Como toda boa história, essa começou no bar. No caso, era o Bar do Charuto, de propriedade de João Luiz Alves de Oliveira, mas que todo mundo chamava de seu Charuto.
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Ele ficava na rua Dona Francisca e era onde Darci da Silva, Jair Matias e outros amigos de infância se reuniam no início da década de 70, quando decidiram montar um bloco de Carnaval.
Na época o Carnaval de rua de Joinville começava ali na rua Dona Francisca e ia até o centro da cidade. Era muito diferente de hoje, todo mundo ia para a rua e fazia festa. Ninguém se incomodava com o barulho nem com a bagunça, conta Darci, hoje com 62 anos.
O nome da escola foi definido por unanimidade: Escola de Samba Acadêmicos do Serrinha. O batizado aconteceu em homenagem à região onde a maioria do grupo vivia, entre os bairros América e Iririú, chamado de Serrinha, atual Saguaçu.
No início era só um bloco, mas outros amigos foram chegando, os parentes aderiram e o grupo cresceu. Alguns participantes das outras escolas de samba de Joinville, a Kênia Clube e a Unidos do Boa Vista, também mudaram para a Serrinha.
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Dos 15 amigos que deram início ao bloco, comprando os próprios instrumentos, a Escola conquistou 200 integrantes, número expressivo para o Carnaval joinvilense dos anos 70.
Assim, em 1974, a Serrinha desfilou oficialmente como Escola de Samba no Carnaval de Joinville. Para desfilar, a escola pegava emprestado os instrumentos da banda da Escola Técnica Tupy e comprava as fantasias em Curitba com o patrocínio da Prefeitura de Joinville.
Os ensaios aconteciam na casa de “seu” Charuto, na rua Castro Alves, e Darci lembra com saudades das reuniões, quando “ninguém dizia que ia chamar a polícia por causa do som alto”.
Nos anos 80, o Carnaval de rua acabou, “seu” Charuto faleceu e, sem recursos, a Serrinha deixou de existir. Só depois da retomada, já em 2006, é que os instrumentos antigos – Darci os guardou em casa durante as duas décadas – saíram pra rua novamente.
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Quando o Carnaval de rua de Joinville acabou, em 1982, Rodinei da Silva Vieira tinha dez anos, mas o envolvimento com a escola não ficou para trás.
– Eu me lembro das minhas tias me levando aos ensaios da Serrinha e de desfilar na ala infantil da escola – conta ele, que há quatro anos está à frente do retorno da escola de samba.
Em 2010, a Acadêmicos da Serrinha deve desfilar com pelo menos 350 integrantes. O enredo deste ano resgata as principais festas do folclore brasileiro.
Composto por Luiz Antônio de Souza e puxado pelo cavaquinho de Gigi, o samba enredo “Carnaval dos Carnavais: Serrinha, um Carrossel de Alegria” fala da quadrilha e da dança do pau de fita.
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– Ainda está difícil captar recursos, mas estamos contando com o apoio da comunidade e isso é muito gratificante – diz Rodinei.