Elas acordaram para o mercado automotivo e já ocupam cargos de vendedor, atendimento e pós-vendas nas concessionárias da Grande Florianópolis. Gerentes comerciais destes estabelecimentos confessam que a beleza é importante para vender um carro, mas que as mulheres se destacam em um ponto mais valorizado, principalmente no pós-vendas, quando grande parte dos atendimentos são relacionados a consertos: elas sabem como lidar com os clientes.

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Rodrigo Cabral, gerente de vendas da Globovel Coqueiros, em Florianópolis, afirma que oito dos 23 funcionários da concessionária são mulheres. Ele percebeu uma maior inserção feminina no mercado automotivo há quatro anos, quando as mulheres começaram a se imaginar no meio e comprovar que o trabalho em uma concessionária “é como colocar o homem em um salão de beleza”.

– Hoje, o mercado de automóveis é rentável, então isso atraiu o público feminino. Muitas mulheres que trabalhavam em shoppings centers conseguem ganhar o dobro aqui – afirma.

A atendente de pós-vendas da Globovel Coqueiros, Léa Fernanda Fernandes Burigo, tem 21 anos e trabalha há um ano no ramo automotivo. Há três meses na empresa atual, ela recepciona clientes que chegam ao estabelecimento para fazer a revisão ou consertar o carro.

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Antes de tudo, Léa é uma boa ouvinte: escuta as descrições de barulhos feitos pelo carro, os supostos problemas que os clientes identificam e converte tudo em linguagem técnica para o mecânico da concessionária verificar.

Marido trabalha no ramo e dá dicas

– Eu era atendente do estacionamento da concessionária. E o cliente, quando chega na oficina, geralmente está mais estressado, porque vem até aqui por algum problema no carro. Foi aí que o patrão viu que eu era mais dinâmica, que sabia conversar com eles, e passei a trabalhar no pós-vendas – explica.

Fora o conhecimento que Léa adquiriu no dia a dia da concessionária, após o trabalho ela recebe do marido dicas sobre peças e o funcionamento do veículo, uma vez que ele também trabalha com carros, só que na concorrência.

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Foi essa influência familiar que fez Vanessa Moisés, 24 anos, trabalhar como vendedora na concessionária Futura, na Capital. A família tem loja de carros usados e, aos 19 anos, Vanessa já participava de feirões do segmento como freelancer. Atualmente, a vendedora faz test-drive, demonstra o produto e calcula os custos para o cliente, além de avaliar o carro, o que inclui verificar motor e peças do automóvel.

-Se tiver de colocar a mão na massa, eu coloco – avisa.

Forma de tratar o consumidor é diferente

Rodrigo Cabral, gerente de vendas da Globovel Coqueiros, diz que, para ser contratada, a vendedora precisa ter conhecimento básico sobre os produtos que irá vender, assim como em qualquer outra loja do ramo varejista. Na avaliação do gerente, o diferencial das mulheres é que elas explicam melhor aos clientes os detalhes do veículo e fogem das características técnicas, o que torna a venda mais interessante.

– Prefiro uma vendedora que veio de um shopping, com bom convencimento e técnica, do que um vendedor que está há mais de 10 anos no mercado e tem vícios daquela rotina – afirma.

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Jorge Chidiac Neto, gerente comercial da Auto Capital, no Bairro Saco Grande, trabalha com duas vendedoras na concessionária e ambas estão em licença maternidade. A expectativa é que a contratação de mulheres dobre em breve. O motivo? Um deles é que a beleza das mulheres aquecem as vendas de carros, além do aumento do interesse por parte do público feminino no setor automotivo.

– Houve um aumento de mulheres que andam gostando de carro. O amor que os homens tinham pela máquina, agora as mulheres estão tendo também – diz.