Desde 1972, quando em uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) foi debatida a necessidade de preservar os recursos ambientais do planeta, em 5 de junho se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente. A definição fez o assunto entrar na pauta política dos países, ser discutido na mídia e resultou em boas ações coletivas e individuais. A seguir, apresentamos alguns trabalhos voluntários de catarinenses que sabem que preservar também depende de pequenas ações e da conscientização das pessoas. E, por isso, procuram fazer a diferença.

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Espaço Silvestre

OInstituto Espaço Silvestre foi criado em 2010 por Vanessa Kanaan com a ajuda de amigos e parceiros de forma informal. Naquele ano eles conseguiram reunir, curar e soltar um grupo de papagaios-de-peito-roxo. No ano seguinte, na tentativa de formar uma ONG, começaram uma parceria de gestão com o então Instituto Carijós, para os cuidados voltados a essa espécie em perigo de extinção.

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Em seis anos, 102 papagaios foram curados, sendo que 83 foram reintegrados à natureza.O instituto tem sede em Itajaí, base em Florianópolis e atua no Parque Nacional das Araucárias, nas cidades de Passos Maia e Ponte Serrada. Liderado por três voluntárias, que buscam recursos e parcerias, o instituto tem realizado ações com as comunidades locais e as ajudado a gerar renda com as atividades.

– Tentamos mostrar que a ave livre no ambiente natural pode atrair turistas e gerar renda. Hoje temos um grupo de mulheres que fazem artesanato com imagens dos animais e aumentaram a renda das famílias em 62% – diz Vanessa, que atua como diretora-técnica da entidade.

O Espaço Silvestre foi o primeiro projeto do Brasil que recebeu apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para trabalhar a reintrodução de uma espécie animal em uma unidade de conservação. Ao todo foram cinco ações de solturas de papagaio. O grupo busca novos parceiros para cuidar e soltar mais aves em 2017.

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APREMAVI

Em 9 de julho de 1987, em Ibirama, 19 pessoas preocupadas com a destruição da Mata Atlântica na região do Alto Vale do Itajaí se reuniram e fundaram a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida(Apremavi). O desmatamento vinha ocorrendo pela indústria madeireira da região.

Em 1990, o projeto voluntário mudou a base para Rio do Sul e criou o viveiro Jardim das Florestas, na cidade de Atalanta. Ali estão 1 milhão de mudas de 120 diferentes espécies da Mata Atlântica. Hoje a ONG, que acumula prêmios, conta com 27 funcionários, mais de 400 associados e está presente em cinco cidades de Santa Catarina e Paraná. Ao todo, 8 milhões de mudas nativas já foram plantadas.

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– O que mais impressiona é que cada vez mais a população se conscientizam da importância do meio ambiente. São pequenas ações como cuidar do lixo até as políticas públicas que fazem a diferença e as ONGs são potencias multiplicadoras desses valores – avalia Grasiela Hoffmann, secretária-executiva da Apremavi.

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A instituição trabalha por projetos, atualmente são 10 em execução. Para a execução, o grupo busca parceiros como empresários, indústrias e editais públicos que contemplem custos como o cultivo da mudas, logística e mão de obra.

ROUTE

Oprojeto Route começou com o desejo de duas pessoas de entender melhor o impacto do lixo no meio ambiente. Simão Filipe e Marcio Gerba perceberam que muito do lixo das cidades chegava até o mar e começaram a pesquisar sobre o assunto. A primeira ação da dupla aconteceu com a ajuda de amigos na praia da Armação, em Florianópolis, em 2010, quando recolheram oito sacos de 100 litros cada com lixo.

Após mais estudos e pesquisas, entenderam que a situação mundial é bem mais complexa. Diversas ONGs trabalham no mapeamento do lixo oceânico que acumula cerca de 260 mil toneladas de plástico nos mares. O grupo percebeu que era preciso fazer mais do que limpar as praias. Assim, além de ações de limpeza das praias e costões no litoral catarinense, o Route começou a agir no trabalho de conscientização das pessoas, principalmente em escolas.

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Ao realizar a triagem, descobriram que grande parte dos produtos que param no mar são destinados ao público jovem e por isso começaram trabalhos voltados a esse perfil. Além de chamar a atenção para o destino correto dos resíduos, as conversas alertam para a quantidade de plástico consumida diariamente. Durante todo esse processo Marcio Gerba também se motivou para realizar o documentário Uma Gota, no qual conta algumas dessas ações e, por meio de entrevistas com especialistas, tenta mostrar a situação crítica dos oceanos ao redor do mundo.

R3 ANIMAL

A ONG começou em 2000, ajudando a Polícia Ambiental, que recebia e capturava animais feridos ou sem condições de retornar ao habitat natural. O objetivo da R3 (que explica o nome do grupo) é resgatar, reabilitar e reintroduzir os animais na natureza. Até 2014 esse trabalho realizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, em Florianópolis, foi 100% voluntário. Desde 2014, porém, a R3 Animal passou a receber recursos da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) e parte do trabalho se profissionalizou. Hoje a ONG tem 20 funcionários e 30 voluntários. 

O centro de reabilitação recebe animais silvestres de todo o Estado, que chegam machucados ou domesticados. Além de cativeiros, o espaço tem piscinas para tratar de animais marinhos. No centro estão pinguins, lobos marinhos, pássaros e macacos.

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– Aproximadamente 90% dos animais que recebemos são pássaros vindo do tráfico ilegal. Temos um boa taxa de soltura, mas ela depende muito do estado de saúde dos animais – explica a médica veterinária e presidente da ONG, Cristiane Kolesnikovas.

O projeto também promove educação ambiental na comunidade, na tentativa de que as pessoas que moram na região também busquem salvar animais e preservar o parque. A principal ação educativa é feita por meio da trilha do Rio Vermelho, onde há diversas informações sobre a fauna e flora locais.

AMA Garopaba

AMA Garopaba faz mutirões de limpeza em Garopaba, no Sul de Santa Catarina Foto: Divulgação / Monitoramento Mirim

Garopaba é reconhecida pela conexão com o meio ambiente e atrai diversos grupos que buscam sintonia com a natureza. Um desses trabalhos é desenvolvido pela Associação Comunitária Amigos do Meio Ambientepara ecologia, desenvolvimento e turismo sustentáveis (AMA Garopaba), que conta com 12 pessoas. Entre as ações estão mutirões de limpeza de praia e lagoas da região, mostra de projetos ambientais e plantio de árvores.

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Mas o principal projeto é o Monitoramento Costeiro Mirim, que trabalha com 14 escolas e já engajou 1,2 mil crianças na educação ambiental. O trabalho consiste em tornar cada instituição responsável pelo monitoramento da praia mais próxima e isso é feito pelos próprio alunos. As crianças recebem GPS, bússola, lupas, pás, peneiras, réguas, baldes, bandejas, barbantes, trenas, estacas, mangueira de nível e termômetro e atuam em grupo compilando dados que serão depois analisados em sala de aula. Dessa forma, elas se sentem importantes no processo e passam e defender as ações.

– A gente percebe que as crianças são muito ativas e gostam de sair da escola. Assim elas também aprendem a preservar à medida que conhecem e se sentem valorizadas – avalia Caroline Schio, coordenadora do projeto.

A AMA trabalha com voluntários e parceiros, mas também busca recursos de editais e da iniciativa privada para sustentar os projetos.

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