No próximo dia 27, os técnicos que fazem parte da Comissão Permanente de Estruturação do Processo Licitatório do Transporte Coletivo em Joinville apresentarão o projeto básico do novo modelo do transporte coletivo na cidade. Na prática, será um esboço das exigências que serão feitas à empresa que vencer a licitação. Na primeira audiência pública, segunda-feira, o grupo ouviu as manifestações de 44 pessoas.

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Com base em algumas delas, “AN” ouviu o diretor executivo do Ippuj, Vladimir Constante – que também é um dos líderes da comissão -, e montou dez perguntas e respostas que ajudam a explicar o processo.

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A Prefeitura pretende publicar o edital de licitação até o final de abril, mas alguns detalhes estão pré-definidos, como a concessão para apenas uma empresa ou consórcio e a exigência para que a futura concessionária informe os passageiros sobre as linhas e os horários nos próprios pontos. Confira as dez perguntas e respostas.

1 – Há mudanças definidas em relação ao sistema atual?

O sistema de integração entre os terminais continua, até porque isso foi feito de forma planejada. A tarifa única possibilita o usuário de um local ter vários destinos pagando só uma passagem. A bilhetagem eletrônica também é uma referência do sistema de Joinville até para outras cidades. Essas características são muito importantes para o cidadão. Então, a Prefeitura entende que não deve haver uma mudança drástica em cima deste sistema. Mas, com a concorrência da licitação, se espera ganhar nas questões de custo e qualidade. E para descobrir qual é a qualidade que a população espera é que foi feita a pesquisa de campo.

2 – Que inovações já podem ser adiantadas?

Um problema encontrado hoje que deverá ser melhorado é a informação de horários e linhas. A empresa terá que disponibilizar, de alguma forma, essas informações ao usuário nos pontos de ônibus. A licitação também apresentará metas, como por exemplo, de redução de acidente, de frota 100% acessível até 2014 e meta de redução de poluentes.

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3 – Uma das reivindicações da primeira audiência foi a ampliação do número de audiências para 14. A comissão já avaliou essa possibilidade?

Ainda não há uma decisão quanto a isso. Por enquanto, vamos manter a programação estabelecida. Pode haver o interesse de usar o palanque como momento político, e não é essa a questão. Por isso, a Prefeitura se resguarda dessa possibilidade.

4 – Há a possibilidade de o transporte ser administrado por uma empresa pública ou pela própria Prefeitura?

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Vamos analisar a proposta. Mas não existe condição técnica para aplicar esse sistema no momento. Por isso, a Prefeitura está concedendo o serviço. Ela não tem condições de criar uma empresa e ampliar a máquina pública. Seriam 1.500 novos postos de emprego. Então, não há condições.

5 – A Frente de Luta pelo Transporte Público sugeriu tarifa zero, subsdiada. Existe essa possibilidade?

Existem algumas avaliações já feitas. Em 2011, o sistema arrecadou pouco mais de R$ 100 milhões com a tarifa. Se existisse ou fosse posta em prática a tarifa zero, eu, nós, a população teria que pagar esse valor para as empresas. O que acontece é que, no momento em que o serviço é oferecido de graça, pelo menos o dobro da população vai usar. Se é o dobro, o município teria que investir R$ 200 milhões para possibilitar a gratuidade a todos os usuários. E de onde sairiam esses R$ 200 milhões? Não existe recurso federal e estadual para financiar isso e o município não dispõe dessa verba, pois a Lei de Responsabilidade Fiscal diz que não se pode tirar esse recurso de outros serviços, como saúde e educação. Uma forma de arrecadar seria o IPTU e, para cobrir esse valor, a população pagaria cinco vezes mais. Lembrando que parte do recurso do IPTU obrigatoriamente precisa ir para a saúde e para a educação. Um exemplo claro é o seguinte: quem paga R$ 600 pagaria R$ 3 mil? Acho que não seria muito aceitável pela população.

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6 – Quais as chances de haver gratuidade para os estudantes?

Vamos fazer as contas para saber se isso é possível. O que a população mais está pedindo é oferta de linhas e horários. Em segundo lugar está um preço mais baixo. Depois é que pede desconto. Mas, se houver um impacto baixo com esse desconto, ou uma forma de subsidiar isso, pode acontecer. Porque a gratuidade não pode ser paga com a tarifa. O usuário não pode pagar pela gratuidade do outro. Então, é preciso conseguir um recurso para custear esse benefício. Essa é uma determinação federal. Existem já algumas classes que têm o desconto, como o idoso acima de 65 anos, o policial militar, o carteiro em serviço e alunos e professores da rede básica. É constitucional, não é possível mudar.

7 – A licitação vai garantir melhorias tecnológicas no sistema atual?

A licitação terá que prever uma forma de implantar melhorias caso seja viável. Se existir uma nova tecnologia que trará benefícios à população, a licitação tem que dispor dessa abertura. E isso tudo está sendo elaborado agora, durante o mês de fevereiro. Então, na próxima audiência, tudo isso estará claro e será apresentado à população. Mas ainda será passível de questionamento e sugestões.

8 – É possível prever o domingo livre, com passagem grátis, como ocorre em Porto Alegre e em Curitiba?

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A gente conhece o projeto de Porto Alegre, onde existe o domingo livre. Esse dia, que teria menor fluxo de passageiros, acaba tendo o mesmo fluxo de um dia de semana, por conta da tarifa zero. Essa proposta pode, sim, entrar em análise no processo licitatório.

9 – A manutenção de abrigos de ônibus e terminais são responsabilidade da Prefeitura. Vai continuar assim?

Durante um certo período, houve um convênio com desconto no Imposto Sobre Serviço (ISS) das concessionárias. A Prefeitura não cobrava os 2% de ISS e as empresas usavam esse valor pra fazer a manutenção. O convênio era uma forma muito boa de se fazer essa manutenção. Vamos reavaliar essa possibilidade.

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10 – Como será a escolha da empresa vencedora? Haverá a possibilidade de mais de uma ou duas empresas operarem o sistema?

Nós não vamos recuar do que já temos. O sistema atual não pode regredir. Não será permitido reduzir a oferta e a qualidade que já existe. Apenas ampliar e melhorar. A licitação será apresentada aos possíveis concorrentes com os pré-requisitos de qualidade estabelecidos. A empresa que cobrir a estrutura apresentada com menor valor de tarifa será a vencedora. Hoje, duas empresas operam as linhas de ônibus. Depois da licitação não será mais assim. Apenas uma empresa ou um consórcio de empresas poderá vencer a licitação. Assim o serviço será facilitado para a Prefeitura como gestora e para o usuário que, quando precisar de informações, poderá recorrer a uma única empresa responsável.