Três catarinenses presos e condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília teriam quebrado as tornozeleiras eletrônicas pelas quais eram monitorados e fugido do Brasil. Eles fazem parte de um grupo de 10 pessoas suspeitas de terem deixado o país. As informações foram publicadas nesta terça-feira (14) em reportagem do portal UOL.
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O levantamento do portal informa que os 10 militantes que participaram do ato de 8 de janeiro teriam deixado o Brasil este ano pelas fronteiras de Santa Catarina e do Paraná, com destino à Argentina e ao Uruguai. Um dos investigados, de São Paulo, teria dito que pediu asilo político ao presidente da Argentina, Javier Milei.
As informações do portal foram baseadas em registros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e de familiares e advogados.
A Polícia Civil de Santa Catarina afirmou que o caso é de competência federal e que até o momento não recebeu nenhum pedido de apoio de órgãos federais para a captura desses foragidos.
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O STF informou que não fez levantamento específico sobre a situação dos investigados e condenados citados na matéria do UOL, e que por isso não poderia confirmar a informação das fugas. A reportagem do NSC Total pediu informações sobre o caso à Polícia Federal, mas não recebeu retorno até a publicação.
Veja abaixo quem são os foragidos de SC
Ângelo Sotero, de Blumenau

Os três catarinenses suspeitos de terem fugido do país foram os primeiros condenados de Santa Catarina nos processos que investigam os participantes dos ataques aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023.
Um deles é o músico catarinense Ângelo Sotero de Lima, 58 anos, morador de Blumenau. Ele foi condenado a 16 anos e meio de prisão, pelos crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e associação criminosa.
Segundo a reportagem do UOL, o advogado de Ângelo teria confirmado a fuga. O condenado teria se juntado a um grupo de 10 bolsonaristas que fugiram para a Argentina, por meio da fronteira de Dionísio Cerqueira.
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Ativo no Twitter até a prisão, Angelo compartilhava fotos e vídeos incitando cassação de ministros do STF e pedindo intervenção militar. Aparece como autor do hino da cidade de Itapema no site da prefeitura local.
De acordo com a investigação, Ângelo também teria registrado fotos de sua participação nos atos de 8 de janeiro e vídeos em que dizia participar de um ato “importante”.
Em depoimento à Justiça antes da condenação, Ângelo disse ser casado e ter quatro filhos, com idades entre 21 e 36 anos. Afirmou que é formado em Administração e foi professor de inglês, mas atualmente atuava como cantor.
Ele alegou que teria ido a Brasília para conhecer a cidade e participar “de uma manifestação pacífica”. Disse que teria pago a passagem de ônibus e negou ter interesse de depor o governo, afirmando que apenas buscou abrigo no prédio por ter ficado com medo.
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Gilberto Ackermann, de Balneário Camboriú

Corretor de seguros, Gilberto tem 49 anos e informou ser morador de Balneário Camboriú. A advogada e cunhada de Gilberto teria confirmado ao portal UOL a fuga de Gilberto. Um documento também foi enviado pela 1ª Vara da Comarca de Balneário Camboriú ao STF informando a situação.
Segundo a investigação, Gilberto teria ido a Brasília para participar dos atos golpistas e tomado a frente das invasões. Ele também estaria preparado para minimizar efeitos do gás lacrimogêneo usado por policiais e equipes de segurança com o uso de óculos, o que segundo o STF indicaria predisposição para participação nos atos.
Em depoimento à Justiça, ele negou participação nos atos e disse que foi a Brasília por conta própria, ao saber que haveria uma manifestação. Fotos obtidas pela investigação mostram que ele estava nos prédios dos Três Poderes e exibiu uma carcaça de bomba de gás lacrimogêneo.
Raquel de Souza Lopes, de Joinville

A cozinheira Raquel de Souza Lopes tem 50 anos e é moradora de Joinville. O portal também incluiu a catarinense na lista dos 10 militantes bolsonaristas que fugiram do país, mas a defesa disse ao veículo desconhecer o paradeiro da mulher.
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Segundo a investigação, Raquel teria registrado no celular fotos e filmagens dentro do Palácio do Planalto, comemorando a entrada no prédio e, inclusive, no gabinete da Presidência da República. Conforme o STF, a catarinense teria filmado atos de depredação e comemorado o que achava ser uma chegada das Forças Armadas para efetuar o suposto golpe.
À Justiça, Raquel negou a prática de crimes e disse que foi a Brasília para aproveitar a viagem do ônibus e conhecer a capital federal e também “orar pelo presidente”. Ela estaria com uma irmã, mas teria se perdido dela durante visita à Praça dos Três Poderes, na tarde da invasão ao Congresso.
Contrapontos
O advogado Hemerson Barbosa da Costa, que representa Angelo Sotero de Lima, afirmou à reportagem não ter conhecimento sobre a eventual fuga do cliente. A advogada Shanisys Martins Butenes, que representa a defesa de Raquel de Souza Lopes, informou que o escritório não comenta casos ligados ao 8 de janeiro com veículos de imprensa. A reportagem tentou contato com os advogados de Gilberto Ackermann, mas não obteve retorno até a publicação.
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