêineres. Relatos históricos mencionam a importância do porto para a cidade desde o século XIX, não somente em relação ao trânsito de colonizadores estrangeiros, mas também ao forte comércio fluvial que acontecia em Itajaí.

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— O Porto de Itajaí começa a ganhar força com o comércio na segunda metade do século XIX e vai ser um impulso para o processo de industrialização do Vale do Itajaí e Itajaí Mirim. Itajaí foi e continua sendo a porta de entrada e saída dessas mercadorias e também de pessoas — aponta Francisco.

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Pesca industrializada começa com baixa da extração de madeira

No século XVIII, os açorianos foram atraídos para Itajaí pela intensa atividade econômica da extração de madeira. Na primeira metade do século 20, a agricultura e a madeira permaneceram fortes, mas, no final dos anos 60, o ritmo de extração da madeira começou a apresentar queda, revertendo a longa tendência de crescimento experimentada nos primeiros anos.

Em contrapartida, a pesca ganhou espaço a partir dos anos 1970, quando a economia de Itajaí se diversificou ainda mais. Permaneceu forte o trabalho no Porto e na pesca, mas houve também o aumento no comércio, indústria e serviços.

— A pesca em Itajaí foi uma atividade relatada desde o final do século XIX e início do XX, mas no começo a pesca era restrita à pesca do bagre na região, que era mais artesanal. O bagre salgado era vendido para outras regiões do Brasil, inclusive. Com a queda da exportação da madeira, a pesca começa um processo de industrialização, que vai ter impulso principalmente na década de 1960 e 1970, que é quando a cidade vai se especializar na pesca da sardinha, do atum e que faz com que a cidade se torne o maior porto pesqueiro do Brasil. O que já aconteceu na década de 1980 — conta Francisco.

Itajaí possui o maior porto pesqueiro do Brasil

Atualmente, a cidade tem aproximadamente 700 embarcações de pesca industrial, nas mais variadas modalidades de captura, e cerca de 40 indústrias de pescado congelado. Tudo isso leva Itajaí a ser responsável por 55% do mercado nacional de pesca e a ter o maior porto pesqueiro do Brasil.

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O setor da pesca representa o segundo PIB de Itajaí e é referência em tecnologia, inovação e qualidade. Quase 20 mil pessoas trabalham direta ou indiretamente no setor na cidade. Além disso, a Lei Estadual nº 17.587 reconhece oficialmente Itajaí como a Capital da Construção Naval e do Turismo Náutico.

Veja mais no site da Prefeitura de Itajaí ou no canal Itajaí – A cidade que vive das águas.

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