Donald Trump lutava nesta quarta-feira para dissipar a impressão de improviso em torno da escolha de sua equipe de transição, oito dias após ter sido eleito para a Presidência dos Estados Unidos.

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“Seleção do meu gabinete e de outros postos muito organizada. Eu sou o único a conhecer os finalistas!”, escreveu no Twitter na terça-feira à noite Donald Trump, depois de mais um dia de reuniões na Trump Tower, em Nova York.

Em seguida, o bilionário republicano sentiu-se compelido a responder a três tuítes do New York Times, que relatou em sua edição desta quarta-feira que os líderes estrangeiros tinham dificuldades em falar com o próximo presidente dos Estados Unidos, e que os telefonemas eram improvisados, sem que Donald Trump consultasse qualquer nota diplomática para se preparar.

“O artigo do fracassado New York Times sobre a transição é completamente falso. A transição acontece sem problemas. Além disso, conversei com muitos líderes estrangeiros”, escreveu ele, pouco depois das 07h00, citando Rússia, Reino Unido, China, Arábia Saudita, Japão, Austrália e Nova Zelândia.

Sem a imprensa

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Outra polêmica: desde a sua eleição na semana passada, o sucessor de Barack Obama rompeu com a tradição presidencial de permitir um “pool” de jornalistas durante seus deslocamentos.

Na terça-feira, Donald Trump foi jantar em um restaurante sem avisar a imprensa. No restaurante, apertando mãos, ele foi filmado prometendo aos clientes de reduzir os impostos.

“Uma semana depois da eleição, é inaceitável que o próximo presidente dos Estados Unidos se movimente sem um pool regular para observar seus deslocamentos e informar o público”, queixou-se oficialmente o presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca, Jeff Mason.

Até à data, Donald Trump deu duas entrevistas, à CBS e ao Wall Street Journal. Barack Obama, em 2008, havia concedido uma coletiva de imprensa três dias após a sua eleição.

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Nesta quarta-feira, o filho de Donald Trump, Eric, afirmou ao chegar na torre da família que as nomeações seriam, “provavelmente”, anunciadas durante o dia.

Mas alguns minutos mais tarde, o influente senador Jeff Sessions respondeu à mesma pergunta com um: “Não, eu não acho”.

Abundam os rumores sobre as posições-chave. Seu ex-rival nas primárias, o senador conservador Ted Cruz, visitou Donald Trump na terça-feira para, talvez, o cargo de ministro da Justiça, de acordo com a Bloomberg.

“É tempo de proteger a Constituição e a Declaração de Direitos”, disse Ted Cruz, perseguido por repórteres em frente à Trump Tower.

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O mundo também aguarda a nomeação do ministro das Relações Exteriores. Estão cotados o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, o neoconservador John Bolton, um dos arquitetos da guerra no Iraque, ou o senador Bob Corker, que preside o Comitê de Relações Exteriores.

Revanche

Outra questão é saber quais cargos vão ocupar os mais próximos de Trump, incluindo Jeff Sessions, arauto da direita anti-imigração.

Quanto à equipe econômica, há dúvidas se Donald Trump escolherá entre os banqueiros de Wall Street, depois de denunciar por meses as elites financeiras.

As negociações estão “acirradas”, segundo a CNN, que vê uma oportunidade de revanche. O genro de Donald Trump, Jared Kushner, teria marginalizado da equipe de transição vários membros, incluindo o governador de Nova Jersey Chris Christie, que, quando era procurador, indiciou seu pai em 2004 por sonegação de impostos.

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Mike Rogers, demitido da equipe de transição, confirmou a “confusão” na entourage de Donald Trump.

“Fujam. Eles estão com raiva, são arrogantes, eles gritam: ‘você perdeu!’ Isso vai ser feio!”, escreveu no Twitter Eliot Cohen, um republicano que chegou a conversar com a equipe.

Donald Trump já nomeou os seus dois colaboradores mais próximos, o futuro secretário-geral da Casa Branca, Reince Priebus, e um conselheiro encarregado da estratégia, Steve Bannon, proprietário do site Breitbart, tão controverso que os democratas já pediram a sua demissão.

Nada obriga o novo presidente, que toma posse em 20 de janeiro, revelar imediatamente o seu “gabinete” de 15 ministros.

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Em 2008, Barack Obama anunciou a escolha de Hillary Clinton para liderar o Departamento de Estado em 1º de dezembro após longas negociações.

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