A angústia e a apreensão marcam o sentimento das famílias das vítimas da chacina em uma creche de Saudades, no Oeste de Santa Catarina. O autor do ataque que terminou com a morte de cinco pessoas — entre elas três bebês — será julgado nesta quarta-feira (9), mais de dois anos após o crime. Para a família de Anna Bela F. de Barros, uma das vítimas da tragédia, a condenação não deve acabar com a dor que surgiu a partir daquele dia 4 de maio de 2021.
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— Os únicos condenados são todas as famílias que perderam alguém naquele dia — desabafa a avó da criança, Risolete Fernandes de Barros.
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Ela conta que acompanha todo o andamento do processo desde o início, mas que não deve participar do julgamento. Isto porque a neta e segunda filha dos pais de Anna acabou de nascer, o que impede o deslocamento da família para Pinhalzinho, onde ocorrerá o júri. O casal se mudou para Florianópolis após o ataque.
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Segundo Risolete, o filho não consegue falar sobre o caso mesmo passados dois anos. Já a nora chora ao tocar no assunto e tem sentido angústia nos últimos dias, devido à proximidade do julgamento.
— Quanto ao júri, para nós vai ser um alívio já que uma parte vai ser concluída. Que o Ministério Público apresente tudo que aconteceu naquela manhã e o TJ haja com sabedoria, Nós, famílias, estamos sofrendo, imagina os pais como é que estão — salienta.
O julgamento ocorre nesta quarta-feira (9) a partir das 8h30min, no Fórum de Pinhalzinho, município vizinho a Saudades. A previsão é de que ele dure mais de um dia. Na primeira etapa, estão previstas para serem ouvidas seis vítimas, oito testemunhas de acusação e quatro de defesa. Depois, ocorre o espaço para que acusação e defesa apresentem os argumentos, com réplica, para que, ao fim, os jurados decidam a sentença.
Segundo o advogado Demetryus Eugenio Grapiglia, responsável pela defesa do autor do ataque, a expectativa é de que o júri acolha as informações apresentadas, para que possa decidir pela condenação ou não. Outros detalhes da estratégia, no entanto, não foram informados.
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Relembre o caso
O crime ocorreu em 4 de maio de 2021. Um jovem de 18 anos entrou na creche Pró-Infância Aquarela, em Saudades, armado com uma adaga. Ele invadiu uma sala onde as crianças dormiam e desferiu golpes contra uma professora, uma agente educacional e quatro crianças. Apenas um bebê de um ano e oito meses sobreviveu.
As vítimas são: Anna Bela F. de Barros, de um ano e oito meses; Sarah Luiz Mahle Sehn, de um ano e sete meses; Murilo Massing, de um ano e nove meses; a assistente Mirla Renner, de 20 anos; e a professora Keli Anicevski, de 30 anos. As vítimas foram golpeadas com um facão pelo autor que, na época, tinha 18 anos.
O homem foi preso em flagrante no dia do crime. Durante as investigações, policiais encontraram indícios de inspiração em outros ataques a escolas, como os massacres de Suzano, em São Paulo, e o de Columbine, nos Estados Unidos. Ele segue detido em um hospital psiquiátrico em Florianópolis.
O réu é acusado de ter matado cinco pessoas, duas professoras e três bebês, e ter atentado contra a vida de mais 14 em maio de 2021. No total, os 19 crimes de homicídio, entre consumados e tentados, foram entendidos pelo Ministério Público como triplamente qualificados.
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