Dascuia, Nação Guarani, Unidos da Coloninha, Embaixada Copa Lord, Os Protegidos da Princesa e Consulado fizeram a alegria do folião na noite de sábado e madrugada de domingo na passarela Nego Quirido, em Florianópolis. Cada uma das escolas de samba desfilou as fantasias e alegorias para o público ao longo de uma hora de dez minutos.
Continua depois da publicidade
As apresentações começaram por volta das 22h30 com as arquibancadas lotadas. Segundo a prefeitura da Capital, a estimativa de público na passarela foi de 20 mil pessoas. A chuva forte que caiu logo no começo da madrugada fez parte da plateia deixar a passarela e, quando a última escola entrou para desfilar, as arquibancadas já estavam vazias. As apresentações foram até o amanhecer.
Confira abaixo detalhes do desfile de cada uma das escolas:
Dascuia
A escola de samba que abriu o desfile na Passarela Nego Quirido foi a Dascuia, a caçula do Carnaval de Florianópolis. A agremiação do Morro do Céu entrou na avenida depois das 22h30min com 1,3 mil componentes, 24 alas e duas alegorias. A Verde e Rosa apresentou um enredo sobre a história do samba, desde suas origens na África, passando pela Praça Mauá, no Rio de Janeiro, até chegar à comunidade que representa.
Continua depois da publicidade
A comissão de frente, que teve um coreografo de Joinville, fez uma homenagem ao criador da agremiação, o seu Altamiro José dos Anjos, o Dascuia, de 82 anos. Dascuia foi representado ainda menino e, conforme a comissão ia evoluindo, ele se transformava em um Griot. Ao final do desfile, na última alegoria, já com a saúde debilitada, o patrono estava firme e forte ao lado da escola.
O samba-enredo da Verde e Rosa fez um paralelo com o samba e a vida de seu Dascuia, que é o narrador desta história. Na avenida, foi possível ver muitas referências aos negros escravizados e trazidos para o Brasil em navios negreiros. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representou Panthera Pardus, dominadores da noite da savana, e chamou a atenção do público. A ala das baianas contou um pouco sobre a influência africana na alimentação brasileira, sobre os quitutes que as baianas ofereciam aos comerciantes da Praça Mauá.
A escola não poderia deixar de homenagear a base aérea de Florianópolis, visto que seu Dascuia é 3º sargento. Infelizmente, já no final do desfile, um queijo inteiro caiu do último carro alegórico. Um dos componentes caiu de uma altura de quatro metros. A vítima foi socorrida e levada ao hospital. Essa queda pode prejudicar a escola na pontuação final.
Nação Guarani
Mesmo sem recursos financeiros e quase ter ficado de fora do desfile, a escola Nação Guarani, de Palhoça, foi a segunda a entrar na Passarela Nego Quirido. Com muita emoção nos olhos, os componentes contaram a história dos mapas e sua importância para as navegações e as descobertas em 20 alas e dois carros alegóricos.
Continua depois da publicidade
O abre-alas trouxe para a avenida os desbravadores. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira representaram os piratas e o ouro. A ala das baianas, quesito obrigatório no desfile, veio toda de azul representando os sete mares. Em seguida a ala do primeiro mapa e o mistério de Peri, com fantasias em estilo árabe. As estrelas e constelações, em especial o Cruzeiro do Sul, foram representados como guias das navegações. O segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira veio de azul celeste representando as estrelas.
Mas o maior destaque da escola e que levantou o público foi a bateria do mestre Victor, que veio fantasiada de piratas e ele como o capitão, além de sua rainha Laura Amorim, de apenas 9 anos. Mesmo tão nova, a realeza mirim mostrou que tem samba no pé e muita simpatia. Ela foi aplaudida pelo público na reta final do desfile.
No final de apresentação as lágrimas tomaram conta da coordenadora Vanessa Cardoso. Emocionada ela contou que a Nação Guarani teve que fazer todo o desfile com apenas RS 100 mil:
— Foi muito difícil colocar a escola na avenida, não tivemos nenhuma ajuda, mas conseguimos, a comunidade se uniu e nós conseguimos.
Continua depois da publicidade
Unidos da Coloninha
A chuva caiu na passarela assim que a Unidos da Coloninha iniciou o seu desfile, às 1h30min. A escola foi a terceira a entrar na avenida e nada tirava a empolgação da atual bicampeã do Carnaval de Florianópolis. No entanto, a escola pode perder pontuação pelos dois minutos que excedeu na Passarela e por problemas técnicos em um dos carros alegóricos.
