A 14ª conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) para a mudança climática (UNFCCC) teve início nesta segunda-feira em Poznan, na Polônia, com representantes de 192 países que debaterão o futuro do planeta, em meio ao pessimismo gerado pela crise financeira e à esperança de que Barack Obama envolva os Estados Unidos na luta contra o aquecimento global.
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– Os cientistas compartilham a visão de que um aumento de temperatura superior a dois graus terá conseqüências irreversíveis em praticamente todos os ecossistemas – afirmou o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, na inauguração do evento.
A conferência é um passo prévio às negociações que devem ser concluídas no ano que vem em Copenhague, na Dinamarca, com um novo acordo que substitua o Protocolo de Kioto a partir de 2012. O presidente da conferência e ministro do Meio Ambiente polonês, Maciej Nowicki, lembrou as conseqüências que a humanidade enfrentará se os atuais níveis de poluição continuarem.
– Grandes secas e inundações, ciclones que aumentarão seu poder destrutivo, epidemias, uma dramática queda da biodiversidade, conflitos sociais e inclusive armados, migrações a uma escala imprevisível – afirmou.
A lista de calamidades que o ministro polonês enumerou deve ser suficiente para que os participantes da conferência de Poznan superem o obstáculo que supõe a crise financeira internacional e cheguem a um acordo que permita substituir o Protocolo de Kioto. A atual conjuntura econômica aparece como o grande impedimento para este esperado compromisso, já que ameaça reduzir os recursos destinados à luta para salvar o planeta.
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Segundo especificou o secretário-executivo da UNFCCC, Yvo de Boer, é importante que os governos estudem como fazer com que as medidas contra o aquecimento global se conectem com a recuperação de suas economias. O certo é que o contexto de crise financeira mundial pesa e se deixa notar inclusive na União Européia (UE), que tenta liderar a batalha contra o aquecimento do planeta. Para isso, o encontro terá que superar a oposição de alguns membros, como a própria Polônia, que pedem a diminuição das medidas ambientais apoiando-se na má situação econômica.
A ONU lança a mensagem de que a crise será ainda maior se a atual situação econômica se transformar em uma desculpa e se decisões efetivas contra o aquecimento global não forem tomadas urgentemente. Frente a este panorama obscuro, a recente vitória de Obama nas eleições presidenciais americanas renova as esperanças de que os EUA se envolvam na tarefa de salvar o planeta, sobretudo levando em conta que Washington ainda não ratificou o Protocolo de Kioto.
Obama não estará presente nesta reunião, onde a delegação americana seguirá pertencendo à administração Bush, mas é esperada a participação de vários congressistas liderados pelo democrata John Kerry, que representarão o presidente eleito. Uma mudança na postura dos EUA será determinante para conseguir o envolvimento das potências emergentes – Brasil, China, Índia, África do Sul e México –que poluem tanto quanto as industrializadas, e cuja participação é imprescindível para se chegar a um consenso em Poznan que conduza o mundo a um Protocolo pós-Kioto.