O autor de "Em Família", Manoel Carlos, escolheu a flauta transversal para dar ao ser personagem – Laerte, vivido por Gabriel Braga Nunes – um ar mais sofisticado. Mas existem outros 12 modelos de flauta, cada um com a sua história.

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Confira a seleção feita pelo site Faro Flautista:

Flauta transversal – Trata-se da flauta transversal moderna (sistema Böhm), feita mais comumente de ligas metálicas e/ou madeira. Recebe este nome por ser empunhada transversalmente, ou seja, de lado. Seu nome mais preciso é "flauta ocidental de concerto", uma vez que há tipos de flautas empunhadas transversalmente que pertencem a culturas orientais e que não são utilizadas normalmente no contexto da música de concerto (música erudita, ou música clássica). (Esta é a usada pelo personagem da novela)

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Piccolo ou flautim – O piccolo ou flautim é um instrumento ainda muito semelhante à flauta ocidental de concerto, mas recebe um nome diferente por questão de tradição. A maneira como o ar é produzido nele é idêntica e os dedilhados são praticamente os mesmos. As duas diferenças maiores são o fato de o flautim produzir sons duas vezes mais agudos que aqueles produzidos pela flauta soprano e por seu tubo ser cônico – e não cilíndrico, como é o caso das flautas modernas.

Traverso barroco – Trata-se ainda de um instrumento de empunhadura transversal, mas, diferente da flauta ocidental de concerto e do flautim, é uma flauta cujo uso está mais limitado à música do período barroco – daí seu nome. Dotada de apenas uma chave e feita de madeira, foi o instrumento que, aos poucos, substituiu a flauta doce dentro da música de concerto.

Flauta doce – A flauta doce era, na Europa, mais utilizada que a flauta transversal até meados do Renascimento. Ao longo do Renascimento e do Barroco, a flauta transversal foi, aos poucos, substituindo a flauta doce, fazendo com que ela caísse em desuso dentro do contexto da música de concerto, retornando – e, mesmo assim, pontualmente – apenas no século XX com a música contemporânea. A flauta doce é chamada em francês de "flûte à bec", ou "flauta de bico", justamente por contar com uma embocadura com formato de bico. Esse bico canaliza o ar soprado em direção à aresta contra a qual ele deve colidir, poupando em muito o trabalho do flautista.

Tin whistle – "Tin whistle", ou, traduzindo literalmente, "apito de latão", é um tipo de flauta de origem irlandesa. Como o nome já diz, o material mais comum para a sua construção é o metal – via de regra, ligas metálicas mais baratas como o níquel e o cobre. O bico é feito de plástico ou de madeira. É um instrumento muito semelhante à flauta doce, mas contém menos orifícios e é limitado a tocar em apenas algumas tonalidades, de maneira que há tin whistles diferentes para cada tonalidade na qual se deseja tocar.

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Flauta de Pã – A flauta de Pã é composta por vários tubos de tamanhos diferentes e todos eles fechados em uma das extremidades, cada um para uma nota musical. Para produzir o som, o flautista apoia o lábio inferior na quina interior dos tubos, sopra contra a quina exterior e desliza o instrumento de um lado para o outro com o auxílio das mãos, a fim de produzir notas musicais diferentes. A Pã é um instrumento cuja origem remonta à antiguidade. A lenda grega diz que uma ninfa chamada Syrinx transformou em uma espécie de bambu aquático, a fim de despistar um apaixonado e possessivo semi-deus Pã. Porém, quando o vento colidiu nos fachos de bambu, o som produzido foi idêntico ao da bela voz da ninfa. Para poder levar seu canto para onde quer que fosse, ele, então, ceifa o bambu, e, a partir dele, monta sua flauta: a flauta de Pã. (O nome grego deste tipo de flauta é siringe – por conta do nome da ninfa). O uso da flauta de Pã, porém, não se limitou aos gregos. Outros povos espalhados pelo mundo também a apreciavam, dentre eles os andinos, nossos vizinhos.

