Schaffhausen fica no norte da Suíça. Uma pequena cidade de ruas estreitas e movimento intenso, com pouco mais de 37 mil habitantes, que fica a 50 quilômetros de Zurique, na fronteira com a Alemanha. Às vezes é até difícil saber de qual lado se está. Os primeiros registros de povoamento da região começaram a surgir há quase mil anos. Não é por acaso que a cidadezinha tem um jeitão de cidade cenográfica de filme medieval.
Continua depois da publicidade
Nas fachadas das casas, as pequenas sacadas, dizem, eram uma forma de os vizinhos se comunicarem, sem que fosse preciso ir para a rua no inverno rigoroso. Hoje, as ruas são disputadas por turistas do mundo todo, principalmente aqueles que viajam a negócios.
Schaffhausen foi construída às margens do Rio Reno, que, durante muito tempo foi usado no transporte de mercadorias. Mas a cascata bem no centro da cidade impedia as navegações. Acabou virando um cartão-postal.
No século 19, o próprio governo começou incentivar a saída dos moradores mais pobres do país. A cidade chegou a receber representantes da empresa que levava imigrantes pra América, em busca de candidatos a uma nova vida.
Foi de um povoado do interior de Schaffhausen chamado Siblingen que os primeiros colonizadores suíços saíram para chegar a Joinville. E foi ali que a equipe de reportagem encontrou Edith Tanner, parente dos colonizadores que ficou na Suíça. Ela lembra que começou a estudar a história da família quando recebeu visitas de americanos interessados em descobrir o passado. Ela é da família Tanner que hoje está espalhada tanto pela América do Norte quanto do Sul.
Continua depois da publicidade
Em meados do século 19, o povoado tinha cerca de 1.300 pessoas. Para uma comunidade que dependia da agricultura, sem muitas terras, era muita gente. Em 20 anos de migração, mais da metade dos moradores mudou de país. Franz Tanner tinha só 19 anos quando decidiu se aventurar na Barca Colon rumo ao desconhecido.
Por anos, o historiador Dilney pesquisou sobre a história dos suíços em Joinville. Ele concluiu que, com o tempo, os alemães chegaram em maior quantidade, impondo na cidade os próprios costumes. Os traços culturais dos alemães foram mais fortes do que os dos suíços, que acabaram se integrando.
Schaffhausen mantém acordo de cidade irmã de Joinville
Um importante legado resgatado ao longo dos anos foi a parceria de Joinville com Schaffhausen, na Suíça, cidade que mais mandou imigrantes para Joinville. Hoje, as cidades são consideradas irmãs, o que permite uma série de atividades, como intercâmbios e cursos.
Alberto Holderegger, de descendência suíça, sempre organizava eventos para os imigrantes da cidade. Foi daí que surgiu a ideia de uma parceria, incentivada pelo então prefeito Luiz Henrique da Silveira. O protocolo foi assinado em 2006 e, desde então, foram executadas muitas ações.
Continua depois da publicidade
A criação da Escola Suíça de Panificação, que funciona até hoje, está na lista de conquistas, contribuindo para a disseminação de conhecimento da área. Em 2008, foi produzido o filme “Suíços Brasileiros – uma história esquecida”, do historiador Dilney Cunha e do diretor Calixto Hakim.
Estudantes e artistas são mandados com frequência para intercâmbios em Schaffhausen. Para os próximos anos, Alberto, que é presidente do Comitê de Cidades Irmãs, espera a renovação do protocolo para manter as ações.
Hoje, são contabilizados em torno de dois mil descendentes suíços em Joinville. Para marcar a colonização, em 2001, foi criada a Praça Suíça, em frente ao Museu de Arte de Joinville, com o monumento desenhado pelo artista Vernon Luiz Creuz. Na escultura, é possível ver o nome das famílias suíças vindas na Barca Colon.
– Os imigrantes fizeram muito pela cidade. Foram os suíços que montaram a primeira cervejaria, por exemplo (a cervejaria Schmalz, criada em 1852). Pelo comitê, também trouxemos treinamentos de confeitos, doces e receitas que aprimoraram a produção joinvilense – conta Alberto.
Continua depois da publicidade
* Textos: Letícia Caroline Jensen, especial para o AN