Nesta segunda-feira (25) completa uma semana do deslizamento de terra que interditou a SC-108 e atingiu dez casas, em Guaramirim.
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Desde que as imagens daquela segunda-feira (18) vieram à tona, muita gente se perguntou: como ninguém se feriu durante o deslizamento? O motivo: uma moradora arriscou a própria vida para alertar os vizinhos.
O pé esquerdo ainda machucado é uma das lembranças daquela noite chuvosa da madrugada de domingo para segunda. Eram duas horas da madrugada. A costureira Jaqueline Pereira Vavassori ainda estava acordada quando começou a ouvir os barulhos fortes causados pela chuva.
– Era muita chuva, então estava supervisionando por medo do que podia acontecer – relembra Jaqueline em entrevista à NSC TV. Por volta das 3 horas da madrugada a água começou a atingir a casa dela.
– Quando vi, deu curto circuito, o gás estourou, apagou toda a vila e eu disse: vamos correr porque a desgraça vai ser grande – completa.
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Ela, o marido e os dois filhos correram para escapar da chuva. Mas antes de continuar, Jaqueline lembrou-se que os vizinhos também corriam risco. Foi aí que ela começou a gritar para acordá-los.
– Eu fui berrando e um foi avisando o outro. Eu acionei o alarme, eu fui o alarme de incêndio. Foi muito rápido – recorda Jaqueline.
Mesmo depois de salvar a família e avisar parte dos vizinhos, a costureira não abandonou a Vila Freitas, onde mora há 18 anos.
Enquanto ajudava outras pessoas, era a mãe dela, Vera Alice Pereira, quem acolhia os filhos de Jaqueline.
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– Ela mandou os filhos dela na frente, todos molhados e sem roupa nenhuma. Quando perguntei a eles sobre os pais, eles disseram desesperados: avó, acho que a mãe morreu e está tudo soterrado – narra Vera.
Após uma semana
A região permanece interditada. Dez casas foram atingidas e seis desapareceram completamente em meio ao barro, inclusive a residência onde Jaqueline morava com a família. Eles estão vivendo com a mãe, Vera Alice, até alugarem uma casa, assim como faz a maior parte dos moradores atingidos.
Essa não é a primeira vez que a costureira perde a moradia. Em 2008, o imóvel foi destruído pelo fogo.
O ato heroico da costureira de ajudar ao próximo, mesmo sendo uma das vítimas, é mais um motivo de orgulho para a família.
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– A gente fica orgulhosa que ela tenha pensado nos outros e não apenas em si – diz a irmã, Alessandra Alice Pereira.
Mesmo assim, Jaqueline não se considera heroína. Ela afirma ter feito o que deveria fazer.
– Eu não me sinto heroína. Eu só agradeço que estamos vivos e digo: bens materiais, a gente conquista. O importante é a vida, a solidariedade, o amor ao próximo, e foi por isso que eu fiz – finaliza.
No local, 68 residências ainda continuam interditadas e as famílias estão na casa de parentes e amigos. Durante esta segunda-feira o coordenador da Defesa Civil de Guaramirim está em Florianópolis para entregar o pedido de situação de emergência.