Com 100 pontos de paralisação em Santa Catarina (até as 19h desta quinta-feira), o quarto dia de paralisação dos caminhoneiros é marcado por protestos, falta de combustível em várias cidades, estoque de produtos em falta em supermercados, cancelamento de aulas em universidades e diminuição de linhas do transporte público. Desde a noite de quinta-feira (23), motoristas fazem longas filas em frente aos poucos postos que ainda têm estoque de gasolina, alguns dos quais chegaram a ser autuados pelo Procon. Supermercados, hospitais, abastecimento de água, indústrias e até a rede de ensino de algumas cidades estão sendo afetados. Acompanhe as informações ao vivo:
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Situação na Grande Florianópolis
Mesmo com a falta de combustível, um posto próximo à rodoviária de Florianópolis tem uma bomba de combustível exclusiva para ambulâncias e viaturas da polícia. Em alguns bairros da Capital, como a Lagoa da Conceição, não há mais combustível. Em outros, como Centro, Trindade e Santo Antônio de Lisboa, até o começo da tarde havia congestionamento de carros que ainda tentam abastecer o seu veículo.
Alguns serviços básicos da Capital já estão prejudicados, como a coleta seletiva de lixo. De acordo com a Comcap, não haverá coleta convencional nesta quinta à tarde, e à noite o efetivo será reduzido a 50%. Na sexta o serviço será limitado a 30% e, caso a situação não seja normalizada nas próximas horas, a partir de sábado não haverá coleta convencional. A coleta seletiva deixou de ser realizada nesta manhã e não há previsão de retorno.
O transporte coletivo da Capital e região também já sofre os efeitos da greve. Em nota, o Consócio Fênix informou que a operação nesta sexta-feira (25) seguirá com quadro de horários de sábado para o sistema convencional e horário de dias úteis para os Amarelinhos (transporte executivo). Em São José, a partir desta sexta, apenas a linha do Diretão, que abrange a maior área de transporte da cidade, estará em circulação. As demais linhas estão suspensas até o fim da greve. Os ônibus da Jotur também começaram a operar nesta quinta à tarde com horários de sábado, com reforço no período de pico. O mesmo sistema será adotado na sexta. Já os ônibus da Biguaçu Transportes circulam a partir de sexta com a tabela de sábado.
A Viação Catarinense emitiu comunicado que, por conta da greve, a frequência de algumas viagens poderá ser alterada ou reduzida. A empresa pede que os clientes com passagem marcada para esta quinta se direcionem a uma agência para confirmar a viagem ou possível alteração. Até o momento, o aeroporto Hercílio Luz também está operando normalmente nesta quinta-feira.
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Os efeitos da paralisação dos caminhoneiros chegam também aos centros hospitalares. O Hospital de Caridade cancelou todas as cirurgias eletivas a partir da tarde desta quinta-feira (24). Com a greve dos caminhoneiros, podem faltar materiais e medicamentos para urgências e emergências em outros locais de atendimento.
Universidades
Algumas universidades já cancelaram as aulas, como é o caso da Univali, que suspendeu as aulas em todos os campi. As classes retornam na segunda-feira. Unochapecó, em Chapecó, cancelou as aulas e as atividades acadêmicas a partir desta quinta-feira à noite até sábado. Já a Unifebe, em Brusque, também suspendeu as atividades nesta quinta à noite e sexta pela manhã. Na sexta irão emitir novo comunicado para falar da situação à noite e no sábado.
Hospitais
O secretário do Estado da Saúde, Acélio Casagrande, confirmou a suspensão das cirurgias eletivas em toda a rede ligada à administração estadual a partir desta sexta-feira. Conforme o secretário, a medida é uma forma de garantir que não faltem medicamentos e insumos nos prontos-socorros e UTIs. Ainda conforme o secretário, os atendimentos do Samu e da SC Transplantes têm prioridade e já são adotadas providências para que não faltem combustível e outros recursos necessários aos dois serviços.
O Hospital Universitário da UFSC solicitou que os pacientes não compareçam a consultas e procedimentos agendados e garantiu o reagendamento quando atividades forem retomadas.
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Situação no Vale do Itajaí
Em Blumenau, o risco de desabastecimento causou grandes filas nos postos durante a manhã desta quinta, principalmente entre os próximos às rodovias. O movimento acima do normal também causou o fim do estoque de gasolina em diversos locais. Por conta do combustível, a Prefeitura de Blumenau anunciou medidas para economizar combustíveis, o que inclui a suspensão de fiscalização e obras não urgentes. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de derivados de Petróleo de Blumenau (Sinpeb), Júlio Cesar Zimmermann, confirmouno início da tarde desta quinta-feira que não havia mais gasolina e etanol nos postos de Blumenau e Gaspar. O município de Brusque chegou a decretar situação de emergência em função dos protestos.
