Há uma linha tênue separando as boas lembranças das más na memória dos trabalhadores da Busscar. Para quem está há quase dois anos esperando para receber salários e benefícios atrasados e até para quem já teve sua ação julgada pela Justiça do Trabalho, a empresa teve seus tempos de glória, mas hoje segue em pé apenas por interesses que não levam em conta as suas necessidades.
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A primeira das três reuniões do Sindicato dos Mecânicos com os trabalhadores/credores da fabricante de carrocerias de ônibus evidenciou
ressentimentos de quem estava presente no auditório da entidade, e mostrou que os sindicalistas terão que travar uma batalha interna antes de ir para a assembleia geral de credores, prevista para ocorrer em maio.
O presidente do sindicato, João Bruggmann, disse que o principal objetivo agora é convencer todos os trabalhadores que são credores da Busscar a se informar e a comparecer na votação do plano.
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– Quanto mais gente votar, melhor. Nosso voto não vale só o valor da dívida que cada um tem a receber, ele vale R$ 115 milhões. Temos que nos unir e temos que estar cientes do que acontece caso haja o sim e caso haja o não -, afirma Bruggmann.
Acompanhado pelo presidente eleito da entidade, Evangelista dos Santos, Bruggmann chegou a reler a proposta de pagamentos das dívidas dos credores trabalhistas e apresentou dois pontos que serão protocolados na Justiça como uma sugestão de modificação do plano.
A primeira pede que 50% das dívidas com trabalhadores seja paga assim que o plano for votado e aprovado, parcelando o restante do crédito em 12 vezes.
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Na segunda, a garantia de que todo o ativo produtivo do grupo não será vendido até que todas as dívidas trabalhistas estejam quitadas. Para ele, o que está no plano hoje “não é viável, é muito injusto e não transparece segurança”.
Dos trabalhadores, veio também um pedido para que haja um conselho administrativo na empresa, que inclua representantes dos funcionários nas decisões da companhia. Para Bruggmann, o primeiro encontro serviu como um termômetro para checar como está o entendimento dos credores a respeito do processo de recuperação judicial.
– Somos contra a diferenciação de credores trabalhistas, e não aceitamos a carência de seis meses e muito menos o pagamento em até três anos, quando a lei diz que as dívidas trabalhistas precisam ser pagas em um ano. Nós queremos ver a Busscar de volta, mas que isso não ocorra às custas de quem mais quer vê-la forte novamente -, argumenta.
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Enquanto procura os trabalhadores para que tirem dúvidas sobre a recuperação e faz campanha para que eles compareçam à assembleia de credores, o sindicato programa para 15 de abril, na sede recreativa da entidade, uma assembleia para dar os encaminhamentos finais ao tema. A proposta será apresentada novamente nas reuniões desta quarta-feira e em 17 de março.
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