O governador que for eleito em outubro pelos catarinenses vai encontrar um denominador comum em praticamente todos os desafios que têm pela frente. Mais um clichê, a educação tem respostas para que o Estado avance em todas as áreas que interagem com o governo estadual, da economia à segurança pública.
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Dentro desse desafio existe um ponto central na agenda do político que assume o comando de Santa Catarina em janeiro: a valorização do professor. A implantação no Estado do piso nacional da categoria foi traumática, com direito a uma greve de 62 dias em 2011 e ao achatamento do plano de carreira dos professores – diminuindo o peso da formação acadêmica na base da remuneração.
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Mesmo assim, o impacto da aplicação do piso levou o governo estadual a conviver com os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal para gastos com folha de pagamento. Encontrar uma fórmula para valorizar os profissionais é o desafio do próximo governador. Os salários baixos tem influência direta sobre outra chaga da educação: a necessidade que muitos professores têm de acumular mais de um emprego ou horas adicionais de trabalho.
Outro desafio é diminuir o percentual de professores contratados temporariamente, os chamados ACTs. Em agosto, segundo dados do Sinte/SC, eram 19,6 mil _ quase equiparando-se aos 22,2 mil efetivos.
– O professor que hoje transita em duas, três, quatro escolas, esse professor é uma máquina, e não um professor com condições de desenvolver um bom projeto pedagógico da escola – avalia o consultor Antonio Pazeto, doutor em Educação e professor da Udesc.
Apesar dos percalços, Santa Catarina tem bons números nas avaliações, especialmente o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). No ensino médio, o Estado deixou a liderança do ranking que ostentava em 2011, mas continua em segundo na média geral e em terceiro em relação às escolas estaduais. No fundamental, Santa Catarina vem avançado e apresenta números melhores do que a média nacional. Mas ainda precisa avançar mais.
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– O ensino fundamental não está a altura das exigências do ensino técnico. Quando este jovem, este adolescente chega às escolas técnicas tem que ser reciclado porque vem com uma bagagem educacional muito baixa. A indústria procura qualificar o seu trabalhador, mas precisaríamos receber jovens já com uma preparação boa em matemática, em ciência, em português – avalia o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina, Glauco Côrte.
Não é só na indústria que os efeitos do investimento em educação tendem a aparecer, como aponta o consultor em segurança e coronel aposentado do Exército, Eugênio Moretzsohn.
– Se esse jovem ficar durante 10 anos exposto a isso, você vai ter na ponta da linha um cidadão que ele vai ser capaz de caminhar com suas próprias pernas, que não vai precisar de associar-se ao crime pra se manter. Os outros indicadores também vão melhorar porque a educação ela é multidisciplinar, multifacetada – afirma.
.::: Os maiores desafios
– Descompactar a tabela salarial dos professores
– Garantir ganhos maiores para profissionais com mestrado e doutorado
– Diminuir a proporção de professores contratados em caráter temporário
– Ampliar o número de escolas com ensino em período integral
– Fortalecer o ensino profissionalizante
– Trazer as novas tecnologias para a sala de aula
– Garantir a estrutura física das escolas estaduais
– Fortalecer os cursos de licenciatura
– Dar maior autonomia, inclusive pedagógica, às escolas estaduais
.::: O que dizem os candidatos
Raimundo Colombo (PSD)
O programa lista uma série de ações para infraestrutura, gestão e pedagogia. Entre elas, aumentar os recursos do cartão disponibilizado aos diretores de escola para pequenas despesas, concluir as obras em andamento, implantar critérios de mérito a professores, ampliar matrículas no ensino médio e profissionalizante.
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Paulo Bauer (PSDB)
O programa tem cinco eixos temáticos para a educação. Neles, estão incluídos a valorização do sistema de ensino, a instituição da autonomia administrativa para as unidades escolares, com eleição de diretores – com critérios de mérito, liderança e programa de gestão. Promete implantar pagamento por mérito.
Claudio Vignatti (PT)
Defende a universalização do ensino público gratuito para todas as crianças e jovens até 2018, erradicar o analfabetismo e motivar os professores. Fala em modernizar a estrutura física das escolas e as metodologias de ensino. Promete que cada escola estadual tenha, no mínimo, uma quadra coberta e uma biblioteca.
Afrânio Boppré (PSOL)
O candidato promete incentivar a formação de grêmios estudantis. Afirma que terá concurso público permanente para repor profissionais e reduzir necessidade de contratações temporárias. Usar o período de cada aula como referência para o pagamento da hora-atividade dos professores.