Também por conta dos bloqueios de caminhoneiros, o transporte coletivo terá suspensão total dos horários de ônibus em alguns períodos dos próximos quatro dias. Nesta quinta -feira não haverá ônibus circulando entre 15h e 16h30, e depois das 19h às 21h30. O pior dia é o domingo, quando nenhum veículo sairá das garagens. Veja a lista dos horários modificados.
Na rede pública de ensino de Blumenau as aulas estão confirmadas, mas a secretaria de Educação sinalizou que não serão feitas avaliações nesta quinta e sexta-feira. O Samae frisou que o tratamento de água não está comprometido e que a coleta de lixo ocorre normalmente até domingo.
Situação no Norte
A paralisação dos caminhoneiros também está afetando alguns serviços públicos em Joinville e região. A principal preocupação é a falta de combustíveis em algumas cidades que podem impactar no abastecimento. Nesta manhã, em alguns postos de Joinville, Jaraguá do Sul e São Francisco não há mais fornecimento de gasolina comum e aditivada.
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Diante da possibilidade de aumentos abusivos dos preços de combustíveis, por causa da paralisação dos caminhoneiros, o Procon de Joinville está realizando uma nova pesquisa nos postos da cidade. Caso for confirmada a prática de reajustes elevados, o Procon poderá autuar a unidade ou tomar medidas mais coercitivas nos estabelecimentos.
Em Joinville as aulas mantidas normalmente, já que não há prejuízo no fornecimento de merendas. Os ônibus da cidade também tem combustível para circular e operar normalmente nos próximos dias. O principal problema é o estoque de alimentos, que está muito prejudicado no caso de frutas e legumes. Veja a situação dos serviços essenciais em Joinville, Jaraguá do Sul, São Bento do Sul, São Francisco do Sul e Campo Alegre.
Situação no Sul
O único posto que atende na área central de Criciúma registra filas que passam pelo quarteirão, de forma que alguns motoristas estão aguardando na fila desde às 7h30min. O transporte coletivo em Criciúma deve limitar o atendimento, mas continuará operando nos horários de pico. Os dirigentes do Hospital São José também solicitaram uma reunião o Ministério Público, já que há falta de suprimentos para atender os pacientes.
Em Tubarão e Capivari de Baixo, a paralisação dos caminhoneiros pode comprometer o abastecimento de água, já que os produtos químicos usados para o tratamento de água chegam à região por rodovias federais. As Prefeituras de ambas as cidades já estão orientando a população para racionar o consumo de água.
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Cinco universidades da região estão com as aulas suspensas desde quarta-feira, deixando 34 mil alunos em aula. Algumas cidades também suspenderam as aulas da rede municipal de ensino e estão limitando as linhas do transporte coletivo. Veja os detalhes da situação nas cidades de Araranguá, Braço do Norte, Capivari de Baixo, Criciúma, Içara, Maracajá, Treviso, Tubarão e Urussanga.
Situação no Oeste
É a situação mais complicada. Os municípios de São Lourenço do Oeste e São Miguel do Oeste não têm mais combustível em nenhum dos postos, já que os caminhões que levam o insumo estão parados nos bloqueios. Outras cidades, como Chapecó, têm situação crítica e desabastecimento em alguns locais.
Outro problema que a região enfrenta é a suspensão do trabalho nos frigoríficos. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), a estimativa é que 50 mil trabalhadores do setor estejam parados. As unidades da JBS de Ipumirim e Itapiranga e as da BRF de Campos Novos e Concórdia paralisaram os serviços na quarta, enquanto os trabalhadores da Aurora deixaram a empresa na manhã desta quinta.
As aulas estão suspensas na rede municipal de ensino de Piratuba, já que a paralisação dos caminhoneiros prejudica a entrega de gás e merenda escolar.
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Situação no Serra
A Prefeitura de Lages divulgou um comunicado sobre a situação da greve dos caminhoneiros na região. De acordo com o documento, haverá redução imediata no consumo de combustíveis da frota municipal para priorizar as áreas de saúde e educação. A prefeitura ainda tem 800 litros de diesel, que devem ser suficientes para o transporte dos alunos com os ônibus da Secretaria de Educação. Veja a lista com os postos que ainda tem combustível. Cerca de 60% das escolas do município poderão ficar sem gás nesta sexta-feira.
A abertura da Festa Nacional do Pinhão também está confirmada, assim como as atrações nacionais. Entretanto, podem haver atrasos por conta da chegada dos aviões e o transporte até o local. Ainda foram repassadas informações sobre a situação de outros municípios da região, os quais estão, na maioria, com os serviços de obras e agricultura parados.
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