Depois de cinco anos em busca de diagnóstico, sete internações, uma cirurgia e intermináveis exames, os médicos bateram o martelo: o pequeno Caio Szerszen, 9 anos, tinha uma doença rara chamada Doença Granulomatosa Crônica – DGC. Caracteriza-se basicamente pela incompetência do organismo em combater infecções produzidas por fungos ou bactérias. O único tratamento era o transplante de medula óssea, para que corpo passasse a agir contra os microrganismos invasores.
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Durante muitos anos, para ter uma vida “quase normal”, Caio precisou tomar várias medicações, algumas fortíssimas, usar bombinha de asma e fazer fisioterapia duas vezes por dia, além de pomadas para alergia e usar máscara. Mesmo com todos os cuidados ele teve que tirar um pulmão, que parou de funcionar depois de várias infecções.
Em 2015, Caio entrou na fila de espera por um doador de medula óssea. Era uma corrida contra o tempo. Os pais fizeram todo tipo de campanha, incentivando as pessoas a serem doadoras de medula, já que a chance de achar alguém compatível fora da família é uma em 100 mil. Um doador foi encontrado na Europa e depois de exaustivas negociações com o plano de saúde, a cirurgia foi finalmente marcada.
O transplante foi realizado no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, dias 2 e 3 de março deste ano. Primeiro, Caio precisou fazer quimioterapia para zerar a imunidade, e depois receber a nova medula óssea. Depois disso, seriam mais 100 dias de hospitalização, até poder voltar para casa, em Florianópolis. A medula ¿pegou¿ e o pior já passou, mas a adaptação do organismo leva tempo e exige bastante cuidado. Em agosto, um novo susto: um rim de Caio começou a apresentar problemas (ainda em consequência da doença) e ele deverá em breve passar por uma cirurgia para retirá-lo. A cada 15 dias Caio precisa passar por exames e consultas no hospital de Curitiba.
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O único sobrevivente
Caio é filho da professora Márcia Szerszen, 40 anos, e do auxiliar administrativo Sandro Souza, 47 anos, e irmão da Sophia, de 13 anos. A família mora em Florianópolis e festeja este final de ano como nunca antes.
— Só temos o que comemorar, pois 2016 foi um ano maravilhoso porque conseguimos um doador, o transplante do Caio deu certo e trouxemos ele para casa — diz Márcia.
Quanto a 2017, o desejo de todos é o de que a cirurgia de fevereiro seja a última do garoto, para que ele comece a ter a vida normal de criança com que sonha há tantos anos.
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— Desejo também que não percamos mais crianças para as doenças e que possamos conhecer o anjo doador que deu a oportunidade de Caio continuar entre nós — diz a mãe.
Quando o manezinho entrou na fila de transplante de medula óssea, só existiam 14 crianças no Brasil com o mesmo diagnóstico. Ele é o único sobrevivente entre as crianças que fizeram transplante em Curitiba em 2016.
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