Mais da metade das famílias de Santa Catarina possuem algum tipo de dívida, como parcelamentos ou financiamentos. Dessa parcela da população, a maioria é refém do cartão de crédito. Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Fecomércio-SC, apontam que em fevereiro, 67,7% dos consumidores tinham débitos em aberto nessa modalidade. O percentual supera dívidas como os carnês (44,3%) e até com financiamentos de carro (28,8%) e casa (20,8%).

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Especialistas avaliam que uma das causas que justificam esse comportamento é o imediatismo e também o ciclo vicioso que os cartões permitem que o consumidor viva. Como nos casos de pagar apenas a parcela mínima da fatura, que libera crédito, permitindo novos gastos.

Gustavo Lima Soares, economista, mestre em Administração e professor na Univali, explica abaixo como fugir das dívidas com cartão de crédito e também como usar esse recurso financeiro de forma consciente.

Cancelar o cartão e renegociar

Se estiver devendo, o primeiro passo para se livrar das contas atrasadas nessa categoria é cancelar o cartão.

— Depois é preciso tentar renegociar, buscando, caso ainda tenha, crédito no próprio banco em que se tem o cartão. O ideal é procurar financiamentos com juros mais baratos que os do cartão para poder se livrar logo da dívida — aconselha soares.

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Juro é o preço do dinheiro

O especialista ainda pondera que o crédito do cartão é um modo fácil para usar o dinheiro, assim como o cheque especial e o limite pré-aprovado. No entanto, Soares alerta que essas modalidades possuem umas das taxas de juros mais altas do mercado.

— Por serem os juros mais caros é que os bancos deixam esses créditos pré-aprovados para nós. É assim que os bancos lucram, vendendo dinheiro. Os juros nada mais são do que o preço do dinheiro — explica.

Saber até quanto pode gastar

O economista pondera que, para quem faz uso dos aplicativos do banco pelo celular, monitorar os gastos do cartão por esse meio é uma alternativa para evitar surpresas na fatura. Outro ponto é saber quanto do salário é possível gastar com as contas.

— O recomendado é gastar apenas 30% da renda. Mas isso considerando que a pessoa não tem nenhum outro tipo de conta. Se você, por exemplo, financiou uma casa e o banco permitiu que você usasse 30% do salário, então não se pode mais gastar esse percentual no cartão — orienta.

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Ter controle das contas fixas

Soares ainda comenta que alguns consumidores utilizam sistema de pontos no cartão de crédito e acabam usando todo o salário para cobrir os gastos do cartão. Segundo ele, isso até pode ser interessante para quem costuma viajar, já que muitas companhias aéreas vendem passagens nesse sistema. No entanto, é preciso ter total controle dos gastos para não cair em armadilhas.

— Isso nem sempre é possível pois não se tem certeza de quanto irá ser gasto com luz ou água, por exemplo. O ideal mesmo é gastar com planejamento. Usar o cartão para parcelar uma viagem ou até mesmo combustível, se isso for um gasto programado. Tendo controle é possível ter certeza de que não irá estourar o limite — explica.

Parcelar quando realmente vale à pena

O economista pondera que o momento ideal para optar por um parcelamento vai depender da renda mensal de cada consumidor.

— Renda é aquilo que se pode pagar imediatamente, é o que se tem líquido. Então, se quero comprar uma TV, mas o valor não cabe na minha renda, devo parcelar — diz.

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Soares ressalta que, nesses casos, também é aconselhável fugir dos juros. Se optar por dividir o valor da compra, mas a loja cobrar juros, explica, é melhor juntar um pouco mais para dar de entrada e só então financiar o saldo.