Distantes do gramado do Beira-Rio, seleções formadas por policiais militares, azuizinhos, artistas, médicos, voluntários e toda sorte de profissionais se dedicaram a fazer da Copa do Mundo um sucesso na capital gaúcha.

Continua depois da publicidade

Uma das razões desse bom resultado foi a iniciativa do Caminho do Gol – percurso que as torcidas faziam a pé do Centro ao estádio. No eixo tomado por multidões a cada jogo, a professora Samya Botelho, 45 anos, pintou testas, narizes e bochechas de argentinos, argelinos, coreanos, alemães e tantos outros visitantes com as cores de suas nações.

Veja as estatísticas da partida

Leia todas as notícias sobre a Copa 2014

Continua depois da publicidade

Confira a tabela completa do Mundial

Os argelinos, ruidosos, expansivos, chegavam em grupos gesticulando e pedindo a reprodução da bandeira do seu país, todos ao mesmo tempo. A solução era colocá-los um ao lado do outro para pintar os rostos como em uma linha de produção. Primeiro, o verde. Depois, o branco. Por fim, a lua crescente e uma estrela vermelhas. Ao todo, os sete maquiadores envolvidos pintaram cerca de 2 mil torcedores.

– Foi uma experiência cansativa, mas muito rica. Convivemos com gente de todos os lugares, pessoas muito simpáticas, como os argentinos e os argelinos – comenta Samya.

No final do trajeto, já no entorno do estádio, o filho da professora, Sérgio Luís Pestana, 20 anos, também se dedicou a colorir o rosto dos visitantes que chegavam pela Borges de Medeiros e pela Padre Cacique para ver suas seleções em campo.

Continua depois da publicidade

O azulzinho Fábio Baum ensinou o caminho da Cidade Baixa aos hermanos

Na mesma região, trabalharam dezenas de agentes de fiscalização do trânsito como Fábio Rodrigo Baum, 37 anos, 15 deles como funcionário da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). Baum chegava sete horas antes do início de cada jogo e ia embora duas ou três horas depois, somando quase 12 horas de serviço. E foi o comportamento dos próprios moradores da Capital que mais lhe chamou a atenção:

– Foi incrível como os porto-alegrenses foram pacientes com os bloqueios e desvios. Acho que entenderam o que estávamos fazendo e o motivo.

E não faltaram bloqueios, desvios e restrições a estacionamento nas imediações do Beira-Rio. Para delimitar todos os espaços, foram utilizados nada menos que 1,2 mil cavaletes em Porto Alegre. Além de ajudar motoristas, uma das tarefas mais frequentes de Baum – que fez um curso de inglês oferecido pela prefeitura para se preparar melhor para o evento – foi tirar dúvidas de visitantes e ensinar levas de argentinos como chegar à Cidade Baixa. Uma de suas maiores satisfações foi testemunhar o clima festivo antes e depois dos jogos.

Continua depois da publicidade

– Mesmo quando uma seleção perdia, os torcedores saíam do estádio abraçados, cantando. Era emocionante – conta o azulzinho.

O motorista André Cardozo ganhou até beijo de turista em agradecimento

A empolgação com o clima de Copa do Mundo era tanta que apenas palavras não era suficientes para demonstrar a alegria.

– Uma senhora ficou tão faceira que pediu um beijo. Eu dei, claro – conta o veterano motorista da Carris André Renato Cardozo, 70 anos, que trabalhou como piloto dos carros elétricos usados para transportar pessoas com dificuldade de locomoção. Calcula-se que Cardozo e colegas como Régis Rudinei de Barros Guilherme, 30 anos, tenham transportado cerca de 2 mil torcedores antes e depois de todos os cinco jogos da Copa em Porto Alegre.

Continua depois da publicidade

– Foi incrível poder participar de um evento desses. Fiquei surpreso com os argentinos, muito divertidos e brincalhões. Eles chamavam os nossos carrinhos de papamóvel – recorda Guilherme.

Ainda que os serviço fosse oferecido gratuitamente, muitos usuários quiseram dar gorjetas aos motoristas que faziam o trajeto entre o Praia de Belas e o estádio.

O motorista Régis conta que argentinos chamavam carro elétrico de papamóvel

O mesmo clima de confraternização e diversão contaminou a região da fan fest, onde a professora e participante do programa Brasil Voluntário Darlane Lúcia Barbosa da Silva Teixeira, 46 anos, atuou orientando turistas. Darlane, identificada com uniforme verde, formou com o marido, Flávio Teixeira, uma dupla de voluntários – ela pelo projeto do governo federal, ele com a jaqueta azul da Fifa.

Continua depois da publicidade

– O trabalho despertou uma emoção muito grande porque, mesmo sem falar outra língua, consegui ajudar gente de muitos países e ver a satisfação no rosto dessas pessoas – conta Darlane.

Uma situação marcante para a voluntária foi o agradecimento de uma senhora, na área do Praia de Belas Shopping.

– Ela disse que precisava agradecer porque estava achando tudo muito organizado em Porto Alegre – recorda.

Continua depois da publicidade

Relatos assim mostram que o Mundial deixou um legado na memória de dezenas de craques anônimos como Darlane, André, Régis, Samya e Sérgio. Uma seleção que, mesmo longe dos gramados, também brilhou na Copa do Mundo 2014.

Baixe o aplicativo Além do Campo, da Liga dos Fanáticos, e siga as seleções da Copa.

Android

IOS