O poder defensivo sempre foi um dos pontos fortes da Chapecoense e, nos últimos anos, os goleiros têm se destacado. Nivaldo é o maior goleiro da história do clube tendo sido titular nos acessos para as Séries C, B e A. Ricardo foi a revelação do Catarinense em 2010, Rodolpho foi o melhor goleiro do Catarinense 2011 e, em 2014, Danilo foi uma das revelações do Campeonato Brasileiro.
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Além da qualidade dos atletas há algo, ou melhor, alguém, por trás desse sucesso. O preparador de goleiros Anderson Martins, também conhecido com Anderson “Boião”, vem fazendo um bom trabalho no clube desde 2008.
Tudo bem que antes disso Nivaldo já havia sido destaque no Catarinense de 2007, quando a Chapecoense conquistou o tricampeonato estadual. Mas foi com Boião que ele foi o segundo melhor goleiro no vice-campeonato de 2009, conquistou o acesso para a Série C no mesmo ano, foi o melhor goleiro no acesso para a Série C em 2012 e teve a segunda melhor defesa no vice-campeonato da Série B de 2013.
Boião também contribuiu para Rodolpho ser o melhor goleiro no título catarinense de 2011 e para Ricardo ser a revelação em 2010, nas oportunidades em que Nivaldo estava machucado.
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Antes disso, no Atlético de Ibirama, ajudou o goleiro Márcio ser o melhor da posição nos catarinenses de 2004, 2005 e 2006.
Boião foi para a Chapecoense em 2008, com o técnico Mauro Ovelha. E já passou por vários treinadores nesse período. Mas, devido ao bom trabalho, continuou responsável pela preparação dos defensores da meta do Verdão.
Anderson é um cara tranquilo, “na dele” e tem um bom relacionamento com seus atletas. Nas horas de folga gosta de sair para jantar com os amigos e praticar hapkido. Curte ouvir música, principalmente sertanejo, pagode e rap.
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Mas o que mais gosta é de ouvir a torcida gritar o nome dos seus goleiros. Aí ele se sente como se os gritos fossem para ele.
Confira a seguir a entrevista que o mineiro Anderson “Boião” Martins concedeu ao Diário Catarinense.
Diário Catarineses – Quais os fatores para esse bom desempenho dos goleiros da Chapecoense?
Anderson “Boião” Martins – O primeiro passo é gostar do que faz e eu gosto muito do que faço, me dedico ao máximo. Vocês sabem que a gente trabalha muito. Além disso, os goleiros confiam no trabalho e se dedicam ao máximo. O Nivaldo tem 40 anos e trabalha no mesmo ritmo do Danilo e do Sílvio. Ele é um cara que se cuida. E você não vê os goleiros fazendo festa na noite.
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DC – Como foi acompanhar essa evolução da Chapecoense?
Boião – Passei bons e maus momentos. Fui campeão catarinense em 2011 e participei de todos os acessos. Mas também passei o mau momento da quase queda em 2010. Ficava preso em casa, ia do estádio para casa e de lá para o estádio. Nunca ninguém falou mal do meu trabalho. Inclusive naquele ano o Ricardo foi destaque e foi vendido para o Figueirense. Mas me sentia envergonhado com a má campanha do time.
DC – Você já passou por vários treinadores nesse período, como se adaptar ao trabalho de cada uma?
Boião – Procuro não interferir no trabalho deles.
DC – Foi mais fácil quando o treinador era o Dal Pozzo, que também era goleiro?
Boião – Ele entendia mais da posição. Um goleiro, por melhor que seja, vai falhar. Mas é preciso dar continuidade. Não pode trocar um goleiro só porque ele falhou. No início do ano mantivemos o Nivaldo até o final do turno do Catarinense mesmo ele não estando num bom momento. Daí entrou o Danilo no hexagonal e aproveitou a oportunidade.
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DC – A que você atribui a ascensão da Chapecoense?
Boião – A coisa boa que a Chapecoense tem é a torcida, o apoio de toda a cidade e a direção do clube. Todos abraçaram a equipe. Quando cheguei a gente ia no estádio e tinha muita camisa do Grêmio e do Inter. Hoje não vejo isso. Hoje tem 15 mil torcedores no estádio e os 15 mil com camisa da Chapecoense. Cheguei aqui na hora certa, no momento certo.
DC – O que mais te marcou nesse período em que está na Chapecoense?
Boião – Um dos momentos mais marcantes foi no acesso da Série D para a Série C. No jogo de ida, que vencemos, viajamos 27h de ônibus até o Alto Araguaia. No jogo de volta teve granizo, perdemos por 1 a 0, mas conquistamos o acesso.
DC – Como foi para você ver o Danilo se destacando no campeonato nacional?
Boião – É uma satisfação trabalhar com um goleiro que ninguém conhecia, num clube debutante na Série A e ver ele se destacando entre os 20 melhores do campeonato, sendo escolhido o destaque do clube. Isso concorrendo com goleiros do Flamengo, São Paulo e Cruzeiro, entre outros. O Danilo fez um grande campeonato. Fico orgulhoso com isso. Quando ele entrava no estádio e o nome dele era gritado pela torcida, sentia como se estivessem chamando meu nome.
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DC – Você fez algum curso fora ou é autodidata?
Boião – Na minha carreira tive preparadores de goleiro muito bons e com eles aprendi bastante. Lembro do Vandinho na base do Democrata, o Chicão no Brasília e o Orlandinho no Paranavaí. Também estudo outros goleiros. Na internet também tem muita coisa. Aí vou aperfeiçoando. O importante é saber colocar esse conhecimento no dia a dia.
DC – De onde vem seu apelido?
Boião – Boião é de comida. Quando cheguei no Ibirama, em 2003, fui no refeitório e falei para a cozinheira: “Tia, o boião tá pronto?” Lá em Minas Gerais boião é comida. Aí o Izazé, que era preparador físico, passou a me chamar de Anderson Boião. E quando cheguei na Chapecoense já tinha o Anderson Paixão e o Anderson Lima. Aí ficou Anderson Boião. Mas eu não ligo.