A conferência sobre a Síria da qual participaram Washington, Moscou e os atores-chave no conflito terminou neste sábado em Lausanne sem avanços concretos, enquanto a guerra continua sem descanso.
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Os participantes na reunião, a metade defensores do regime de Damasco e a outra metade da rebelião síria, se levantaram da mesa após pouco mais de quatro horas de negociações em um hotel da cidade suíça, após terem concordado em “prolongar os contatos”, segundo o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, citado pelas agências de imprensa russas.
“Dissemos claramente que é preciso começar o processo político o mais rápido possível”, acrescentou.
Seu homólogo americano, John Kerry, disse que foram trocadas “ideias novas” durante a reunião e mencionou “a tensão” durante todo o encontro.
Os outros participantes, Turquia, Catar e Arábia Saudita -que apoiam a rebelião-, e Iraque, Egito e Irã, aliados do regime de Damasco, não fizeram declarações.
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A reunião, que apresentou um novo formato (os países europeus não foram convidados) foi precedida por uma reunião entre John Kerry e Sergei Lavrov, que não se viam desde o início da ofensiva russo-síria, há três semanas, em Aleppo (norte).
Os bairros do leste da cidade, controlados pelos rebeldes, permanecem sob fogo cruzado, sobretudo os de Hanano, al Maysar e Inzarat, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Em outra frente, os combatentes da oposição síria, apoiados pela Turquia, avançavam neste sábado para a cidade de Dabiq, situada entre Aleppo e a fronteira turca, para tirá-la do poder do grupo Estado Islâmico (EI), anunciou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
A Turquia lançou em 24 de agosto uma ofensiva sem precedente na Síria, chamada “Escudo de Eufrates”, para expulsar da fronteira os extremistas do EI e os rebeldes curdos sírios das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG).
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– De reunião em reunião-
Antes mesmo de começar, os participantes não escondiam a baixa expectativa em torno da reunião.
O encontro aconteceu em um contexto extremamente tenso entre Moscou e os países ocidentais, que acusam a Rússia de ter cometido “crimes de guerra” em Aleppo.
Moscou e Washington negociaram durante quase um ano sobre a Síria em várias reuniões e impulsionaram dois acordos de cessar-fogo em 2016 que duraram poucas semanas.
O fracasso se deveu aos diferentes interesses neste conflito extremamente complexo, onde estão implicados uma dezena de países.
Desde que a trégua foi rompida no final de setembro e começou a ofensiva contra a parte da cidade em poder dos insurgentes, onde vivem cerca de 260.000 habitantes, mais de 370 pessoas foram mortas, na maioria civis, segundo o OSDH. Entre as vítimas estão mais de 130 crianças, de acordo com a ONG Save the Children.
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O regime de Damasco e seu aliado russo garantem que os bombardeios a Aleppo são para “eliminar os terroristas”.
Há dois dias, Moscou propôs que os rebeldes saíssem da cidade, prometendo-os segurança. Já a ONU projetou um plano para a saída dos combatentes do Fatah al Sham, ex-Frente Al Nusra.
Mas tanto a oposição como seus apoios temem que, sob o pretexto de evacuar os combatentes, o regime e a Rússia só busquem uma rendição forçada de Aleppo.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, irá domingo a Londres para assistir a uma reunião ministerial de países “afins”, em que participarão unicamente os apoios da rebelião, principalmente europeus.
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Desde março de 2011, o conflito na Síria provocaram a morte de mais de 300.000 pessoas, deixando milhões de deslocados e refugiados.
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