Onça e capivara: corrida pela vida
” Uma das presas preferidas das onças é a capivara, maior roedor do mundo. Desde de nascer do sol fui acompanhando esta fêmea de onça num pequeno barco no rio Cuiabá, no estado do Mato Grosso. Num dado momento a onça entrou numa mata na beira do rio e desapareceu. Fui descendo o rio e me deparei com uma capivara tranquila tomando sol. Baixamos, jogamos a poita, torcendo para a onça vir na direção da capivara. Regulei a câmera e esperei um tempo com tudo preparado. Quando a onça apareceu a capivara estava relativamente longe e saiu em disparada para o rio. Fiz uma sequência de fotos. A cena não durou dois segundos, mas consegui belas fotos. Uma delas é esta que ganhou um prêmio num dos concursos mais prestigiados do mundo, o Wildlife Photographer of the Year 2013. Bem, fica a pergunta: a capivara, sobreviveu?”
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Anfíbio e olho
“Uma das preocupações que tenho nas fotografias que faço é de tentar que a imagem faça valer o provérbio chinês que diz: uma imagem vale mais que mil palavras. Quando o biólogo Luiz Fernando Ribeiro me mostrou estes anfíbios fiquei imaginando como fotografá-lo de forma a mostrar suas dimensões. Fiz várias fotografias nas folhas do chão da floresta onde vivem, sobre a mão, nos teclados do celular para dar escala. Aí veio a ideia de colocar uma escala humana mais marcante: um olho. Pedi ao Luiz Fernando que colocasse o sapo sobre sua unha e a mão na frente do rosto. O pequenino anfíbio em contraste com o olho humano, que parece enorme, transmitindo uma ideia de que o destino do pequeno animal está literalmente nas mãos da humanidade. Numa única foto foi possível passar uma mensagem da responsabilidade que temos em relação à manutenção da vida no planeta ao mesmo tempo a fragilidade da vida animal. Bem, pelo menos foi esta a ideia.”
Pôr-do-sol
Fiz esta fotografia para uma matéria era para a revista Os Caminhos da Terra, Rio Grande do Sul sobre a Grande Restinga. Eu tinha em mente uma fotografia que desse a ideia desta imensidão, que fosse simples e forte o suficiente para emplacar a abertura de página dupla. Sugeri irmos para o oeste para pegar o pôr-do-sol na Lagoa do Peixe. Chegando lá fiquei frustrado, mesmo com a beleza do que eu estava vendo. Parecia um mar! Fiz algumas fotos e sugeri voltarmos. O sol já estava baixo e eu olhava pela janela do carro, tentando achar algo que valesse a pena parar. O tempo todo ficava formando imagens baseado no que eu via e pensando se daria uma foto de abertura. De repente a imagem que eu procurava se formou em minha mente. Lá longe vi uma figueira, e um jerivá à direita, uma assinatura da região. Para completar o sol estava na posição correta. Paramos o carro e saí correndo, montei o equipamento com uma tele potente para deixar o sol bem grande. O sol se movia rapidamente. Fiz várias fotos até ele se pôr. O tom monocromático do céu deu mais força para o imenso sol criando um ar dramático. Depois olhando a reportagem publicada me dei conta que nesta foto estão os elementos principais da fotografia: Sombra e luz na sua forma mais simples.”
O gavião e a capivara
“O pantanal é o local perfeito para quem gosta de fotografar a natureza. Lá os animais se expõem mais. Por ser um local aberto e plano é mais fácil de visualizá-los. Lá encontramos bandos de capivaras tomando sol à beira das lagoas e dos rios, dividindo seu espaço com jacarés, garças, jaburus, colhereiros e tantos outros. Os predadores ficam à espreita e o menor vacilo pode ser fatal. Outra forma de predação é menos visível, mas nem por isso menos importante. Os parasitos se aproveitam dos animais de uma forma mais silenciosa como é o caso dos carrapatos, que podem transmitir doenças e provocar infecções deixando o hospedeiro fraco e vulnerável. Mas nem tudo é desespero para esta capivara. O gavião-carrapateiro ajuda na limpeza destes indesejáveis parasitas. Ele pousa nas costas dos animais a procura de carrapatos e parasitas que se aproveitam da capivara. De quebra a capivara ainda recebe um cafuné.”
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