Tirando os problemas, a gigante do continente surpreendeu com as alegorias cheias de brilho e tecnologia e foi a que mais arrancou aplausos e gritos do público. O samba-enredo trouxe para a Passarela a tecnologia e seu desenvolvimento. As 22 alas representaram desde a revolução industrial e a Segunda Guerra até o boom tecnólogo. O telefone, a ida do homem ao espaço, a genética, a internet e as redes sociais foram representados. A escola também homenageou Florianópolis e suas invenções, como a urna eletrônica.
O mestre da bateria Batucada da Unidos entrou na avenida fantasiado de Albert Einstein e os ritmistas estavam de astronautas. A escola também encantou com os dois carros alegóricos e as fantasias tecnológicas que coloriram a avenida de azul, verde e branco. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira cantou o amor pela escola que, apesar de tecnólogo, não é artificial.
A escola tinha tudo para ser uma das preferidas, mas, infelizmente sofreu com alguns problemas em uma das alegorias no início do desfile e saiu da avenida às 1h12min37seg, ou seja, com dois minutos de atraso. No total foram 2 mil componentes.
Continua depois da publicidade
Embaixada Copa Lord
A escola que representa o Morro da Caixa, a Embaixada Copa Lord, entrou na avenida para lavar e purificar a passarela com o manjericão. A agremiação deu uma aula sobre a erva, desde a sua origem, os seus poderes curativos e de limpeza espiritual até o tempero culinário. A escola foi a quarta a desfilar com 21 alas, 1,7 mil componentes e duas alegorias.
O primeiro carro alegórico trazia integrantes com coreografia e a fumaça com o cheiro do manjericão. A magia da erva foi representada pela ala das bruxas. A história conta que antigamente as bruxas eram identificadas porque usavam o manjericão. A bateria veio de velho feiticeiro e o segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira abriu a ala da erva na culinária brasileira.
A ala das baianas e o segundo carro alegórico homenagearam as mães de santo, com o terreiro da fé. A escola fez referencia ao uso do manjericão nos rituais das religiões afro-descentes, como a umbanda e o candomblé. A Copa Lord cumpriu com o tempo e é uma das escolas que pode disputar o título.
Os Protegidos da Princesa
A penúltima escola a desfilar pela Nego Quirido embaixo de chuva foi a representante do Morro do Mocotó, a mais antiga e mais vezes campeã do Carnaval. Os Protegidos da Princesa levou para a avenida a história do Oeste catarinense, em especial a cidade de Chapecó, com 20 alas, 1,3 mil componentes e duas alegorias. A comissão de frente encantou o público com a representação dos índios kaigang e o mito de que apenas uma índia detinha o segredo do fogo.
Continua depois da publicidade
O primeiro carro alegórico trazia a estrada de ferro e consigo as alas seguintes narraram a chegada dos jesuítas, dos tropeiros e das riquezas das terras do Oeste. A Guerra do Contestado também foi lembrada durante o desfile, assim como o monge José Maria. A ala das baianas homenageava Maria Rosa, outra liderança da guerra. A erva mate não podia ficar de fora e o segundo carro alegórico fez o público relembrar o futebol chapecoense e a tragédia pela qual o time passou.
A bateria do mestre Dutra, com algumas paradinhas, deve ter conquistado os jurados. No meio do desfile, a Protegidos acelerou o ritmo para não passar do tempo. Mas nada que fizesse a escola se desesperar.
Consulado
A escolar que encerrou o desfile foi a Consulado. A agremiação do Saco dos Limões homenageou um dos maiores carnavalescos do país João Jorge Trinta, o Joãosinho Trinta, que faleceu em 2011, e este ano completaria 85 anos. A escola representou seis enredos históricos levados por Joãosinho para a Sapucaí, no Rio de Janeiro. O sétimo reinado foi o criado pela Consulado para homenagear o carnavalesco, por isso, o enredo se chama Os Sete Reinados do Rei João.
Joãosinho, apesar de ter nascido em família humilde, era um grande intelectual. A exemplo disso, a comissão de frente da Consulado trouxe Os Miseráveis, obra do escritor francês Victor Hugo. O desfile também mostrou o trabalho social de Joãosinho, que levava para a avenida questões de inclusão social.
Continua depois da publicidade
Apesar de a chuva ter espantado o público, a Vermelho e Branco fez bonito para concorrer ao título.