Pelo menos dez pessoas morreram nas últimas horas no Irã, apesar do apelo à calma do presidente Hassan Rouhani e após vários dias de protestos contra o governo, a corrupção e a atual situação econômica no país.
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Pela quarta noite consecutiva, os iranianos foram às ruas no domingo em várias cidades do país, entre elas a capital, Teerã.
Segundo vídeos divulgados pela imprensa iraniana e nas redes sociais, os manifestantes atacaram e incendiaram prédios públicos, centros religiosos e bancos, ou sedes do Bassidj (a milícia islâmica do regime). Os manifestantes também queimaram veículos policiais.
Os protestos contra o governo explodiram em Mashhad (nordeste) na quinta-feira passada e, depois, espalharam-se por todo país.
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“O povo responderá aos agitadores e aos que descumprirem a lei”, que são uma “pequena minoria”, declarou Rouhani, segundo a página institucional on-line da Presidência iraniana.
Em novas críticas ao governo iraniano, o presidente Donald Trump afirmou que é “tempo de mudança” no Irã e que a população do país está “com fome” de liberdade.
“Os regimes opressivos não podem durar para sempre, e chegará o dia em que o povo iraniano enfrentará uma escolha”, tuitou Trump.
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Dois manifestantes morreram no domingo à noite (31) nos protestos na cidade de Izeh, no sudoeste do Irã – declarou o deputado local Hedayatollah Khademi, citado pela agência de notícias Ilna, ligada aos reformistas.
Outras duas pessoas morreram no domingo à tarde em Dorud, em um incidente indiretamente relacionado com os protestos.
Neste episódio, um grupo de manifestantes dominou um caminhão de bombeiros, largando-o do alto de uma descida. Na queda, bateu contra um veículo, cujos “dois passageiros morreram”, declarou o governador local à emissora pública.
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Outras duas pessoas haviam morrido no sábado, nessa mesma cidade do oeste do Irã, mas o vice-governador provincial garantiu que as forças da ordem não atiraram na multidão.
De acordo com a televisão pública iraniana, hoje, seis pessoas morreram na pequena cidade de Tuyserkan, elevando para dez o número de mortos nas manifestações nas últimas horas. Os seis morreram por “tiros suspeitos” em Tuyserkan.
– Direito a se manifestar –
As manifestações continuaram no domingo à noite, embora o governo tenha limitado o acesso às redes sociais e bloqueado Telegram e Instagram. Ambos os aplicativos são usados para convocar manifestações.
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Depois de três dias de protestos, Rouhani reconheceu que o Irã deve abrir “um espaço” para que a população possa expressar suas “preocupações cotidianas”, mas condenou os atos de violência e a destruição de propriedades públicas.
“A crítica não é o mesmo que a violência e que destruir os bens públicos”, disse em uma reunião do Executivo, acrescentando que “os órgãos do governo devem dar espaço para a crítica legal e para os protestos”, segundo a rede de televisão pública.
“Isso deveria ficar claro para todo o mundo: somos uma nação livre e, em virtude da Constituição, […] o povo é absolutamente livre para expressar suas críticas e inclusive para protestar”, afirmou.
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As manifestações começaram na quinta-feira em várias cidades, diante das dificuldades econômicas do país, isolado e submetido durante anos a sanções internacionais por suas atividades nucleares. Na sexta e no sábado, os protestos aumentaram, dirigindo-se contra o governo.
– Mais de 400 detenções –
Segundo o vice-governador da província de Lorestan (oeste), houve distúrbios nas cidades de Nurabad, Dorud e Joramabad, e vários “agitadores” foram presos.
Também houve pequenas manifestações em Kermanshah (oeste), Shahinshahr (perto de Isfahan), Takestan (norte), Zankhan (norte), Toyeserkan (oeste) e Nahavand.
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Em Teerã, a Polícia usou gás lacrimogêneo e água para dispersar o pequeno grupo de manifestantes que gritavam palavras de ordem contra o governo, no bairro da universidade.
Na capital, 200 pessoas foram detidas. Outras 200 acabaram presas em diferentes cidades da província, noticiou a imprensa local.
* AFP