Foram inúmeras as intervenções no prédio ao longo de cem anos. Ele ganhou um novo andar em 1990, que praticamente não modificou sua arquitetura. Novos silos foram construídos para armazenar a produção e outras instalações foram acopladas às paredes originais, além de outras edificações surgirem no terreno. Uma linha férrea e um cais foram ativados e desativados ao longo das décadas, mas nada disso impediu a recomendação da comissão pelo tombamento do Moinho.

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– Muitas vezes as pessoas me perguntam de um imóvel: “Ah, mas ele não é mais original”. Mas hoje, na área de patrimônio, este conceito de autenticidade é muito questionável. A cultura é uma coisa híbrida, ela vai se modificando, se refazendo, se recompondo. E, com ela, as coisas materiais também vão sendo ressignificadas. No Moinho, toda a ampliação, em nenhum momento, é uma descaracterização da função dele – explica Bruno.

O Moinho Joinville reúne os três aspectos que servem de argumentação para a preservação por lei de um patrimônio – o arquitetônico, o artístico e o histórico. De acordo com Dilney, o Moinho é um ícone da paisagem urbana de Joinville, além de estar ligado ao desenvolvimento histórico no período de expansão da cidade, no início do século 20, e por ser a primeira estrutura em ferro e aço da cidade.

– No caso do Moinho, a gente tem a outra questão, que é a do patrimônio imaterial, e as memórias dos trabalhadores, dos ofícios, dos processos (que é dos saberes e fazeres). Fora que a edificação em si traz muitas memórias para a cidade. Por mais que eu nunca tenha trabalhado lá dentro, ele me traz alguma sensação, é um ponto de referência, seja de localização geográfica, seja de sentimentos – diz a historiadora Giane Maria de Souza.

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