Beber vinho olhando a cidade do alto de um restaurante panorâmico. Experimentar delícias austríacas em uma confeitaria com jeito de sala da casa da avó. Descansar em bancos de praça, passear por uma estação ferroviária e uma cervejaria centenárias.
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Ou, simplesmente, atravessar uma ponte e olhar a paisagem de um jeito diferente, mesmo que ela – assim como todos os outros lugares desta lista – faça parte do seu caminho diário, na cidade em que você vive e trabalha.
Durante o mês de março, a equipe da revista ‘+ Estilo’ brincou de turista por Joinville buscando 50 lugares que todo mundo deve conhecer e curtir.
Cinco profissionais com senso aguçado ajudaram nesta tarefa: a sommelière Adri Wiest, a designer de interiores Aneliza Bozzola, o artista plástico Carlos Alberto Franzoi, o arquiteto Miguel Cañas e o designer Ricardo Kolb. Além de sugerir seus lugares preferidos para este roteiro, eles toparam visitá-los para lançar um novo olhar sobre o espaço urbano e seus detalhes.
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Depois de conhecer as dicas nas próximas páginas, acesse a página da revista no site AN.com.br para visualizar as imagens dos lugares deste roteiro de charme. E, se também gostar de exercitar o olhar em busca da beleza na cidade, participe enviando uma foto com o lugar que você considera mais charmoso em Joinville para o e-mail maisestilo@an.com.br.
Memória preservada

A antiga estação guarda boa parte da história de Joinville, mas, assim como seus trilhos que continuam a abrir passagem para os trens, o novo também tem ali seu lugar. Além de abrigar um museu, pelo menos uma vez por mês o local vira endereço de manifestações culturais, como mercado de pulgas e feira de artesanato.
Por isso, para o artista plástico Carlos Alberto Franzoi, a Estação da Memória é um dos locais, entre vários na cidade, que preservam o patrimônio histórico e, ao mesmo tempo, estimulam um novo olhar sobre um cenário tão conhecido dos joinvilenses ao promover essa integração.
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– A grande questão da contemporaneidade é lincar passado e futuro, refletir as questões da relação entre tempo e espaço. O conceito de charme não pode estar desvinculado da acessibilidade, é preciso respeitar a memória. Joinville é charmosa como essência. Existem vários lugares que aliam esse conceito de tempo-espaço, e a estação é um deles, além de ser um espaço representativo da cultural local também.
Patrimônio joinvilense

Estacionada no tempo e no espaço, a casa amarela pode passar despercebida por aqueles que trafegam pelo viaduto da BR-101 entre o distrito de Pirabeiraba e a cidade. Na memória da sommelière Adriane Wiest, ela é o lugar mais bonito de Joinville e a remete a uma infância perto do rio, dos avós e do início da curiosidade pelas pequenas coisas do cotidiano.
Construída em 1890, a Casa Krüger – que abrigou a família de Robert Krüger por mais de um século – foi tombada como patrimônio histórico e transformada em portal ecoturístico, já que fica na entrada do distrito de Pirabeirada. No caso de Adri, é uma lembrança de quando passava as férias com os avós ali pertinho e ficava intrigada com o lugar – sentimento que existe até hoje.
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– Eu fico pensando no que acontecia ali no passado, o que as pessoas conversavam, as privações em tempos de Guerra Mundial, como eram os namoros e as festas -, confessa.
Essa vontade de saber mais sobre um mundo em que não viveu é o que a Casa Krüger mais desperta na joinvilense ao olhar para a propriedade e investigar cada espaço. Apaixonada por vinhos – afinal, ela viaja o mundo atuando como consultora e jurada por causa de bebida – Adri não demora a achar um espaço ideal para ele: os vãos abaixo do piso da casa, que do lado de fora criam arcos perfeitos para uma adega e do lado de dentro manteriam a calefação certa para as garrafas.
Ponte para um novo olhar

