O Congresso argentino debatia nesta quarta-feira o orçamento para 2019, que prevê uma série de medidas de austeridade, enquanto em torno do prédio manifestantes enfrentaram a polícia em protesto contra o rigor fiscal exigido pelo Fundo Monetário Internacional.
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“Não ao orçamento do FMI. Não cortem o nosso futuro”, gritaram os manifestantes, que atiraram paus e pedras na polícia de choque em torno do Congresso.
Este é o primeiro debate sobre o orçamento que, se for aprovado pela Câmara dos Deputados, deverá seguir para o Senado.
Os policiais utilizaram balas de borracha, jatos d’água e gás lacrimogêneo para reprimir os manifestantes, que recuaram para as ruas adjacentes.
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“Se aprovarem isto (o orçamento) vamos quebrar tudo”, gritou um manifestante quando se afastava do prédio do Congresso.
A procuradoria divulgou uma lista de 26 detidos, entre eles dois venezuelanos e um turco, além de três feridos leves.
Entre os detidos estão quatro integrantes da organização política e social La Garganta Poderosa, um câmera e trabalhadores de empresas estatais em conflito.
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Segundo o líder sindical Roberto Baradel, os detidos “foram caçados” quando se afastavam do protesto, há várias quadras do Congresso.
“Ele (Mauricio Macri) é o responsável, porque o povo tem prudência, paciência, mas não é manso, vai para a rua lutar por seus direitos. Ele é o responsável por colocar em risco a governabilidade de que tanto fala”, disse Juan Carlos Alderete, da Corrente Classista Combativa.
A coalizão de governo Cambiemos (centro direita) carece de maioria própria no Congresso e para aprovar o orçamento necessita do apoio da terceira força na Câmara, o Peronismo Federal, que governa a maioria das 23 províncias.
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O compromisso de Buenos Aires com o FMI é zerar o déficit fiscal, em troca de um crédito de 57,1 bilhões de dólares até o primeiro trimestre de 2020.
O objetivo é ambicioso porque tenta reverter um rombo no orçamento de 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017. A meta para 2018 é de reduzir o buraco para 2,7%, antes de fechá-lo em 2019.
Macri propõe cortar 10 bilhões de dólares em gastos com saúde, educação, pesquisa, transportes, obras públicas e cultura, entre outros.
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O Senado é controlado pelo Peronismo Federal e o governo não deve enfrentar muita resistência na Casa.
O FMI segue com atenção a votação do orçamento, antes de dar seu aval – na sexta-feira – ao segundo acordo stand by.
O primeiro acordo, firmado em junho, caiu por falta de cumprimento das metas monetárias, em um ano em que a economia argentina entrou em xeque devido à crise de confiança.
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O Banco Central argentino, que já teve três diretores desde o início do ano, conseguiu segurar parcialmente a desvalorização do peso com uma taxa de juros de 72%, a maior do planeta.
A economia argentina recuará 2,6% em 2018, com uma inflação de 40,5%, segundo o FMI. Para 2019, o Fundo prevê uma contração de 1,6%.
* AFP