Os ataques de bolsonaristas radicais aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro, foram sucedidos por dias de condenações dos atos e respostas das autoridades. As medidas começaram a ser tomadas ainda no domingo (8), como a decretação de intervenção na segurança do Distrito Federal, mas tiveram sequência ao longo da última semana. Entre os destaques, estão a prisão do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, e de mais de 1,1 mil pessoas suspeitas de participarem das invasões. Confira abaixo uma linha do tempo com os principais episódios até aqui.
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Sábado, 7 de janeiro, 10h18min – Organização
Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, publica a primeira mensagem no Twitter informando que está em contato com diretores da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal sobre “atos antidemocráticos”. À tarde, em nova postagem, disse que havia conversado com o governador Ibaneis Rocha e com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sobre uma “suposta ‘guerra’ que impatriotas dizem querer fazer em Brasília”. À noite, anunciou a convocação da Força Nacional.
Domingo, 8 de janeiro, 13h – Caminhada
Manifestantes iniciam caminhada do acampamento em frente ao quartel-general do Exército até a Praça dos Três Poderes. A PM chegou a escoltar o grupo.
Domingo, 8 de janeiro, 14h50min – Início dos ataques
Os bolsonaristas radicais passam pelo bloqueio da Polícia Militar do Distrito Federal e iniciam os ataques. A invasão começou subindo a rampa e ocupando o teto do Congresso. Em poucos minutos, parte dos participantes do ato também entra no edifício.
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Domingo, 8 de janeiro, 15h10min – Invasão ao Palácio do Planalto
Os extremistas continuam avançando e invadem o Palácio do Planalto. No local, obras de arte foram vandalizadas e documentos foram roubados.
Domingo, 8 de janeiro, 15h40min – Confronto no STF
Quando tentaram invadir o prédio do STF, o grupo encontrou mais resistência. Policiais tentaram impedir o avanço com uso de spray de pimenta, mas logo foram superados pelos radicais. Dentro do prédio, eles destruíram o plenário, cadeiras, defecaram no edifício e roubaram a porta do espaço onde ficam as togas do ministro Alexandre de Moraes.
Domingo, 8 de janeiro, 18h – Intervenção no DF
Lula anuncia intervenção federal na segurança pública do DF. Ele classificou os ataques de “atos terroristas” e acusou a PM de ter sido leniente.
Domingo, 8 de janeiro, 18h – Primeiras prisões
Praticamente ao mesmo tempo, a PM prendia as primeiras pessoas em frente ao Palácio do Planalto. Eles foram algemados e colocados em ônibus para serem conduzidos à delegacia.
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Domingo, 8 de janeiro, 18h30min – Desocupação dos prédios
Com bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha, spray de pimenta e jatos d’água, a PM do DF consegue desocupar e isolar os três prédios.
Domingo, 8 de janeiro, 18h30min – Ida de Lula a Brasília
Lula chega a Brasília e vistoria os estragos nas sedes dos Poderes. No STF, é recebido pela presidente da Corte, ministra Rosa Weber.
Segunda-feira, 9 de janeiro, 0h – Afastamento de Ibaneis
O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), é afastado por 90 dias em decisão do ministro Alexandre de Moraes. A acusação é de que o governante teria tido “conduta dolosamente omissiva”.
Segunda-feira, 9 de janeiro, 9h – Acampamentos desmontados
Após decisão de Moraes que determinou o fim dos acampamentos em frente a batalhões pelo país, a PM do Distrito Federal desfez a concentração bolsonarista no quartel-general do Exército, em Brasília. Cerca de 1,2 mil pessoas foram detidas. Ao longo do dia, acampamentos em outras regiões do país também foram desfeitos, inclusive em cidades de SC, como Florianópolis, Joinville e Blumenau.
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Terça-feira, 10 de janeiro, 16h – Novas prisõse
Moraes determina a prisão do ex-comandante da PM do DF, Fábio Augusto, e do ex-secretário de Segurança do DF, o ex-ministro de Bolsonaro, Ânderson Torres.
Quarta-feira, 11 de janeiro, 8h30min – Balanço de prisões
O ministro Flávio Dino informa que foram lavrados 1.271 autos de prisão e apreensão pela Polícia Federal, de pessoas suspeitas de terem participado dos atos golpistas. Na noite de terça, segundo o portal g1, a PF havia informado que 1,5 mil pessoas foram detidas, mas 599 foram liberadas após assinarem termos de compromisso, por “razões humanitárias”. Outras 727 seguiam detidas. Elas foram conduzidas em um comboio de 50 ônibus — os mesmos que as levaram à capital federal — e permaneciam detidos em um ginásio da academia da PF.
Quarta-feira, 11 de janeiro, 8h52min – Apoio a presos de SC
O governador de SC, Jorginho Mello, determina que a Secretaria de Articulação Nacional acompanhe os catarinenses presos por suspeita de participação nos atos de vandalismo e depredação ocorridos em Brasília. A medida dividiu opiniões.
Quinta-feira, 12 de janeiro, 14h – Financiadores
Um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) pediu o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas e sete empresas suspeitos de financiarem os atos golpistas do último dia 8. Entre eles, está um catarinense, Amir Roberto El Dine, de Porto União, no Norte de SC.
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Quinta-feira, 12 de janeiro, 15h37min – Minuta para questionar eleição
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revela que a Polícia Federal encontrou na casa do ex-ministro de Bolsonaro, Ânderson Torres, uma minuta de decreto com o qual o ex-presidente poderia decretar intervenção sobre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para contestar o resultado das urnas nas eleições 2022. O documento foi encontrado em buscas na casa de Torres, que já teve a prisão decretava, mas até a sexta-feira seguia nos Estados Unidos.
Sexta-feira, 13 de janeiro, 12h – Possibilidade de extradição
O ministro da Justiça, Flávio Dino, diz que pretende pedir a extradição do ex-ministro e ex-secretário de segurança do DF, Anderson Torres, caso ele não se apresente à Justiça até a segunda-feira. Ele tem pedido de prisão em aberto, autorizado pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes.
Sábado, 14h de janeiro, às 7h30min – Torres preso
Ex-ministro da Justiça Anderson Torres chega ao Brasil durante a manhã de sábado e se entrega à Polícia Federal. Ele foi levado a um batalhão da Polícia Militar do DF e deverá prestar depoimento na próxima semana. Torres passou por audiência de custódia à tarde, onde o preso é ouvido por um juiz, que avalia se houve eventuais ilegalidades na prisão. Ele é o primeiro a ocupar o cargo de ministro da Justiça a ser preso desde a redemocratização e o primeiro integrante do governo Bolsonaro preso em consequência dos atos antidemocráticos.
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