Esqueça os tênis, as botas e os bastões de trilha. Tire da cabeça também as subidas verticais dos morros de Florianópolis. Mas não pense que será moleza, pois para fazer esse passeio, você vai remar, seja num stand up paddle, caiaque ou canoa. Apresentamos agora a exuberante trilha aquática do Rio Vermelho, que fica no extremo norte da Lagoa da Conceição e dura cerca de 1h30.
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Ela é apenas uma das muitas atrações naturais que o Parque Estadual do Rio Vermelho oferece, apesar de pouco conhecida. Fica na Rodovia João Gualberto Soares e conta com estacionamento. Custa R$ 20 para moradores (levando comprovante de residência) e R$ 40 para turistas. A Hora de Santa Catarina fez o trajeto junto com guias e dois casais, um de São Paulo e um de Montevidéu (UY).
— A gente já veio uma vez para Ilha mas conhecemos apenas as praias. Dessa vez queremos descobrir as trilhas e a natureza. E eu também quero aprender a surfar, então o SUP é uma boa ideia! — disse o turista Pedro Plácido, de 26 anos, morador do interior paulista.
Assim como Pedro, o repórter também remou de SUP. Já o fotógrafo Diórgenes Pandini foi de canoa para fazer as imagens. Antes de ir para a água, os guias deram uma pequena aula de como remar corretamente. Durante o trajeto, enquanto podemos aproveitar a linda vista dos costões e as casinhas da isolada Costa da Lagoa, os guias contaram desde os homens pré-históricos que habitavam a região e ali ergueram sambaquis, até os imigrantes açorianos que construíram engenhos de farinha de mandioca nos morros e usavam as trilhas para levar os produtos até o Ratones e os Ingleses.
Chegando numa área de mangue, o passeio se tornou de fato uma trilha aquática, com caminhos estreitos de água e muita vegetação e animais. Quem tiver sorte poderá observar macacos, pássaros, peixes e tartarugas. Os guias deram uma breve explicação sobre a fauna e flora do local que ainda está em recuperação, desde que a região foi toda devastada para a agricultura da mandioca e da banana.
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No mangue, fomos convidados a fazer um ritual: erguer uma pilha de pedras. A intenção é que elas fiquem ali para sempre e que a região nunca mais volte a ser usada para o plantio ou pecuária. A uruguaia Stefani Dias, de 26 anos, que veio para Floripa pela primeira vez, deixou a sua pequena torre ali e espera voltar um dia para a Ilha e vê-la de novo.
— Estamos hospedados nos Ingleses. Passamos de carro pela estrada, vimos a placa do parque e resolvemos entrar. É lindo demais isso aqui, muito diferente de Montevidéu! — comparou a estrangeira.
Depois, fomos até o Rio Vermelho e entendemos porque ele tem esse nome. Devido ao solo ferroso, a água adquire um aspecto hora alaranjado hora avermelhado.
— É como se colocasse um prego enferrujado dentro de um copo d'água – explicou o guia Izaias dos Santos.
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— A trilha aquática, além de mostrar essa beleza única da Mata Atlântica, nós estamos conscientizando os moradores sobre a importância da preservação ambiental. Ninguém vai sair daqui igual antes — diz a Adriana Nunes, coordenadora do Parque Estadual do Rio Vermelho.
Segundo Adriana, para a próxima temporada, a trilha deverá levar até os engenhos de farinha, hoje o trajeto está muito fechado. A ideia de parcerias é o que norteia a gestão da Adriana. O parque também está usando a trilha para realizar um levantamento botânico medicinal em parceria com a UFSC.
Importante: o parque funciona das 9h às 16h, de terça-feira a domingo. Leve protetor solar e água, pois você vai remar!
Outras atrações do parque
São muitas atividades que o parque oferece. Além da trilha aquática, tem a própria trilha do Rio Vermelho em si, que leva até a praia do Moçambique. Lá também fica o Centro de Triagem de Animais Silvestres, onde os bichos recolhidos pela Polícia Militar Ambiental são recuperados. E tem a R3 Animal, que cuida dos pinguins que chegam exaustos à Ilha de Santa Catarina durante o nosso inverno.
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O parque também tem uma parceria com a Eco Paerv, que promove educação ambiental, não só para quem vai ao local, mas também junto aos moradores.
— Queremos trazer melhorias para o bairro do Rio Vermelho. Temos ações de conscientização nas escolas do entorno, capacitação para os guias, geração de emprego, atividades esportivas, cavalgas — destacou a Graziela Rodrigues, presidente da Eco Paerv.