Depois de repercutir os artigos sobre segurança pública nas redes sociais, o jornal “A Notícia” procurou histórias de joinvilenses que já sofreram com a insegurança no dia a dia. Nas edições desta quarta e quinta-feira, o Joinville que Queremos vai trazer os relatos de quem vivenciou situações de risco e as alternativas que cada um deles pensa para o futuro desta questão na cidade.
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Criminosos não têm mais medo
Israel Ternes Cazzali, morador do bairro Aventureiro
“No último dia 2, acordei durante a madrugada com minha sogra gritando por socorro. Depois de uma certa confusão, descobri que tinham invadido nossa casa, roubado nossas bolsas, carteiras e vários eletrodomésticos. Minha sogra, que mora conosco, dorme em um quarto no primeiro piso, pois a idade avançada não a deixa subir escadas. Como meu quarto fica no segundo andar, não escutei nada.
Mas ela, que tem 78 anos, surpreendeu uma dupla de rapazes saqueando a casa. Passado o susto do acontecido, penso que o mais grave de tudo foi o fato de os dois jovens terem apontado uma arma para uma senhora de idade e obrigado a mesma a deitar- -se no chão e não fazer barulho.
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Felizmente, ninguém foi agredido fisicamente, mas minha sogra agora tem dificuldades para dormir e precisou ser socorrida no ambulatório depois do assalto, tal foi o susto. Temos uma filha pequena em casa, e fico pensando no quão piores as coisas poderiam ter sido se os dois tivessem resolvido subir as escadas.
Comentei o ocorrido com meus vizinhos e descobrimos que, só naquela semana, outras duas casas foram arrombadas, e outras famílias passaram pelo mesmo drama que nós.
Não posso reclamar do trabalho da Polícia Militar, que nos acudiu com todo o apoio que podia dar. Mas de que adianta se os assaltos já haviam acontecido? Antigamente, sabíamos de relatos de pessoas que saíam e encontravam suas casas invadidas quando voltavam.
Agora, eles estão entrando com todos os moradores dentro. Na minha opinião, isso acontece porque esses criminosos não têm mais medo, principalmente os menores de idade, que são intermediários em um cartel de criminalidade que vai muito mais longe. Acho que é o tipo de situação que poderia ser evitada se tivéssemos mais policiais circulando nas ruas ou ferramentas mais eficientes para combater este tipo de delito.”
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Assalto à luz do dia
Isabela Vieira Cruz, moradora do bairro Adhemar Garcia
“Eu e meu namorado fomos passar a tarde no Parque da Cidade no último final de semana. Correu tudo bem até o final do dia, quando apareceu uma grande quantidade de pessoas bebendo e alguns fazendo consumo de drogas. Não demorou muito até um grupo próximo começar a nos provocar, então decidimos ir embora.
Moro no Adhemar Garcia, e do Parque da Cidade até minha casa é uma caminhada de pouco mais de 30 minutos. Acontece que fomos assaltados na esquina de casa, onde existe um posto da Polícia Militar a poucos metros de distância. O assaltante tirou uma faca do bolso e pediu minha mochila, onde levava uma câmera digital, nossos celulares, carteiras e documentos. Meu namorado se negou a entregar e foi agredido, e no fim das contas o sujeito levou a mochila. Evidentemente, fizemos o boletim de ocorrência, mas não recuperamos mais nossos pertences.
Sem contar que, no começo de outubro, roubaram a moto dele, que estava estacionada dentro do quintal, com o portão fechado. Chamo a atenção para esses acontecimentos pelo fato de os dois terem acontecido durante o dia!
O que aconteceu com Joinville nos últimos anos que os infratores agora pensam que podem fazer o que quiserem? As pessoas precisam lembrar que existem, sim, consequências para quem quebra as leis. Do contrário, a tendência é ficarmos todos à mercê do crime. Do meu ponto de vista, Joinville precisa de um grande projeto de segurança para as comunidades. Nossas lideranças precisam parar de pensar nos seus mandatos e dar o pontapé em alguma medida definitiva.
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Por mais que possa demorar até dar resultados, o trabalho precisa começar em algum momento, e os índices alarmantes de criminalidade na nossa cidade mostram que o melhor momento é agora.”