Há cerca de cinco anos, o artista plástico e designer Ricardo Kolb montou uma exposição quase em frente ao Centreventos Cau Hansen, na avenida José Vieira, à beira do rio Cachoeira.
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A intervenção urbana tinha seis mastros de velas negras que, olhando de longe, pareciam embarcações ancoradas no Centro de Joinville.
– Eram para lembrar que aqui ainda poderia haver um rio navegável -, recorda ele.
Não à toa, Ricardo tem naquela região um de seus lugares preferidos na cidade. Ele vê o que boa parte das pessoas que caminham pela Beira-rio não veem: a beleza no verde refletido no rio, visão aumentada pela construção da ponte Charlot, de onde se pode observar o Cachoeira e toda a vida que ainda existe ali.
Além disso, Ricardo tem bem ao lado outro lugar que admira.
– A rua Hermann Augusto Lepper com suas figueiras ao longo do rio Cachoeira. Dirigir nesta rua é sempre prazeroso e nos remete a um lugar especial -, avalia, lembrando da rua do Lazer, que acontece aos domingos num trecho fechado dela, quando os joinvilenses utilizam o espaço urbano para brincar, caminhar e praticar esportes.
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Enxergar beleza nisso tudo – no Cachoeira, na ponte, nos encontros de domingo – faz parte da vida dele.
– Tem um entorno complicado, mas muito charmoso, com um teatro e uma escola de dança bem ao lado. As pessoas reclamam do cheiro do rio, mas acho que a despoluição tem que começar mentalmente.
Um espaço alternativo

– Joinville não tem praça. Joinville não tem parque.
A designer de interiores Aneliza Bozzola escuta as mesmas frases desde que se mudou para a cidade, há 15 anos, mas há algum tempo sorri com um bom argumento na ponta da língua.
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Há cerca de dois anos, seu escritório é vizinho de uma pracinha criada sem fita de inauguração municipal, feita pela loja Moobil Mobília Descolada, onde ela pode descansar, marcar encontros ou simplesmente observar aqueles que param ali para fazer o mesmo.
– Nem todos percebem, mas a implantação da loja foi proposital, criando um espaço público -, afirma ela.
A minipraça foi construída quando o proprietário da loja decidiu instalar o imóvel com um pouco mais de distância da rua. Ali, dois bancos de madeira de demolição pintados de rosa fazem as vezes de bancos de praça, e é onde muitos joinvilenses fazem uma parada, seja para descansar ou agitar.
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– A gurizada adora este lugar para andar de skate, virou um espaço alternativo. Acho que não precisamos esperar a Prefeitura se temos oportunidade de fazer o mesmo -, avalia.
Arquitetura autêntica

O arquiteto Miguel Cañas, do escritório Metroquadrado, é um grande frequentador da Cidadela Cultural Antarctica, com seus galpões da antiga cervejaria tombados como patrimônio histórico pela Prefeitura.
Quando perguntam o que ele vai fazer lá, Miguel responde:
– Nada. É bacana o fato de simplesmente estar lá. Tem a arquitetura, tem uma energia diferente… Charme é energia também -, define.
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A verdade é que ele adora levar os filhos para passear naquele espaço e descobrir as novidades que aparecem por lá, sejam aquelas nas salas do Museu de Arte de Joinville, da Associação de Artistas Plásticos ou Associação Joinvilense de Teatro, sejam aquelas que já fazem parte do prédio centenário.
– A história deste lugar me encanta. Enxergo o charme como um potencial artístico, e na Cidadela isso está na arquitetura, no lugar onde ela está na malha urbana, com o museu de arte na frente e o morro atrás -, afirma.
No dia em que visitou o espaço para produzir as fotos desta reportagem, Miguel espiou por uma fechadura e encontrou do outro lado uma barra de ferro retorcido que logo relacionou: parece obra de arte. Foi na Cidadela também que, há alguns anos, ele encontrou luminárias que hoje estão incorporadas à sua casa.
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– Acabo achando potencial em tudo que vejo. Todo mundo tem que fazer mais isso, aprender a olhar, a exercitar seu olhar -, analisa.
– Confira a galeria com fotos dos 50 lugares do roteiro de charme
– Qual o lugar mais charmoso de Joinville na sua opinião? Envie uma foto para o e-mail maisestilo@an.com.br