O fim de semana na Praia de Canasvieiras, no Norte da Ilha, em Florianópolis, foi marcado pela mancha escura que saiu do Rio do Braz para desembocar no mar. Na noite de quinta-feira, segundo a prefeitura da Capital, moradores da comunidade do Papaquara, que fica nas proximidades, teriam destruído a barreira de areia na região. Assim a água do rio passou a chegar no mar sem qualquer obstáculo. O município e a Casan creditam a cor da água às condições ambientais do local e à poluição urbana.
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Na manhã de sábado, com maior movimento de veranistas, a mancha chamou bastante atenção. Na tarde deste domingo, a reportagem do DC voltou ao local e percebeu ainda a presença da mancha no local. Diferente do dia anterior no entanto, não havia cheiro forte.
Este episódio reabriu novamente a discussão sobre a qualidade da água do Braz. Em 31 de dezembro de 2015, a falta de luz no Norte da Ilha causou o desligamento de uma estação elevatória de esgoto da Casan existente no rio. Assim os dejetos foram lançados na água e, consequentemente, no mar. Desta vez, afirma a prefeitura, isso não ocorreu:
— Pedimos os registros para a Casan e eles nos mostraram que não há registro desse tipo de evento. O que está ocorrendo ali é água da chuva. A coloração da água é natural desse tipo de ambiente — explicou o superintendente de Habitação e Saneamento da Capital, Lucas Arruda.
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A prefeitura, explica o técnico, vai monitorar o local e não deve interferir no ponto como a implantação de uma nova barreira, por exemplo. Arruda diz que os moradores do Papaquara fizeram o rompimento sob o argumento de que o fechamento do rio seria o causador de alagamentos nas residências da comunidade. Segundo ele, isso não se confirma porque é outro rio, o Papaquara, que interfere naquela localidade.

Chuva ajuda a deixar rio poluído
Depois do episódio de 2015/2016, a Casan passou a monitorar com frequência a água do Rio do Braz. Os testes deste verão serão concluídos apenas em março, mas a companhia garante que na temporada passada os resultados foram melhores ao período anterior. As condições atuais da água na região, explica o engenheiro químico da Casan, Alexandre Trevisan, estão associadas a dois fatores. O primeiro, como disse a prefeitura, é a configuração do solo. O segundo é a poluição vinda de diferentes fontes como ligações irregulares e das ruas. Esse quadro se intensifica quando há períodos constantes de chuva como o que tivemos nas últimas semanas:
— É uma mistura da característica da região com a urbanização que tem naquele ponto. A cor é característica de algumas coisas que ninguém vê. Como há essa configuração de manguezal, sempre haverá essa cor escura. Quando dá uma chuva forte, essa cor escura vira marrom, que é o fundo dos rios sendo carregado pelas chuvas.
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Ao descartar que tenha ocorrido um vazamento de dejetos como há dois anos, o técnico aponta para a presença do lixo urbano como um influenciador da poluição da água:
— A água traz lixo, restos de algumas coisas. Não é só esgoto. Na verdade a poluição urbana é uma mistura. É a água urbana que traz junto com ela um pouco de esgoto, de lixo, chorume. Ela carrega esse histórico da bacia urbana.
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