Braço do Trombudo é uma cidade que vive no ponteiro do relógio. Intervalos de minutos mudam a paisagem do pacato município de 3,6 mil habitantes no Alto Vale do Itajaí. Em um dia comum de semana quase não se vê pessoas nas ruas, mas quando o relógio marca 13h12min os braço trombudenses se movimentam. O horário da troca de turno de uma indústria metal-mecânica que emprega a maior parte dos moradores do Braço, como é chamado, é o momento em que as ruas do Centro são tomadas por quem vai ou volta do trabalho.
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Se todos os moradores do Braço votassem em um mesmo candidato em uma cidade como Blumenau, por exemplo, conseguiriam eleger um vereador, na melhor das hipóteses. E isso dependeria do desempenho da chapa. Em uma cidade pequena, no entanto, eles têm a consciência de que o voto de qualquer pessoa faz a diferença. A prova? O atual prefeito da cidade, Charles Schwambach (eleito pelo PT, e hoje no PP), foi eleito por apenas cinco votos de diferença. Teve 1.393 contra 1.388 de Nildo Melmestet, conhecido como Colorido (PMDB). Em 2012, foi a cidade do Vale do Itajaí com a disputa mais apertada na última eleição. E pela expectativa dos moradores, a situação deve se repetir este ano.
Colorido tenta novamente o pleito e Schwambach não quer a reeleição, mas concorre como vice da chapa de Adriano Treinatti (PSD). Novamente polarizada nas urnas, a cidade também está dividida. Moradores esperam mais uma decisão por poucos votos, mas o descontentamento com a política – sentimento não exclusivo das cidades grandes – deve fazer o número de anulações aumentar. Em 2012 as abstenções, brancos e nulos somaram 307 votos. Muitos mais que o suficiente para mudar o rumo dos últimos quatro anos. Parece, também, que os candidatos não estão tão interessados em reduzir tal número. Pelas ruas não se vê cartazes em carros, santinhos e nem sinais de que a eleição se aproxima.
– A campanha está bem parada. Aqui eles fazem muito visitas de casa em casa, mas tá bem parado esse ano, quase não se vê os candidatos – diz o operador de máquinas de 26 anos que não quis se identificar para não gerar intrigas em período eleitoral. Situação comum em cidade pequena, especialmente onde um voto faz tanta diferença.
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Eleições decididas por
menos de 100 votos
Se juntarmos o número de pessoas que poderiam ter mudado as eleições de Braço do Trombudo e Salete, também no Alto Vale, não seria possível fazer uma partida de futebol. Em Salete a definição em 2012 foi por nove votos de diferença e gerou até complicações na Justiça, com recursos da coligação derrotada. Outras duas no Vale tiveram pleitos decididos por menos de 100 votos: Chapadão do Lageado, por 26, e Vidal Ramos por 38. Na sequência vem Aurora, que teve 107 votos de diferença.
Em uma eleição em que se espera um número alto de abstenções pelo descontentamento visível da população com a política, fica para os candidatos a tarefa de – além de ir em busca de votos – fazer o eleitor comparecer às urnas. Em cidades onde um toque na tecla “Confirma” pode mudar a história, essa missão ganha ainda mais importância.
As disputas mais acirradas no Vale em 2012
? Braço do Trombudo – 5 votos (PT)
? Salete – 9 votos (PSD)
? Chapadão do Lageado – 26 votos (PT)
? Vidal Ramos – 38 votos (PMDB)
? Aurora – 107 votos (PP)
? Ilhota – 113 votos (PSD)
? Rio do Oeste – 121 votos (PMDB)
? Ituporanga – 122 votos (PMDB)
? Agronômica – 159 votos (PMDB)