Um trabalho que exige lealdade e treinamento intenso. A rotina do canil do 14º Batalhão de Polícia Militar é marcada pela união do cão com o policial. Eles trabalham em conjunto, como se fossem um só. O K9 de Jaraguá do Sul, denominação dos canis da PM, é composto por cinco tutores e cinco cachorros. O foco do trabalho é estar um passo à frente dos bandidos e não ser surpreendido em ocorrências.
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:: Confira uma galeria de imagens do canil ::
O responsável pelo K9, o soldado Diego Henrique Kunze, explica que o primeiro quesito para realizar o serviço no canil é mostrar afinidade com os cães. Isso porque os animais tiram férias, serviço e até atestado junto com os policiais. Essa ligação ocorre até a aposentadoria do cão, que acontece quando o animal completa oito anos de trabalho efetivo ou dez anos de idade.
_ Todos que entram no canil têm verdadeiro amor por cães. Afinal, somos responsáveis por todos os cuidados básicos que o animal exige. Até a finalização da obra do canil, em dezembro, os cães vão para casa com a gente _ afirma Kunze.
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Há três anos, o canil foi criado com dois pastores-belga-malinois. Thor e Zeus mal pisaram na corporação e, com três meses de idade, já começaram o treinamento. Após a morte de Zeus, em abril deste ano, mais quatro filhotes chegaram para somar as atividades do canil.
_ Escolhemos a raça pastor-belga-malinois por ser completa. Os cães desta raça têm bom comportamento e resistência, o que é fundamental para as atividades do K9 _ destaca Kunze.
Treinamento explora diferentes situações
O treinamento dos novos integrantes do canil da PM em Jaraguá do Sul começou quando eles completaram 45 dias de vida. A primeira etapa do processo inclui a adaptação do cão ao seu tutor. Depois disso, têm início os ensinamentos de obediência.
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_ O primeiro passo é criar um vinculo de dependência e proteção do cão pelo tutor. No início, os cachorros se alimentados somente na mão do condutor para criar essa dependência _ explica Kunze.
Conforme ele, o uso diário das ordens faz com ocorra um treinamento involuntário. Todos os membros do K9 realizaram um curso de capacitação em Florianópolis. O treinamento envolve o uso de brinquedos e ordens passadas em francês. Os tutores também aprendem a descobrir a aptidão dos cães ao brinquedo preferido do animal. O objetivo é que os filhotes se especializem em entorpecentes, mas também foquem a busca em matas, além de oferecer guarda e proteção.
_ Os cães acham que tudo é uma brincadeira. Encontram o brinquedo com odor de maconha, ganham recompensa. Seguem a trilha até o local do cheiro e ganham outra recompensa _ diz.
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Antes de começar os treinos, o policial busca a socialização do animal. Kunze explica que o cão não pode ter medo de altura, se assustar com sons ou se dispersar durante a ocorrência.
_ Fazemos a socialização do cão com outros animais, como gato e galinha. E apresentamos diversas situações para que durante a ocorrência, ele mantenha o foco _ informa.
A partir dos seis meses, os treinos de faro de entorpecentes e busca em mata são reforçados. Já os treinos de guarda e proteção são feitos apenas quando os cães atingem os 18 meses. Com o avanço dos treinos, os policiais vão aumentando a dificuldade. Um exemplo é o primeiro treino de faro de entorpecentes. O brinquedo fica escondido em uma caixa e cabe ao cão encontrá-lo. Na medida em que se torna fácil, os policiais aumentam o número de caixas e despistam o odor com outros cheiros, como gasolina.
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No treinamento de guarda e proteção, é criado um cenário para que o cão saiba como se comportar. Ao atacar um dos membros do canil, o animal aprende que só pode soltar o bandido quando lhe é dada uma ordem. Além disto, tem que aprender qual mão morder e como atacar o suspeito.
_ Focamos os treinos nessas três funções, mas também treinamos os animais para controle de distúrbio civil, que pode ser manifestações ou dias de jogos.
Eros, Taison, Conan e Aron são treinados individualmente e não há uma data limite para estarem prontos para trabalhar nas ocorrências. Cada cão tem o seu ritmo de aprendizado. O objetivo é deixá-los preparados para as mais diferentes situação e não ser surpreendido. O Thor, que está com três anos, é o único cão pronto para as ocorrências.
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Thor já fez a diferença
O cão Thor fez a diferença na ocorrência dos caixeiros que renderam os vigilantes do supermercado Angeloni e tentaram explodir os caixas eletrônicos do estabelecimento em maio deste ano, em Jaraguá do Sul. Naquele dia, os suspeitos trocaram tiros com a PM, fugiram e entraram em uma mata, em Schroeder. O soldado Diego Kunze, tutor de Thor, conta que a corporação estava preocupada naquela ocorrência, pois os bandidos usavam fuzis e poderiam atirar de qualquer lugar da mata. Porém, os suspeitos deixaram as balaclavas dentro do carro abandonado no início da mata.
_ A ocorrência era similar a dos treinamentos. Thor cheirou as balaclavas e nos guiou mata adentro. Foi quando percebemos rastros dos bandidos e fomos seguindo as pistas _ relembra Kunze.
Um suspeito escapou, dois bandidos foram mortos em confronto com a polícia e outro assaltante foi morto por um homem que foi feito de refém. Ao todo, 100 policiais trabalharam durante 15 horas com ajuda de Thor.
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_ Sem ele, não saberíamos para qual direção seguir _ enfatiza Kunze.
Confira imagens do treinamento: