Dezessete pessoas morreram, oito delas menores de idade, após o lançamento de uma bomba de gás lacrimogêneo em um clube no oeste de Caracas durante uma briga em uma festa na madrugada deste sábado (16) – confirmou o ministro do Interior e da Justiça, Néstor Reverol.
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“Uma briga começou na madrugada, e uma das pessoas envolvidas lançou um artefato com gás lacrimogêneo, o que provocou confusão entre as mais de 500 pessoas que estavam no clube”, informou Reverol na televisão estatal VTV.
Na confusão, 17 pessoas morreram, e cinco ficaram feridas, indicou a mesma fonte, apontando que oito pessoas foram presas. Entre elas, está um adolescente de 16 anos ligado ao “lançamento do artefato”.
A pessoa encarregada do estabelecimento também foi presa por descumprir “as medidas que deveriam ter sido adotadas (…) para impedir a entrada de armas de fogo e munição” em locais públicos, acrescentou Reverol.
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De acordo com testemunhas citadas pela imprensa local, dois grupos de jovens se enfrentaram – inclusive com garrafas – na saída de um banheiro e no caos, depois da detonação da bomba, a porta de saída se fechou, deixando cerca de 50 pessoas presas.
Outros relatam que tudo começou “como um jogo”, com os garotos passando o artefato de mão em mão, de brincadeira.
O incidente aconteceu durante uma festa para celebrar a formatura de jovens do Ensino Médio no clube conhecido como Los Cotorros, em El Paraíso.
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A boate, onde de dia funciona o restaurante El Paraíso, um emblemático ponto de encontro para a comunidade de imigrantes do Equador em Caracas, foi fechada pelas autoridades após o episódio.
As mortes foram devido a sufocamento e a lesões múltiplas, de acordo com relatórios oficiais. Os feridos foram levados para o Hospital Pérez Carreño, situado na região onde aconteceu a tragédia. O ministro Reverol disse que um deles se encontra em estado crítico.
Kleiver Barrios, de 17 anos, foi uma das vítimas mortais.
“Ele levou minha identidade, escondido. Coisa de garoto, mas… É terrível! Como um garoto, em uma festa, vai ter uma bomba de gás lacrimogêneo?”, desabafou Luis, pai do rapaz, em entrevista à AFP no necrotério de Bello Monte, no sul de Caracas.
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Daqui a um ano, Kleiver se formaria no colégio. Ele trabalhava com o pai no açougue da família.
Há poucos dias, uma outra bomba explodiu na Praça Venezuela, ponto central das principais linhas do estatal serviço de transporte subterrâneo, por onde passam diariamente cerca de dois milhões de usuários.
Sedes de jornais como “El Nacional”, o veículo de oposição mais importante do país, também foram alvo de ataques com gás lacrimogêneo.
Segundo a imprensa local, muitos desses artefatos e armas vão parar nas mãos de civis por roubos e por corrupção de policiais e militares, e são usados, com frequência, por criminosos.
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“O Estado é responsável pelo desarmamento e pelo controle de armas e de munições”, afirmou a ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social, lamentando o ocorrido.
* AFP