Mais um ano de frustração na BR-280

2014 foi um ano de sentimentos antagônicos em relação a uma bandeira histórica da região Norte de Santa Catarina: se de um lado foi mais um ano de frustrações pelo aparente descaso com que o governo federal trata a duplicação da BR-280, por outro foi neste ano em que finalmente as obras começaram a sair do papel: 6 de junho passa para a história como o dia do início das obras de duplicação entre Guaramirim e Jaraguá.

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No dia 12 de fevereiro, após uma batalha judicial envolvendo empreiteiras, o DNIT decidiu suspender a licitação para a duplicação do lote 1, o trecho entre a BR-101 e São Francisco do Sul. Trata-se do mesmo trecho que havia ficado para trás em dezembro de 2013, quando a presidente Dilma Rousseff assinou, em Santa Catarina, as ordens de serviço para os outros dois lotes.

No dia 7 de agosto, nova esperança com o relançamento do edital do lote 1. Após novos contratempos, o contrato com a empreiteira que venceu o processo foi assinado em 24 de outubro. A expectativa é de que a ordem de serviço seja assinada até o fim do primeiro trimestre de 2015, assim que for vencida uma etapa de desapropriações de áreas.

No final de setembro, reportagem especial do “AN” revelou que no período de 6 anos de meio desde a promessa de duplicação feita pela então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, em maio de 2008, o trecho a ser duplicado registrou 5.354 acidentes, 3.630 passageiros feridos, 130 mortes, 20 atrasos e zero quilômetro duplicado. Sinal claro de que a mobilização da comunidade precisa continuar.

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A agonia de duas marcas joinvilenses

Duas empresas que encheram Joinville de orgulho no passado, por se destacar nacionalmente em seus segmentos e por gerar milhares de empregos, viveram um de seus anos mais dolorosos: 2014 sepultou as chances de um retorno da Busscar à ativa, e encaminhou a Metalúrgica Duque para o mesmo rumo.

Em grave crise financeira e com salários de funcionários atrasados, a Duque entrou ,no dia 31 de janeiro, com pedido de recuperação judicial. A tradicional empresa joinvilense, reconhecida em todo o País pela qualidade na produção de componentes para bicicleta, sofreu um revés em suas esperanças no dia 3 de dezembro, quando, em assembleia, os credores disseram não ao seu plano de recuperação judicial. Embora a companhia busque desqualificar o voto do Itaú, que acabou por decidir pela rejeição, na prática a assembleia encaminhou a falência.

Este ano também sepultou, de vez, as esperanças da Busscar voltar ao mercado de carrocerias de ônibus. No dia 30 de setembro, a Justiça confirmou o resultado da assembleia de credores, que rejeitou o plano de recuperação judicial da empresa, e decretou, pela segunda vez em dois anos, a falência da empresa. O leilão dos bens foi marcado para 26 de novembro, quando apenas dois dos seis lotes de bens e ativos foram arrematados. Um novo leilão está previsto para acontecer entre março e abril de 2015.

Voo alto do Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola

O ano que está terminando foi recheado de boas notícias para o Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola. A começar pela concretização de um antigo sonho: 26 de junho entra para a história como o dia do primeiro voo a utilizar o ILS (Instrument Landing System), sistema que facilita a aterrissagem de aeronaves em condições climáticas adversas e aumenta a segurança de voo.

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Menos de dois meses depois, no dia 16 de setembro, a companhia aérea Azul inaugurou uma nova frequência noturna diária, entre Campinas e Joinville. A decisão atendeu a uma reivindicação da comunidade, em especial da classe empresarial.

E, em novembro, o Aeroporto passou a usar o finger terrestre, plataforma que conecta passageiros às aeronaves, evitando que embarque e desembarque sejam feitos pela pista. Também em novembro, o terminal chegou a 451.619 passageiros no ano, 27,4% a mais do que o mesmo período do ano passado, e 1,6% acima do recorde histórico de 2011. Por isto, a expectativa é que em janeiro seja anunciado um novo recorde de passageiros, que pode ultrapassar, pela primeira vez, a marca de meio milhão de pessoas.

A consolidação do polo automobilístico

A região Norte de Santa Catarina ganhou notoriedade mundial com a instalação da unidade da BMW em Araquari. Em 30 de setembro a montadora alemã começou a produção dos veículos e, em 9 de outubro, inaugurou, formalmente, a primeira e única fábrica da América do Sul, num investimento de R$ 650 milhões. Um empreendimento que já conquistou certificação internacional de construção sustentável.

No rastro da BMW, outras montadoras passaram a analisar com mais interesse a possibilidade de vir a se instalar aqui. A Mercedes Benz cogitou o município de Joinville, antes de optar por Iracemápolis (SP). E uma outra montadora, chinesa, agora também mapeia terrenos em Joinville. O município brasileiro a ser escolhido deverá ser conhecido em meados de 2015.

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No ano anterior, em 27 de fevereiro de 2013, a General Motors do Brasil inaugurou, em Joinville, a fábrica de motores 1.0 e 1,4 litro, e cabeçotes. Aplicou R$ 350 milhões no empreendimento. A produção é de 120 mil motores e 200 mil cabeçotes por ano, destinados às fábricas de Gravataí (RS) e Rosário (Argentina). Esta fábrica é a primeira a implantar um conjunto de sistemas pioneiros na área de eficiência energética e proteção ao meio ambiente. As iniciativas incluem processos que a tornam uma das primeiras do Brasil a ter 100% dos resíduos industriais reciclados (landfill free).

Adeus à liderança do PIB, não à relevância

Um dos fatos mais impactantes do ano de 2014 na área econômica foi a divulgação, pelo IBGE, de que Joinville deixou de ser o município mais rico de Santa Catarina. Itajaí, agora, tem o maior produto interno bruto (PIB) do Estado. Os números de 2012 (os mais atualizados) mostram recuo de 2,86%, de Joinville, em relação ao ano anterior. Somos um município, ainda predominantemente industrial, de R$ 18,229 bilhões. É exatamente a queda do valor adicionado da indústria, de impressionantes 11,59%, de um ano para outro, que intrigou muita gente.

Há explicações: o desempenho do setor foi fraco naquele ano. E muitos municípios industrializados sofreram impacto parecido, e decaíram no ranking nacional. De todo modo, a Secretaria de Desenvolvimento promete ir fundo na análise detalhada dos números, gráficos e tabelas. Favorecidos foram os municípios portuários, que ganharam posições importantes, por conta de crescimento dos negócios de exportação e importação, via tradings e centros de distribuição lá localizados.

Não devemos esperar que Joinville retome a liderança estadual. Vamos assistir, sim, progressivamente, a desconcentração da riqueza, até mesmo em cidades do entorno do polo econômico do Norte de Santa Catarina. Perdemos o glamour. Mas não a nossa importância como polo aglutinador de negócios.

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