A história que mais marcou o ex-goleiro do Joinville Raul Bosse não tem nada a ver com os cinco títulos que ele conquistou vestindo a camisa do Tricolor entre as décadas de 1970 e 1980 (1976, 1979, 1980, 1981 e 1982). Uma fuga às pressas do estádio do Figueirense, em Florianópolis, em 1978, ficou eternizada em sua memória.
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– Logo no começo da partida, o árbitro expulsou três jogadores nossos. Então, nosso diretor de futebol, o Carlos Alberto Virmond, mandou mais dois jogadores nossos caírem, alegando lesão, para a partida ser interrompiada-, recorda Bosse.
O juiz atendeu ao desejo do diretor de futebol do JEC da época, e após esperar por muito tempo o retorno dos atletas “machucados”, encerrou o jogo. Com o término precoce do clássico, ainda na primeira etapa, torcedores jequianos tentaram invadir o gramado para dar socos e pontapés nos jogadores do próprio time.
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A briga generalizada só não aconteceu de fato porque a Polícia Militar agiu rapidamente e fez a escolta até a BR-101. A paralisação foi interpretada como ação antidesportiva pela Federação Catarinense de Futebol, que tirou pontos do Tricolor no Estadual daquele ano e deu a vitória para o mandante do duelo.
Sai o jogador, entra o empreendedor
Com o baixo salário de jogador naquela época, Raul Bosse rapidamente procurou novos meios para ganhar dinheiro. Ainda na época em que jogava pelo América (1974), antes da fusão com o Caxias, ele decidiu comprar um táxi. Depois de alguns anos trabalhando como taxista, sofreu um assalto, razão suficiente para mudar de ramo.
As lesões e o sobrepeso que Raul Bosse ganhou após quebrar a perna em 1981 apontavam o encerramento da carreira. Antes de deixar o Joinville, ele já tinha vendido seu táxi para comprar o ponto de uma padaria, na rua Anita Garibaldi.
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Com o sucesso do empredimento na Anita Garibaldi, a ex-muralha do Joinville nos anos 70 mudou-se para o bairro Nova Brasília, onde montou a Padaria e Confeitaria Raul Bosse, no prédio que trabalha e vive com conforto atualmente.
Não levava desaforo para a casa
Em outro clássico contra o Figueirense, o Alemão, como Bosse era conhecido pelos companheiros de Joinville, protagonizou uma cena no mínimo hilária. Após cruzamento na grande área, o atacante Cabral, do Figueira, não alcançou a bola para concluir em gol e caiu no chão. O goleiro, de 1,83m e físico privilegiado, deu início às provocações. Jogando-se em cima do atacante, ele perguntou se havia se machucado.
– Ô, nego, se machucou!?
Cabral, irritado, como resposta encheu as mãos com a terra que havia próxima à marca do pênalti e arremessou no goleiro. Aí, Bosse agiu conforme a lei do “olho por olho, dente por dente”. O goleiro enfiou os dois dedos nos olhos de Cabral e deu início a uma confusão generalizada.
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O árbitro expulsou os dois. Bosse, fora de si, partiu para cima do atacante, que teve que fugir correndo por todo campo. Bufando de raiva, só desisitu quando três colegas do Tricolor conseguiram imobilizá-lo pelo braço. Enfim, como ele mesmo se descreve, Bosse era um cara que não levava desaforo para casa.