O convite da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil foi recebido com certo receio por alguns. Para quem nunca dançou, as portas que se abrem em uma das laterais do Centreventos Cau Hansen escondiam um mistério. Este “oculto” foi desvendado nesta segunda-feira, quando a instituição mais uma vez recepcionou a comunidade para uma manhã e tarde atípica em homenagem ao Dia Mundial da Dança.

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O auditório aconchegante, as salas cheias de espelhos, barras e porta azul-céu, os corredores bem iluminados e o som de piano que se ouvia de longe faziam parte de um mundo desconhecido para Valquíria Fernandes, 68 anos. Morando a poucos metros da escola, ela nunca imaginou passar por aquelas paredes vizinhas. A dimensão do espaço era calculada a partir do que Valquíria conhecia do palco principal do Centreventos.

– Já imaginada que fosse grande – conta, olhando ao redor.

A aposentada que trocou São Paulo por Joinville há 20 anos sempre observava da janela de casa os alunos-bailarinos que passavam todos os dias alinhados e uniformizados. Quando recebeu a ligação na manhã de ontem, um aviso de um conhecido que ficou sabendo do convite da escola, não pensou duas vezes e embarcou com a amiga Ilca Schuh Neri, 66 anos, para matar sua curiosidade. E olha só: Valquíria dançou como nunca antes em todos os anos de vida.

As duas amigas fizeram parte de uma das turmas matutinas que passaram algumas horas tendo contato com a dança. Na sala comandada pelo professor de balé Maikon Golini, elas se destacavam pela maturidade. Maikon apresentou os passos básicos de clássico, mas antes disso, as convidadas foram recepcionados por quase 40 minutos de apresentações.

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– Quase pulei no palco quando a primeira coreografia começou – brinca, referindo-se à apresentação de danças populares. A plateia também conferiu mostra de balé e dança contemporânea.

Em uma das pontas da sala onde Maikon passava as coordenadas corporais, mãe e filha mostravam habilidade com os movimentos. Neuza Fernandes, 40 anos, falava orgulhosa que é mãe de bailarina. Ela foi acompanhada da herdeira mais nova, Yasmim, dez anos, que tentará neste ano uma vaga no Bolshoi, a exemplo da irmã de 15 anos, que foi selecionada no ano passado.

Além de vivenciar o momento ao lado das filhas, Neuza também viajou 20 anos no tempo, quando ela também frequentava aulas de balé.

– Algumas coisas não mudam na nossa postura. Também não perdi o amor pela dança – conta.

Este é o terceiro ano consecutivo em que a Escola do Bolshoi abre as portas no Dia Mundial da Dança. A data também foi marcada pela visita de bailarinas da escola no Hospital Infantil. Todos os participantes recebem certificados.

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