O comandante-geral da Polícia Militar do Estado, coronel Nazareno Marcineiro, começou a carreira em 1978. Formou-se oficial em 1982 e em 2011 assumiu o comando-geral da Polícia Militar em Santa Catarina. Marcineiro acredita que salários melhores e a possibilidade de trabalho em uma cidade próximo de casa são essenciais para atrair um número maior de interessados para atuar na Polícia Militar. Para ele, amor pela profissão, conhecimento jurídico, social e de psicologia são imprescindíveis para realizar o trabalho militar na sociedade atual.
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Jornal de Santa Catarina – Como o senhor analisa a baixa procura por concursos de Polícia Militar no Vale do Itajaí?
Marcineiro – A atividade do policial é árdua e acaba resultando em uma opção de vida. A questão remuneratória também nunca foi atrativa, agora é que está começando a melhorar. O salário atrai muito menos num lugar onde a sociedade tem pleno emprego e indústria desenvolvida, como o Vale do Itajaí. Há também a questão cultural na região, que passa de pai pra filho, como o emprego em empresas maiores.
Santa – Como atrair mais pessoas para a carreira militar?
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Marcineiro – Abrimos concurso com mais de uma região, como este que encerra segunda-feira. Os interessados disputam as vagas para Balneário Camboriú e o Vale do Itajaí. Se eles passarem e tiverem que morar em outra cidade, ainda acabam ficando próximo de casa. Poderia também abrir o concurso para todo Estado independente da região. Mas a consequência é pior, pois as pessoas que moram onde não há vagas se candidatam para cidades como as do Vale, onde não há muitos candidatos. Depois de algum tempo na cidade elas querem transferência, e a região fica sem a quantidade de policiais para garantir a segurança.
Santa – Que conselho o senhor dá aos que estão pensando em seguir esta carreira?
Marcineiro – Amor pela causa pública. Sou um apaixonado pela natureza do serviço da Polícia Militar. Construí a minha vida para ser um policial militar e um comandante. Todas as minhas buscas foram para me instrumentalizar a fim de gerenciar pessoas, materiais e métodos de trabalho. O que me motiva muito, além de ser filho de policial militar, é o amor pela causa de proteger as pessoas. Não há nada mais sagrado para um ser humano do que sua segurança, patrimônio e integridade física. E a Polícia Militar tem essa nobre missão de proteger as pessoas.
Santa – Acha que há mais interessados na carreira militar hoje do que quando o senhor iniciou a carreira?
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Marcineiro – Percebo uma mudança muito grande na sociedade e na Polícia Militar. Naquela ocasião os presidentes eram militares do Exército. Havia um glamour na profissão e uma conotação de guerrilha, de defesa interna. Os pais queriam que os filhos fossem policiais ou religiosos e valorizavam bastante a carreira. Ao longo dos anos de trabalho percebi uma grande mudança na imagem dos militares e um encaminhamento da organização policial militar para um viés com o qual eu me identifico: o de proteger as pessoas. Nós temos uma estética militar, uma investidura militar e trabalhamos em busca da realização de um serviço civil. Hoje a missão é mais voltada pela busca da paz, levando em consideração o conhecimento jurídico, social e de psicologia para poder realizar o trabalho militar.
Santa – Mudou a visão da sociedade em relação aos policiais militares?
Marcineiro – Minha percepção é de que os atos de todos os policiais no mundo impactam na imagem da corporação. Durante os últimos anos fomos muito impactados pelos acontecimentos no eixo Rio-São Paulo e isso reflete na nossa imagem. Temos o reflexo das atitudes dos colegas nossos de outros lugares. Mas hoje a demanda que temos por segurança é tão aguda que a opinião pública vê na Polícia Militar um ente de extrema necessidade social. Por outro lado, temos nos esforçado muito para fazer uma gestão moderna, capacitada e preparada.