Bansuri – A bansuri é uma flauta transversal de origem indiana. Feita de bambu e contendo de seis a sete orifícios, seu tamanho pode variar de 40cm a aproximadamente um metro de comprimento. A mitologia indiana conta que Krishna tinha a bansuri como seu instrumento musical e suas melodias tinham efeitos mágicos sobre as pessoas e animais. É utilizada tanto para música religiosa quanto folclórica, mas tem assumido, nas últimas décadas, um papel interessante na música erudita indiana – "bansuris de concerto". Existe também uma variedade de bansuri dotada de bico (semelhante à flauta doce), a qual, por ser mais limitada que a bansuri transversal, tem seu uso mais restrito à música folclórica.

Dizi – A dizi (ou di-zi) é uma flauta transversal de origem chinesa, um instrumento muito empregado na música tradicional da China. É também utilizada na ópera chinesa e nas modernas orquestras do mesmo pais. São, via de regra, feitas de bambu, mas há também modelos feitos em jade, muito apreciados por colecionadores de instrumentos antigos. Além dos orifícios destinados ao sopro e aos dedos, a dizi possuiu um outro muito peculiar, o qual é coberto por uma membrana feita de uma camada bem fina de madeira retirada do interior do bambu. Tal membrana recebe o nome de dimo e serve para dar à dizi um timbre mais brilhante e anasalado.

Shakuhachi – O shakuhachi é um instrumento musical tradicional do Japão, muito embora sua origem remonte à China. Diferente da dizi, é uma flauta que se toca na vertical. Dotado de cinco orifícios e de um bocal cuja aresta externa é levemente rebaixada, é geralmente feita de bambu e sua técnica de embocadura lembra aquela da flauta de Pã. O shakuhachi pode parecer, à primeira vista, um instrumento bastante simples, mas não se engane: requer uma técnica de embocadura refinadíssima para ser tocado a contento. l Quena 4 Também conhecida como kena, é outra flauta típica da música andina. Como poderá observar na figura abaixo, sua estrutura é parecida com a do shakuhachi: tem uma embocadura de formato semelhante – o rebaixamento é mais pronunciado, tendo um formato de "U" -, segura-se verticalmente e, geralmente, é feita de bambu. O número de orifícios é diferente – seis, ao invés de cinco. O timbre e a maneira de tocar, porém, são perceptivelmente diferentes!

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Ney – Ney (ou nay) é uma variedade de flauta que figura na música de várias culturas do oriente médio. Árabes, persas, turcos e egípcios fazem uso deste instrumento há mais de quatro mil anos, data estimada por meio de iconografia encontrada nas paredes internas das pirâmides. Seu funcionamento é semelhante ao da quena e do shakuhachi, mas a posição em que é segurado é um pouco diferente: o ângulo é mais oblíquo. Neys variam bastante em tamanho e podem ter de seis a sete orifícios, mas o material em que são feitas é, via de regra, o bambu.

Didgeridoo – A classificação do didgeridoo tende a gerar confusão entre algumas pessoas. É um instrumento de sopro utilizado por aborígenes australianos há cerca de mil e quinhentos anos, mas não há fontes que possam dar uma idade mais precisa ao instrumento. Sua estrutura é semelhante à de algumas flautas e, por isso, muitos o consideram como sendo mais um tipo de flauta. Sua técnica de produção de som – que é aquilo que de fato conta em termos de qualificação de instrumentos musicais -, entretanto, aproxima-o muito mais de um trompete. O didgeridoo poderia ser considerado um primo da flauta. O som é produzido através do sopro e da vibração dos lábios do instrumentista. Tocar o didgeridoo demanda, obrigatoriamente, uma técnica de respiração chamada de respiração circular (a qual é utilizada também por outros instrumentistas de sopro, muitas vezes de forma facultativa), a qual permite ao instrumentista sustentar um som por tempo indeterminado. Há gravações de instrumentistas que tocaram o instrumento por mais de 40 minutos sem interrupção.

Zurna – A zurna, assim como a ney, é um instrumento musical presente na música de vários povos do oriente médio. Trata-se daquele instrumento de sopro que muitos associam com os encantadores de serpentes. A zurna, entretanto, não é uma flauta, ao contrário do que muitos pensam. Seu funcionamento é mais semelhante ao de um oboé. Feita geralmente da madeira dos pés de damasco, ela é dotada de oito orifícios para os dedos e o orifício através do qual o instrumentista sopra possui uma palheta dupla – daí sua semelhança com o oboé.