Por dois anos consecutivos, Oldemar Olsen Júnior conquistou o prêmio nacional Cidade de Manaus. As obras vencedoras “Tu viverás também” e “Fechado para Balanço”, respectivamente em 2019 e 2020, ainda são inéditas. Mesmo com essas e outras premiações em reconhecimento à produção literária, ele conseguiu publicar oito livros dos mais de 20 já escritos em todos os gêneros, com exceção do teatro.

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Em 1993, lançou o primeiro título solo “Os esquecidos do Brasil”, que recebeu o prêmio Revelação da Academia Catarinense de Letras. Chegou a ser finalista do prestigiado Jabuti com “Desterro”, em 2000. No entanto, precisou financiar com recursos próprios seis das obras impressas.

Os esforços para a publicação têm episódios inusitados. Certa vez, um amigo se dispôs a intermediar o contato com um editor que conhecia. Olsen Jr. precisou procurar e comprar em sebos alguns dos próprios exemplares esgotados para reunir a coleção do trabalho dele e enviar para o editor. Missão cumprida com esforço, colocou o pacote nos Correios, mas o carteiro foi roubado durante a entrega das correspondências. Frustração para os assaltantes, provavelmente imaginando algo “valioso” e para o remetente esperançoso.

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Chegou a fundar três editoras: no município de Blumenau, a extinta Acadêmica e a da Furb em atividade, e Paralelo 27, que funcionou por sete anos em Florianópolis. Pela Acadêmica, organizou a antologia “Outros catarinenses escrevem assim” (1979), dando espaço aos novos poetas do Estado que não haviam sido incluídos em “Assim escrevem os catarinenses”, editada por Emanuel Mendes Vieira.

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A literatura enlaça Olsen Jr. desde a infância no município de Chapecó, onde nasceu no ano de 1955. Em casa, os pais eram leitores vorazes. Aos nove anos, ingressou em um internato e passava horas na biblioteca. Adolescente, começou a escrever um romance. Entrou em 1973 para a primeira turma de Engenharia Civil da Universidade Regional de Blumenau (Furb), frequentou por sete anos o curso, que tinha duração regular de cinco anos, e desistiu quando foi surpreendido escrevendo poema na prova de Cálculo.

Nessa época, marcada pela repressão da ditadura militar, não se intimidou e começou a escrever nos jornais acadêmicos. Certa vez, assinou uma coluna sem texto, apenas com o título “A participação do universitário na política”. Foi chamado no 23º Batalhão da Infantaria de Blumenau e lá passou o dia tentando esclarecer o que quis dizer com aquilo que não disse. O conformismo também foi contestado pelo catarinense à frente da organização dos salões de artes plásticas, cooperativas de livros, concursos de literatura, festivais de cinema e de música, meios de expressão e resistência dos universitários.

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Ao desistir da faculdade de Engenharia, formou-se em Direito, mas abandonou o diploma para seguir como jornalista, escritor e editor. Passou a colaborar em jornais regionais. Em 2011, foi eleito para integrar a Academia Catarinense de Letras (ACL). Depois de permanecer por 30 anos em Florianópolis, mudou-se para Rio Negrinho, onde mora atualmente, preferindo continuar a escolher como viver e sem se render ao conformismo do mercado editorial, mesmo que tenha que editar e publicar, além de escrever. Viking é como alguns amigos o chamam! 

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*Texto de Gisele Kakuta Monteiro

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